sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Helicópteros

                              


Adormeci pela manhã e tive um sonho que me deixou meio triste.
Estava em um hospital moderno que tratava de pacientes com câncer; helicópteros particulares e da polícia sobrevoavam o local.
Vejo dois bebês em um dos helicópteros e eles vão ao hospital para serem tratados. Tadinhos.
São bebês de menos de um ano e são tão bonitinhos.
Vejo uma moça com um tumor enorme e que ela tenta esconder sob a blusa; ela me olha com olhos tão tristes.
O hospital está lotado e muita gente a andar para todos os lados. Vejo papai deitado em uma cama e dou-lhe uma bronca. Digo que ele não tem câncer e que está tomando o lugar que poderia ser de alguém que realmente precisa.
Mas papai estava interessado em uma enfermeira ou paciente bonitona.
Olho para aquelas pessoas deitadas ou sentadas em suas camas, a tomarem remédios, a serem cuidadas. Vejo suas cabeças carecas, seus olhares tristes, suas dúvidas e esperanças. Meu Deus.
Acordei muito triste e pedi a Deus e ao Povo lá de Cima que cuidem dessas pessoas, sejam elas desse lado da vida ou de qualquer outro lugar, mas que as amparem, as acalentem, as façam sorrir.
Voltei a dormir e me vi tentando amarrar um enorme lenço branco de seda em minha cabeça. Eu ficava tão bonita. Mas isso só no sonho mesmo.
Subo as escadas de uma casa e lá há uma festa. Alguém sorri carinhosamente para mim e me da doces, balas e jujubas coloridas.
Vejo três moças loiras e bonitas e elas falam comigo e me dão conselhos. Vejo que elas têm pés grandes como os meus e experimento o sapato delas. Fiquei feliz por encontrar pessoas como eu e isso me fez sentir menos só.
Acordei mais aliviada.
Antes de fazer a primeira cirurgia sonhei com pessoas deformadas, doentes tanto física quanto emocionalmente, abandonadas pela família, tristes, solitárias e largadas em uma ala de um hospital.
Acordei tão triste e pedi por essas pessoas.
Desde que o mundo é mundo sabemos que o que se leva dessa vida é a vida que se leva. Não levaremos riqueza, posses, poderes, nada disso e mesmo assim as pessoas são perversas, cruéis, cínicas, hipócritas...
Conheci mais uma paciente acromegálica que foi deixada pelo marido assim que ele soube sobre a doença dela.
Ninguém quer cuidar de alguém doente, todos querem que todos os outros sejam saudáveis, bonitos, perfeitos, mas se esquecem que as doenças não escolhem, elas apenas acontecem.
E acontecem para ricos, pobres, feios, bonitos... Todos somos suscetíveis, ninguém é inatingível, mas muitos pensam e agem assim.
Eu vou ficar bem.
Tenho fé.
É isso.



                                       

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