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segunda-feira, 3 de março de 2014

Calendário

                                 




Comprei dos calendários do Ampara Animal, uma fundação sem fins lucrativos fundada por um grupo de mulheres cujo objetivo é proteger cães e gatos abandonados. 
Dei um calendário para minha irmã Rosi, que tem duas gatinhas: a meiga, preguiçosa, tranquila e fofíssima Magali e a temperamental e ciumenta Alice.
Beatriz, minha sobrinha, também quer um cachorrinho, após se encantar com Políbio, Pit Bull do meu irmão.
Fico feliz quando vejo pessoas amando e protegendo os animais e principalmente quando ensinam aos seus filhos esse amor e proteção.
É isso.


Rafaela e Políbio

Rafaela e Beatriz


                                  

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Retrato

                              

Adoro fotografar, mas nunca gostei de ser fotografada. Hoje muito menos ainda; culpa da Acromegalia.
Antigamente, tirar fotos não era tão fácil, acessível e barato e só em ocasiões especiais chamava-se o fotógrafo.
Lembro que muitos deles passavam de porta em porta oferecendo seus serviços e eram comum trazerem consigo um carneiro ou burrinho pintado com cores berrantes. Eu não gostava daquilo de jeito nenhum, ficava preocupada com o bem estar do pobre animal. Será que aquela tinta era atóxica?
Detestava quando ia à feira com mamãe e via pintinhos coloridos sendo vendidos, queria pegar todos para mim, mas não podia.
Bom...
As fotografias de papel eram mais raras, para nós, pelo menos. Era muito comum o uso de monóculos, tínhamos que aproximar bem o olho da lente e ver ao foto ao fundo. Era legal.
Aliás, lá no meu Pernambuco, dizíamos retrato e não usávamos os termos foto ou fotografia. 
Lembro de uma tarde em que vi minhas primas Vera e Lúcia vestidas em novos e lindos vestidos, calçadas com meias brancas e sapatos de verniz pretos e cabelos arrumados e enfeitados com laço de fita; iam tirar um retrato.
Eu queria também.
Corri para casa e chamei mamãe e pedi para também tirar um retrato, mas mamãe disse que não podia, não tinha como pagar o retratista. 
Fiquei tão triste.
Eu já tinha um retrato que havia tirado ao lado de uma prima e isso bastava. Eu tinha três anos e estava vestida com as roupas e meias brancas feitas por mamãe e os cabelos cacheados presos em laços de fita feitos por minha prima, que gostava muito de mim.
Dois ou três anos depois estamos em São Paulo e sou fotografada com minha irmã Rosi no colo, eu tinha sete anos. Foram feitas piadinhas sobre minha aparência e meu volumoso cabelo cacheado. Não quis mais ser fotografada.
Anos depois venci, razoavelmente, a aversão à fotografias, mas eis que surge a Acromegalia e traz tudo de volta.
Olhava fotografias minhas tiradas na praia, sempre perto do meu amado mar oceano; eu não era bonita, mas eu era "normal".
Olhava fotografias minhas tiradas durante a festa de aniversário de minha sobrinha; eu não era bonita nem "normal", eu sou acromegálica e isso não é nada bonito.
Isso machuca, deforma, destrói, dilacera o corpo e a alma.
Não vejo a "cara de homem" que as pessoas tanto gostam e insistem em dizer, vi apenas um "carão" branco, feio, estranho, melancólico e acromegálico.
Sei lá...
Perdoa-me Deus em minha insensatez, mas... Talvez não teria sido melhor se eu tivesse partido durante a cirurgia que quase me matou? O coma e a Morte me rondando e que por três vezes quase me levou...
Não, não seria justo. Tanta gente boa pedindo por mim e eu tenho mais é que agradecer. Não seria justo desperdiçar e desmerecer tanta bondade, tanta fé, tantas orações, tanto trabalho.
Meus dias não têm sido nada bons, ultimamente. Será que dias melhores virão? 
Tomara, meu Deus, tomara.
Amém.

                                 

                                

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Homem do Casulo Branco

                                          


Eu era pequena e dormia no quarto com minhas primas Sônia e Conceição, que já eram adultas.
Nos outros quartos dormiam Mãevelha e Paipreto, mamãe grávida de Naldão e com Rogério bebê (como mamãe mesma dizia: "Era igual a São Bento, um fora e outro dentro"), e outros parentes.
Era uma casa grande de calçada alta, portas e janelas amplas e pintadas de azul céu.
Havia uma bodega (bar/boteco) bem ao lado da casa e havia chovido muito durante a noite.
Houve uma briga de bêbados e na manhã seguinte acordamos com os gritos de pessoas que passavam por ali; o corpo de um homem virado de bruços e o sangue a colorir a água da poça formada pela chuva da noite anterior.
Paipreto não deixa que eu saia à calçada da casa, não quer que eu veja aquela imagem.
Anoitece e é chegada a hora de irmos para a cama; deito-me na grande cama de casal com minhas primas Sônia e Conceição, eu fico no meio e elas servem de proteção para eu não cair.
Mãevelha deixava um cadeeiro ou um lampião de gás sempre aceso durante a noite; aprendemos que não é bom deixar tudo escuro, pois os anjos são guiados pela luz até nossas casas.
Adormecemos.
Sou acordada por um clarão azulado e o vai e vem de um homem baixo e moreno que entra e sai rapidamente do quarto. 
Cubro a cabeça e olho por uma brecha no lençol e vejo o homem sair dos cômodos da casa carregando enormes casulos brancos nas costas e os encostando na parede do corredor. O que será que esse homem está fazendo? O que são essas coisas grandes e brancas que ele carrega nas costas? Por que ele faz isso? Por que está aqui? Quem é esse homem?
Fazia essas perguntas mentalmente enquanto observava o homem apressado em sua tarefa.
O homem encosta vários casulos brancos grandes na parede e vem em direção ao quarto em que estou com minhas primas! Ele enrola e leva minha prima Sônia e depois volta para buscar minha prima Conceição. Entro em pânico; não tenho forças para gritar e chamar mamãe, Paipreto, Mãevelha e acordar a casa toda. 
Tento acordar minha prima Conceição quando o homem leva a prima Sônia, mas ela está imóvel. Me enrolo ainda mais no lençol e me encolho, numa tentativa de não ser vista pelo homem do casulo branco.
Pronto. O homem já tem todos os casulos de que precisava, estão todos encostados na parede e agora se prepara para levá-los embora. Meu Deus!
E me vi sozinha no quarto e na casa e estava com muito medo; o homem confere os casulos e volta ao quarto: "Meu Deus, ele vai me pegar agora!", mas o homem se aproxima da cama, me olha, sorri e vai em direção ao corredor; a luz azulada parece segui-lo.
Acordo chorando, nervosa e minhas primas perguntam o que foi. Contei o que vi e minha prima Sônia diz para eu rezar para Nossa Senhora do Desterro e pedir a ela para me proteger, e à minha família também. 
Sempre. 
Amém.
O homem do casulo branco não me parecia mau, me parecia com muita pressa em concluir seu trabalho, conferir tudo direitinho e ir embora.
Mas quem era esse homem? O que eram aqueles casulos? Por que e pra que ele queria aquelas pessoas enroladas em forma de casulo naqueles lençóis brancos? Por que ele não me pegou? Por que ele sorriu para mim?
Tempos depois nos mudamos para uma casa perto da pista, em Gravatá.
Tempos depois meu Paipreto vai para o céu.
Tempos depois Mãevelha, minha prima Sônia, papai e mamãe também vão para o céu.
Ficamos nós, as crianças da época. Somos adultos hoje.
Nossa Senhora do Desterro, proteja a mim e a minha família. Proteja a todos nós.
Amém.


casulos
           



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Criatura de Jesus

                                           


Como já foi dito, o drama e o exagero fazem parte de nossa família.
Morávamos em uma casa grande e na parte de cima do quintal dos fundos foi construído um pequeno cafofo para abrigar um irmão de mamãe que não tinha condições de pagar aluguel.
A gente só sifu (acredito ser desnecessária qualquer explicação ou tradução).
Bom...
Tio Nelson, o irmão de mamãe, trouxe consigo a esposa, filhos, genro e netas. E esse povo todinho foi enfiado naquele cafofo!
Valéria, a filha caçula do tio, cuidava das sobrinhas, filhas de sua irmã Cida.
Uma das meninas começa a dar os primeiros passos e tenta descer as escadas. Valéria estava em nossa casa assistindo TV e segura de que a sobrinha estava dormindo. Mas não estava.
Ouvimos um grito e depois um choro e corremos para ver o que era. Encontramos Chiquinho, outro sobrinho de Valéria, com a menina nos braços a chorar e um fio de sangue a correr na testa.
Não sabíamos quem estava mais assustado; Chiquinho, a menina ou Valéria, que entrou em pânico ao ver a sobrinha chorando e com o corte sangrando.
Chiquinho estava assustado e preocupado, pois tinha medo que o acusassem pelo incidente.
Valéria ao ver os sobrinhos naquela situação desesperadora leva as mãos à cabeça e num ato exageradamente dramático, típico da família, exclama: "Pelo amor de Cristo, Chiquinho! O que foi que tu fizesse com essa criatura de Jésuis?!"
Chiquinho quis explicar e provar sua inocência; ele apenas socorreu a pequena que havia descido sozinha as escadas. Ele não fizera nada de errado.
Nós pegamos a menina, limpamos o corte e fizemos um curativo. Não foi nada demais.
Mas não para Valéria que continuava a atuar em seu dramalhão exagerado.
Pixilinha, um amigo nosso de infância, achava tudo muito engraçado e começa a imitar Valéria usando o carregado sotaque de nossa dramática prima: "Mas Chiquinho, por que tu fosse bulir com essa criatura de Jésuis?".
A menia ficou bem, mas Valéria nem tanto.


                                             

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Redução

                                               


Maria Julia estava doida para ir à casa de minha irmã Rosi, mãe de Beatriz.
Maria Julia e Beatriz vivem se estranhando, mas segundo a primeira, esse ano ainda não brigaram.
Maria Julia quis ficar na casa de Rosi para poder brincar com a prima Beatriz e o irmão Vinicius que está lá desde o início das férias.
Eu aconselhei e pedi que evitasse brigar com Beatriz; são primas e devem ser amigas.
Maria Julia disse: "Pode deixar, tia Rejane; eu vou reduzir as brigas com Beatriz".
Ainda bem!


Beatriz e Maria Julia