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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

De volta para casa

                                     



Estou de volta pro meu aconchego...
Foram só alguns poucos dias, graças a Deus.
Voltei hoje e devo retornar segunda-feira próxima para consulta e para saber o resultado dos exames que fiz durante a internação.
Não havia necessidade de eu ficar internada por mais tempo e, além do mais, eu tiraria a vaga de quem precisaria mais do que eu.
Tudo pelo social.
Fiquei em um quarto com uma jovem senhora bastante simpática, apesar de seu gosto duvidoso por programas de TV.
Andei pelo corredor frio e sombrio, encontrei outros pacientes, vi suas famílias, ouvi suas histórias.
Estranhei um grande quarto com seis leitos e pensei comigo mesma: "Será que dá certo tanta gente junto? E na hora de assistir TV?"
Assistir TV é o grande problema quando se divide um mesmo quarto com outro paciente. Cada um tem seu próprio gosto e é aí que está o problema; ou não.
Bom...
Fiquei feliz em voltar para casa, para minhas coisas, meus gatos, meus amores.
Amanhã vou arrumar as coisas por aqui, cozinhar meu arroz e feijão e temperá-los bem. Comida sem sal, sem tempero, sem gosto; comida de hospital é de lascar. Até o pão é sem sal. Dá não.
Reclamamos do excesso de leite e a funcionária da cozinha veio virada no Jiraya. Temos o direito de não gostarmos de leite e perguntarmos se há outras opções.
Era leite com uma gota de café de manhã, leite à tarde, à noite... Tudo exageradamente doce.
Nem leite, nem doce demais, nem sal de menos.
Os problemas continuam e agora partiremos para novas soluções.
Espero que haja cura ou ao menos um bom tratamento para a Acromegalia e seus malefícios que invadem, se espalham e prejudicam meu corpinho acromegálico.
Mas eu vou ficar bem.
Tudo vai ficar bem.
É isso.
Boa noite a todos.



                                        

sábado, 3 de agosto de 2013

Gatão

                                   
Léo Caramelo. 


Ouço um miado e uma sombra por debaixo da porta da sala; pensei que fosse Cássio ou Morena Rosa, minha Rosinha.
Estranhei e pensei que talvez Rosinha quisesse entrar em casa e não conseguiu pular pela janela. Rosinha manca desde que chegou aqui e o osso do quadril já se consolidou e não há muito o que fazer. 
Uma sugestão veterinária foi a de quebrar o osso deformado e engessar para que um osso sadio crescesse. Não. Definitivamente não!
Não vou causar dor e sofrimento a um animal inocente e além do mais, Rosinha já se adaptou bem ao andar manco e é feliz, mimada, bem tratada, saudável e muito danadinha do jeito que é. E egoísta também. Explico.
Rosinha me chama para ir para a cama e lá chegando, se enfia debaixo dos cobertores e não quer que os outros gatos se aproximem dela, de mim e dos cobertores, principalmente.
Mas eu falava sobre o gatão.
É um gato mestiço, grande, bonito e simpático; cara de pau também. Tem um bigodão clássico que lembra os antigos barões do café.
Esse gatão começou a subir no telhado e a miar lá de cima, atraindo a atenção e a curiosidade de meus felinos.
Aos poucos foi ganhando coragem e se aproximando cada vez mais. Desceu até o muro e deixei comida e água para ele.
Acostumou à vida boa.
Hoje pela manhã ouço o miado e vejo a sombra por debaixo da porta; abro a janelinha e o vejo aguardando pacientemente. Deve estar com fome.
Coloquei comida e água, mas cometi um erro grave: coloquei comida para ele em um dos pratinhos de Léo Caramelo. Prestou não.
Léo ficou enciumado e foi pra cima do gatão. Consegui separar a briga e o cara de pau voltou para a casa dele.
Léo ficou chateado comigo e não quer muita conversa, embora eu já tenha me desculpado e o coberto de mimos, elogios e carinho.
A vizinhança coloca os gatos intrusos para correr, mas eu acho isso tão cruel e mesquinho. Sei lá.
Deixo sempre água e alimento na garagem para que os bichos de rua possam pular pela grade e se alimentar.
Cachorros não podem passar pela grade, então eu deixo os potes com água e comida do lado de fora e encostados na parede para que não atrapalhem a passagem de pedestres.
Mas os pedestres daqui andam na rua e deixam as calçadas.
Bom...
Já me criticaram por fazer isso, já me chamaram de louca. Pode ser.
Mas eu na minha loucura faço muito mais do que os normais.
E eu sei o que é fome.
É isso.



quarta-feira, 27 de junho de 2012

Carne moída com batata e arroz

                                                  




Mamãe sabia cozinhar como ninguém. Seus temperos eram divinos.
Ninguém sabia temperar uma carne como mamãe.
Adorava quando mamãe cozinhava pedaços grandes de carne e depois fritava ou assava, a carne ficava tão macia que desfiava.
Gostava também quando mamãe preparava carne moída com batata e arroz. Eu brincava dizendo que parecia comida de cachorro de rico.
Eu chegava do trabalho e mamãe dizia: "Filha, tem aquela carninha moída com batata e arroz que você gosta".
"A senhora fez comida de cachorro de rico, mãe?"
"Menina danada! Olha o respeito! Comida é sagrada e tem muita gente que não tem o que comer".
"Eu sei mãe, só estava provocando a senhora"
"Mas tu não jeito mesmo, né Rejane?"
E eu me deliciava comendo carne moída com batata e arroz preparados por mamãe.




                                          

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sustança

                                            


Estava com fome e evitei tomar café da tarde para não estragar minha janta.
Cozinhei feijão e temperei bem temperadinho, do jeito que mamãe gostava; fiz arroz e fritei linguiça fininha com ovos e cebola. 
Fiz meu prato e depois coloquei tudo na frigideira e misturei com farofa. Ficou uma gororoba deliciosa!
Adoro aquela "graxinha" que fica no fundo da frigideira.
Tudo acompanhado por suco natural de melancia; evito sucos em pó e os de caixa, são muito doces.
Enchi o buchinho com comida que dá sustança (substância). Faço isso uma ou duas vezes por semana e nos outros dias como arroz integral com legumes cozidos. Mas dá uma fominha depois!
Eu me comporto bem, procuro evitar abusos (só de vez em quando, ninguém é perfeito).
E assim vou levando: arroz integral, grãos, granola, soja e cereais alguns dias e comida com sustança em outros.


                                            


                                       

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sermões de papai. Mais "inguinórança"







Mais pérolas, ou melhor, mais "inguinóranças" de José Soares Neto, o Dedé; meu pai.
Papai levantava-se cedo todos os dias; mesmo nos fins de semana e feriados. É um hábito do nordestino levantar-se bem cedo.
Papai ia para a sala e ligava a TV para assistir a missa das seis horas da manhã! Nós pedíamos para mamãe pedir para ele abaixar o volume; estava muito alto e nós queríamos aproveitar mais umas horinhas de sono tranquilo antes de começar a sessão sermão. Infalível!
Pronto. Bastou mamãe fazer nosso pedido e papai iniciou o falatório. Jesus!
"...Que voceizi devia ir assistir uma missa". E o senhor vai? Perguntávamos nós cheios de coragem com o apoio de mamãe.
"...Voceizi não vão a igreja pra ver o padre". Ver o padre pra quê? E o senhor também não vai à igreja e quer que a gente vá?!!! Vixe! Papai ficou doido!
"Eu não careço de ir a igreja, eu não tenho pecado! Eu não tenho defeito". Claro, o senhor é o homem de Deus.
"Sou o homem de Deus sim! Meu único defeito é ser pobre. E é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que o rico entrar para o Reino do Céu".
Mas quem falou de rico e de camelo aqui?
"Voceizi são tudo inguinórante! Vão pra escola todo dia e não sabem de nada!"
Olhávamos para cima como que pedindo um milagre quase impossível: papai parar de falar.
Papai detestava quando fazíamos isso; dizia que ficava com o "má dos cachorro" quando a gente "revirava os zóio pra cima".
Dali a pouco ouvíamos alguém chamar do portão. Graças a Deus! Uma pausa no sermão.
Eram os amiguinhos de Fubá, meu irmão, que vieram chamá-lo para brincar na rua e aprontar muitas das suas artes.
Um tempo depois Fubá voltava da rua e acendia a luz da sala para mostrar um pipa que havia pego. Pra quê? Lá vinha sermão de novo.
"Pra quê essa luizi acesa meio dia em ponto!". Mas não é meio dia em ponto, são só 9 horas! Mais sermão.
Hora do almoço. Arroz, feijão, a sempre presente farinha de mandioca, salada de alface e tomate e de mistura ovo frito ou cozido.
Papai não gostava da mistura do dia. Dizia que nasceu comendo carne; que não era cavalo pra comer bredo (alface); que Deus disse que nem só de pão vive o homem, carece de comer uma carninha também. 
Mas pai, quer dizer que não é só de comida que vivemos; precisamos alimentar a alma também. E o senhor tomou leite da sua mãe quando nasceu. Ninguém come carne quando nasce. Oxe!
"Oxe menino! E derna de quando morto come? Deus disse que nem só de pão vive o homi é pruquê a gente tem que cumê carne também!".
Mamãe dizia que era o que tinha e que devíamos dar graças a Deus, pois tem muita gente passando fome pelo mundo.
Mas papai não aceitava: "Eu trabalho que nem um fio duma égua pra não ter um pedaço de carne pra cumê?! Deus disse que ...".
Tá bom pai, pelo amor de Deus! 
Mas o sermão continuava: sobre comida, carne, camelo, agulha, rico, bíblia, Deus, meio dia em ponto... e ia longe.