sábado, 3 de agosto de 2013

Gatão

                                   
Léo Caramelo. 


Ouço um miado e uma sombra por debaixo da porta da sala; pensei que fosse Cássio ou Morena Rosa, minha Rosinha.
Estranhei e pensei que talvez Rosinha quisesse entrar em casa e não conseguiu pular pela janela. Rosinha manca desde que chegou aqui e o osso do quadril já se consolidou e não há muito o que fazer. 
Uma sugestão veterinária foi a de quebrar o osso deformado e engessar para que um osso sadio crescesse. Não. Definitivamente não!
Não vou causar dor e sofrimento a um animal inocente e além do mais, Rosinha já se adaptou bem ao andar manco e é feliz, mimada, bem tratada, saudável e muito danadinha do jeito que é. E egoísta também. Explico.
Rosinha me chama para ir para a cama e lá chegando, se enfia debaixo dos cobertores e não quer que os outros gatos se aproximem dela, de mim e dos cobertores, principalmente.
Mas eu falava sobre o gatão.
É um gato mestiço, grande, bonito e simpático; cara de pau também. Tem um bigodão clássico que lembra os antigos barões do café.
Esse gatão começou a subir no telhado e a miar lá de cima, atraindo a atenção e a curiosidade de meus felinos.
Aos poucos foi ganhando coragem e se aproximando cada vez mais. Desceu até o muro e deixei comida e água para ele.
Acostumou à vida boa.
Hoje pela manhã ouço o miado e vejo a sombra por debaixo da porta; abro a janelinha e o vejo aguardando pacientemente. Deve estar com fome.
Coloquei comida e água, mas cometi um erro grave: coloquei comida para ele em um dos pratinhos de Léo Caramelo. Prestou não.
Léo ficou enciumado e foi pra cima do gatão. Consegui separar a briga e o cara de pau voltou para a casa dele.
Léo ficou chateado comigo e não quer muita conversa, embora eu já tenha me desculpado e o coberto de mimos, elogios e carinho.
A vizinhança coloca os gatos intrusos para correr, mas eu acho isso tão cruel e mesquinho. Sei lá.
Deixo sempre água e alimento na garagem para que os bichos de rua possam pular pela grade e se alimentar.
Cachorros não podem passar pela grade, então eu deixo os potes com água e comida do lado de fora e encostados na parede para que não atrapalhem a passagem de pedestres.
Mas os pedestres daqui andam na rua e deixam as calçadas.
Bom...
Já me criticaram por fazer isso, já me chamaram de louca. Pode ser.
Mas eu na minha loucura faço muito mais do que os normais.
E eu sei o que é fome.
É isso.



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