quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Bonina

                                



Dorzinha chata de ouvido que foi intensificada pelo alto volume do aparelho de ressonância magnética.
Usei os tais protetores auriculares, mas mesmo assim o barulho feito pela emissão dos raios era muito forte e alto.
Sempre tive/tenho essas dores chatas de ouvido até que, algumas vezes, elas evoluem para uma longa e dolorosa otite.
E está bem frio, o que piora um pouco.
Achava engraçado ver mamãe toda encolhida, puxando a blusa para cobrir as orelhas e reclamando: "Que frio do máduscachorro é esse?! Congela as zureia da gente!".
Eu lembro desses causos e histórias e dou risada sozinha. Foi e é o melhor jeito que encontrei para aliviar um pouco a melancolia, a solidão e outros sentimentos.
Mas eu falava sobre a ressonância magnética...
Já falei aqui sobre o curioso padrão sonar desse exame e em alguns momentos até parece essas músicas de balada. Varia de acordo com a frequência e dá para ouvir um "bang, bang, pow, pow, pow..."
Bom...
Esfriou ainda mais hoje e caiu uma chuva fina. Tirei o carro da garagem e fui dar uma volta meio sem destino. 
Marginal Tietê congestionada, céu cinza, muito frio, chuva fina e... flores.
Muitas flores e plantas bonitas e em oferta, pena que eu estava sem dinheiro.
Meu jardim está lindíssimo também e as chuvas trouxeram uma nova roupagem e um novo frescor para elas. Estão lindas.
Têm Marias-sem-vergonha, flor de maio e umas flores bonitas cujos nomes desconheço. Têm umas florzinhas em tom róseo e em outras variações de cor que mamãe chamava de "bonina"; muito bonitinhas.
Voltei para casa e ouço latidos; era a cachorrinha do vizinho que adora comer ração de gato. Dos meus gatos, diga-se de passagem.
Coloquei um quantia generosa e a simpática canina devorou tudinho em minutos.
Senti fome e saudades. Fome de comida e de atenção, aconchego, lundu, um colinho mesmo.
Preparei uma daquelas comidas que alimentam o corpo e a alma. Aquelas comidas que lembram infância, carinho e cuidados.
Eu faço isso. Gosto de fazer isso.
Trazem de volta momentos e lembranças boas, aliviam a saudade e me fazem bem.
Cozinhei arroz branco, dei folga ao arroz integral, fritei dois ovos e cobri tudo com farofa. 
Lembrei da salgada e deliciosa farofa de bisavó Gina e tia Nifa.
Depois quis algo doce e queria comer tomates com açúcar. Mamãe cortava os tomates em pedacinhos, tirava as sementes e os cobria com açúcar.
Mas estou sem tomates e o jeito foi comer umas bolachinhas de goma.
E assim foi o dia. Entre saudades, solidão, chuva, frio, comidinhas da infância e flores.
É isso.


                                        

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