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domingo, 25 de agosto de 2013

Maxixe e Água de Chocalho

Maxixe
                                
Maxixe é uma hortaliça muito consumida no Nordeste.
É um fruto ovalado, verde e coberto por espinhos que não picam.
Nossas hortas simples eram cheias de maxixe, cebolinha verde, coentro e outros legumes, verduras e temperos.
Meu avô Paipreto ajudava mamãe e Mãevelha a cercar nossa pequena horta para evitar que as galinhas, cabras e outros animais a destruíssem.
Era encantador caminhar pelos caminhos entre as plantas e colher folhas verdes que iriam temperar carnes, ser consumidos em saldas, caldos etc...
O Maxixe também tinha outra função além da de nos alimentar, explico.
Servia para calar a boca de crianças que falavam muito.
Os adultos reclamavam da tagarelice da meninada e diziam assim: "Mas esse menino fala demais, deram água de chocalho pra ele, foi?"
Segundo a tradição, dava-se água em um chocalho para a criança beber e logo ela desembestaria a falar pelos cotovelos.
O chocalho era feito com a cabaça e servia como cuia para beber água ou consumir alimentos.
E quando nós ou alguém falávamos demais, mamãe dizia: "Ah um maxixe quente na boca desse menino!"
Lembrei disso agora a pouco, após a tagarelice em altíssimo volume dos vizinhos.
Oh povo pra falar alto!
Esses sim mereciam um maxixe bem quente na boca!
É isso.





                                       

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Para Sempre

                              

Eu era criança e achava que tudo era para sempre.
Achava que mesmo envelhecendo, as pessoas seriam para sempre.
Temos tanta certeza disso que um dia quando alguém se vai repentinamente, tomamos um choque de realidade e ficamos pasmos. Nos perguntamos: "Como?! Por quê?!".
Eu era criança e achava que meu avô Paipreto, minha avó Mãevelha, papai e mamãe seriam para sempre. 
Meu Paipreto partiu quando eu tinha de cinco para seis anos; Mãevelha partiu aos oitenta e quatro anos, mamãe partiu brutalmente cedo, aos cinquenta e cinco anos e papai aos sessenta e nove anos.
Vejo parentes meus envelhecendo e ficando doentes. Pessoas que um dia foram tão fortes, batalhadoras, trabalhadoras.
Uma coisa que me irrita e já falei sobre é o fato de avós cuidarem de seus netos. Explico.
Esses parentes e parentas que trabalharam a vida toda e que hoje deveriam descansar, seria o certo, não descansam porque têm que cuidar de neto. Como dizia papai: "Me pópi!".
Cuidar de criança dá muito trabalho, exige energia e saúde e é óbvio que os mais velhos não dispõem de tudo isso. 
"Mateo que o pariu, Mateo que o balance", dizia mamãe.
Acho uma baita injustiça roubar a liberdade e o merecido descanso de quem trabalhou tanto a vida toda para encher-lhes a casa com netos.
Sou meio radical, "inguinórante" e implicante, mas têm coisas com as quais eu implico mesmo e acho que estou com a razão.
Sei lá, acho injusto abusar dos mais velhos e além do mais, eles não são para sempre.
É isso.

                                 

sábado, 27 de outubro de 2012

Balas, doces e salgadinhos

                                 

Vou à lojinha do meu irmão Fubá e observo a molecada chegar com moedinhas de cinco centavos nas mãos e perguntar quantas balas dá para comprar com aquele dinheiro. Acho gracioso.
Tenho bom coração e não desejo mal a quase ninguém, o que tem de bom e belo em mim é extremamente oposto à minha carona acromegálica. Mas quem se importa com isso se vivemos em um mundo e uma sociedade onde o que vale é o externo?
Paciência.
As balas são compradas e a molecada sai feliz.
Lembrei de quando era criança e catávamos as moedinhas para comprarmos  balas e um determinado dia oferecemos balas à vizinha, mas ela recusou. Disse que não gostava de balas e doces porque grudavam nos dentes; e eu disse para a menina judia: "Adulto é muito estranho, né? Adulto não gosta de bala, de doce, sorvete... Quando eu ficar adulta, não vou ser chata assim não; vou gostar de bala pra sempre!"
Disse isso do alto dos meus sete ou oito anos.
Fiquei adulta, gosto de doces mas das balas nem tanto. Não se fazem mais balas e doces como antigamente. Lembro de um doce de banana açucarado em forma de pinheiro, lambia todo o açúcar até ficar uma coisa marrom, úmida e disforme. Eca! Mas era delicioso.
Lembro do doce "Banda" que vinha embrulhado individualmente e era meio carinho para nossos padrões financeiros. 
Gostava de um doce que vinha em um potinho de casquinha, comíamos o doce e depois a casca, era tão bom!
Tinha amendoim japonês, bem salgadinho, e o amendoim doce que vinha com uma camada rosa de açúcar. 
Os gelinhos eram outra delícia à parte, adorava os exóticos gelinho de guaraná e chocolate e tinha curiosidade em provar o gelinho azul. Do que era feito aquilo? Era mais caro que os gelinhos comuns.
E tinha suspiros coloridos, maria moles branquinhas como coco e marronzinhas com coco queimado, balas, drops, salgadinhos...
Lembro que uma vez comprei alguns canudinhos de doce de abóbora com coco e os escondi até a hora que as visitas foram embora; finalmente. Mamãe percebeu e me deu uma bronca e eu disse que se fosse dividir meus canudinhos com aquele monte de gente, não daria para todos. 
Sou boa pessoa, mas no quesito dividir doces e guloseimas... Dá não. Desculpa aí.
Mãevelha também adorava doces. Acho que é mal de família, está no DNA.
Tempos doces aqueles.
É isso.

                                 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Esmalte

Esmaltes Avon, os preferidos de Beatriz
                                             
Fui à casa da minha irmã Rosi e lá chegando encontro Beatriz que não fora à escola.
Perguntei porque ela faltara e ela disse que não estava se sentindo bem e que fica muito cansada quando tem aula de balé. 
Beatriz brincava com sua boneca Xuxa, que mais parece a atriz americana Glenn Close, e a vestia com roupas e sapatos que usou quando era pequena. Eu provoco: "Esse vestido era seu, Bibi?"
"Era sim"
"Você usou quando era criança?"
"Mas eu sou criança!"
Vejo uma caixa de bombons em cima de mesa e peço um e a resposta é: "Acabou tudo, tia Rejane"
"Não tem nenhunzinho, Bibi?"
"Não. Eu vou colocar a caixa no lixo reciclável".
Rosi separa o lixo reciclável e o lixo orgânico para a coleta.
Beatriz me pergunta se eu quero pintar as unhas e eu digo que sim; ela vai ao seu quarto buscar seus esmaltes e pergunta que cor eu quero: roxo.
Eu pergunto se todos aqueles esmaltes são dela e ela diz: "São sim, comprei da Avon".
Rosi sobe para nos ver e pergunta a Beatriz: "O que essa caixa de bombom está fazendo aqui no lixo reciclável?"
Beatriz dá um sorriso sacaninha e Rosi percebe porque ela colocou a caixa lá.
Terminada a pintura das unhas, Beatriz passa um esmalte secante, que para secar mais rápido e depois pinta cada unha com uma cor diferente. Está na moda.
Ah bom.
Pergunto se posso beijar-lhe os cabelos galegos avermelhados e ela faz charme e diz que não e que vai me ofender: "Sua palmeirense!"
"Isso é uma ofensa grave, Beatriz! Vou falar pra sua mãe!"
Beatriz ri gostosamente e volto para casa com as unhas coloridas.


                                     

domingo, 25 de março de 2012

Abraço de Mamãe, Fazenda e Família

                                                                          


Choveu muito ontem à noite e demorei a dormir; aproveitei para ler mais um pouco.
Lá pela uma hora da manhã eu adormeço, mas exatamente à uma e meia sou acordada por um grito. Era a vizinha descompensada, neurótica, sem educação, sem "semancol" e que não respeita a hora do sono dos outros.
A família dessa vizinha tem hábitos estranhos: vão dormir às duas ou três da manhã e acordam lá pela uma hora da tarde.
Bom, acordei assustada com o grito e as vozes que discutiam, brigavam e falavam palavrões em plena madrugada.
Essas pessoas não sabem resolver os problemas de casa de uma maneira mais civilizada? Tanta gritaria e baixaria! Nossa!
Levantei, andei pela casa, conversei com meus gatos que também tiveram seu soninho interrompido e voltei para a cama. 
Por volta das três da manhã as vozes calaram e eu pude voltar a dormir. 
Sonhei com mamãe, entre muitas outras coisas e pessoas.
Caminhava com mamãe e chegamos a um determinado local onde deveríamos nos despedir e nos separar. Mamãe precisava voltar e eu não poderia ir com ela.
Mamãe me abraça demoradamente, com força, com muito carinho e com muito amor.
Sinto os braços de mamãe a envolver-me, descanso minha cabeça no peito de mamãe.
É tão bom, meu Deus.
Quero ficar abraçada a mamãe, não quero que ela vá embora. Quero aquele aconchego, aquela proteção, aquele amor...
Mas mamãe precisa ir. Mamãe se afasta lentamente de mim e eu, criança de novo, estico meus braços para alcançar mamãe, choro, grito, chamo por mamãe: "Mãe! Mãe!".
Acordo chorando e gritando por mamãe.
Como dizia meu Paipreto: "Não cai uma folha de mato sem que Deus não queira". Para tudo tem um motivo, uma razão de ser. Nada é à toa.
Esse abraço de mamãe...
E é sempre assim e eu deveria saber e nunca me esquecer que é sempre assim: Caminho de mãos dadas com mamãe, com meu Paipreto...Sou criança de novo e na hora de nos despedir, choro igual a criança. Acordo chorando igual a criança e chamando por mamãe e por meu Paipreto.
Sou criança de novo  quando "visito" a antiga fazenda de chão batido e fogão à lenha.
Sou criança de novo a observar os homens e as mulheres trabalhadores de minha família. As mulheres trabalham na cozinha a preparar os alimentos típicos de nosso sertão pernambucano. 
Mãevelha, tia Anália, Madrinha Quixaba, Tia Nifa e muitas outras mulheres de meu povo antigo a manter o fogo vivo, a descascar o milho, a mandioca, a debulhar o feijão...
Meu avô José com seus belos e tristes olhos verdes, sempre a observar tudo, sem dizer palavra, sempre montado em seu inseparável cavalo. Meu avô José fala com seus olhos.
Bisavô Francisco e bisavó Gina sempre juntos; ele calmo e tranquilo e ela sempre agitada, pra lá e pra cá. Bisavó tem sempre um galhinho de alguma erva em suas mãos: manjericão, alecrim, capim santo, hortelã...
É muita gente a trabalhar; são os mais velhos, os mais jovens, as crianças...
Nessa fazenda não tem descanso, todos trabalham por alguma causa, algum motivo e é sempre em prol de algum de nós daqui desse lado da vida.
Na casa verde azulada onde estão Paipreto, Mãevelha e mamãe há descanso e o trabalho é apenas o de rotina de uma casa comum. Paipreto trabalha com suas ferramentas em uma casinha no quintal dos fundos e mamãe e Mãevelha cuidam da horta com pés de couve e cebolinha sempre verdes, fresquinhos e bonitos.
É hora de voltar de minhas visitas.
É hora de acordar adulta e chorando como se fosse criança. 
Algumas vezes sou visitada por eles, mas é uma visita rápida. Acho que é para evitar a choradeira.
Sou sempre criança porque foi durante minha curtíssima infância que meus pilares de sustentação foram erguidos. Fortes, firmes, resistentes. Às vezes balançam, atingidos pela força dos ventos e da fúria das águas do mar revoltoso: lágrimas...
Mas não se dobram e não caem. São fortes.
Quando deixamos essa vida somos apenas o que de fato somos: uma vida que nasceu, cresceu, cumpriu seu ciclo e é hora de ir. 
Não importam e não valem de nada toda a riqueza, toda a pompa e circunstância.
Fica tudo por aqui.
                                               





segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Nomes

                                     


Recebi um e-mail falando sobre um casal que se conhecera por meio de rede social.
Li a mesma matéria no jornal Estadão ( O Estado de São Paulo) e fiquei indignada com o nome que esse casal escolheu para o filho recém nascido. 
A princípio, duvidei do e-mail, mesmo tendo sido enviado por uma pessoa séria, mas depois de ler a matéria no Estadão, não tive mais dúvidas. 
Estadão é um excelente jornal, assim como a Folha de São Paulo. Gosto de ambos.
A história é a seguinte: Casal se conhece por meio de uma rede social, o Facebook, e se casa. A moça espera o primeiro filho, que é menino, e aí é que vem a pérola: o nome da pobre criança. 
O pai se chama Anderson e faz uma combinação de seu nome com o da rede social para dar ao filho. Ele disse que queria homenagear o Facebook.
O nome da criança? Facebookson.
Ainda bem que essa criança nasceu menino, já pensou se fosse menina!
A mãe se chama Janete.
Então a pobre criança se chamaria Facebockete?!


                                            

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Blog da Criança: Trabalho Infantil

                                     


Trabalho é coisa de adulto e se é coisa de adulto é coisa para adulto!
O trabalho que a criança deve ter é o trabalho de descobrir o mundo e se encantar com suas descobertas. 
Educação, Saúde, Moradia, Lazer, Respeito, Amor, Carinho são trabalhos obrigatórios dos adultos para com as crianças. Se a criança tiver tudo isso ela certamente será um adulto que saberá respeitar as crianças e o seu direito de ser criança.
Está tudo muito repetitivo? Pois é. É necessário repetir muitas vezes para que as coisas possam entrar na cabeça dura e muitas vezes infantil dos adultos.
Criança não tem que subir em tamborete (banquinho de madeira) para alcançar o fogão  para preparar o mingau do irmãozinho bebê.
Criança não tem que subir em tamborete para alcançar o tanque de lavar roupas e machucar os bracinhos ao torcer a roupa e ralar as mãos e dos dedinhos ao esfregar as roupas no tanque áspero de cimento.
Criança não tem que ir à Reunião de Pais e Mestres. Criança não é pai, nem mãe e nem mestre.
Criança não tem que levar irmão pequeno ao médico e ter que saber explicar porque o irmãozinho está doente.
Criança não tem que levar recados de adultos que têm vergonha de encarar suas burradas.
Criança não tem que ser perfeita e imune a erros. O erro principal e maior vem do adulto que esquece que criança é apenas criança.
Criança não pode e não dever criticada, julgada e culpada por não ser do jeito que os adultos acham que ela deveria ser. Como se a criança tivesse culpa por ser como ela é, como se tivesse poderes mágicos para mudar o que é só para agradar a adultos ignorantes e insensíveis.
A vida seria tão mais fácil se os adultos não a complicassem tanto!


                                                 


                                 



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Blog da Criança: A menina que não sabia sorrir

                                                   
Sei de uma menina que não sabe sorrir.
Talvez ela saiba, mas não descobriu ainda como.
A ela não são dados motivos para sorrir.
A ela são dadas críticas, cobranças e culpa. 
Ela é criticada, cobrada e culpada por ser menina, por ter cabelos cacheados e por não ter nascido menino.
Como se dependesse dela ou de nós escolhermos como gostaríamos de ter nascido. Tenho certeza que a grande maioria das pessoas escolheria ter nascido com pele e olhos claros e cabelos lisos.
Muitas culturas culpam a mãe pelo nascimento de meninas, mas se esquecem que quem determina o sexo da criança é o pai. Explico: Mulheres têm cromossomo XX e homens têm cromossomo XY. Então, se for XX é menina e se for XY é menino.
Mas a arrogância, o machismo, a tacanheza de caráter e a falta de hombridade não dão espaço para esse pensamento lógico.
É lógico que não temos culpa de termos nascido de um determinado jeito, com uma determinada cor de pele, de olhos, de cabelo. 
Os adultos também se esquecem que as pessoas se misturam e dessa mistura surgem pessoas novas, diferentes e interessantes. Já pensou que chato se todo mundo fosse igual? Credo!
Crianças são seres puros, inocentes, não sabem o que é bonito ou feio. Isso é coisa de adulto. Já falei que aprendemos vendo, observando e repetindo o que os adultos fazem, dizem. Não nos culpem por suas frustrações, seus erros, suas falhas. Não queiram que sejamos e façamos aquilo que vocês não conseguiram. Não temos culpa de seu fracasso, de sua incompetência. 
Problema seu se você não conseguiu ser jogador de futebol, bailarina, artista ou seja lá o que for. Não é nossa obrigação ser aquilo que você não foi. 
Somo pessoas, não somos factótuns.
Se fomos trazidos ao mundo foi porque vocês fizeram com que viéssemos para cá; então a obrigação de vocês, meus caros adultos, é nos alimentar, cuidar, e educar. 
Nós decidiremos o que queremos ser quando crescermos.
Gente grande é tudo complicada. Então, não complique nossa vida.
Nos permita ser o que somos: crianças.
Nos poupe de seus comentários cruéis. Não falem mal de nossos cabelos, da cor da nossa pele, do tamanho dos nossos pés, mão, narizes e seja lá o que for que nos faz fisicamente humanos.
Nos deixe ser. Apenas nos deixe ser crianças.
Nosso tempo é para crescer, explorar o mundo e brincar. Não é justo termos que interromper nossa infância para nos culpar e nos preocupar em sermos como vocês adultos querem que sejamos.
Apenas nos deixe ser do jeito que somos: brancos, negros, loiros, morenos, cabelos lisos, crespos, olhos azuis, verdes, castanhos...
Queremos sorrir. 
Não queremos ser como a menina que não sabia sorrir.
Queremos ser o que temos direito de ser: Crianças.


                                              

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Blog da Criança: Pais & Filhos

Nota: Postagem escrita ontem, mas decidi não publicá-la. Hoje, após ouvir mais choros e gritos, resolvi publicar.
A agonia desse menino está causando agonia em mim.
Às vezes penso e me pergunto: "Meu Deus, será que era para esse menino vim a esse mundo? Será que não forçaram demais a vinda dessa criança a esse mundo? Não seria melhor que ele ficasse no lugar que estava? Será que traz consigo dívidas de erros passados e tem que pagá-las vivendo na pele de uma criança que não vive uma vida de criança? 
Deus...






Sempre converso com minha irmã, a bela mãe da minha belíssima sobrinha Beatriz, sobre um menininho de três anos e seus pais.
Tenho muito dó dessa pobre criança. (sim, "dó" é substantivo masculino. estranho, né?).
Os pais não se suportam e aturam um ao outro por mera conveniência, comodismo, covardia, medo e outros motivos e sentimentos que não são saudáveis numa relação entre pais e filhos.
O menino é muito carente e sua forma de comunicar isso, ou pelo menos tentar comunicar seus medos, sentimentos e desejos a um pai e a uma mãe "cegos" é por meio da agressividade.
Os pais não conversam com o filho, apenas gritam.
Os pais não dão carinho ao filho, apenas gritam.
Os pais não brincam com o filho, apenas gritam.
O menino segue uma rotina de adulto; dorme pouco, fica longas horas acordado, não tem amigos e é exposto a ambiente de gente grande: bar, fumaça de cigarro, música alta.
Chegam em casa por volta da meia noite, comem algo (escuto o som o microondas), assistem TV até umas duas horas da manhã e depois de muito berreiro, finalmente dormem.
Algumas horas depois, o menino acorda com tosse ou com dor de ouvido e o pai reclama e ameaça bater no menino se ele não parar com aquilo. Parar com aquilo?! Uma criança! Eu que sou adulta sofro com minhas dores e não tenho o poder de fazê-las parar, imagine uma criança de apenas três anos!
Muitas vezes me pergunto porque Deus permite isso: gente incompetente e incapaz de cuidar de si mesma tem filhos como coelhos e tem tanta gente educada, de bom caráter e formação que tenta por anos e gasta fortunas para conseguir ter um filho e não consegue. Por que esse disparate?
A mãe tentou engravidar várias vezes; fez tratamento médico até conseguir e foi uma gravidez de alto risco. O menino nasce com sérios problemas de saúde e passa os primeiros meses da vida numa U.T.I. infantil.
Isso deveria servir de aviso e de exemplo. Mas não... Se fosse assim esses pais insensíveis tratariam melhor esse filho que pede carinho e atenção e só recebe gritos e ameças de surras. 
A rotina nada saudável também não é boa para essa criança. As longas horas acordado, as poucas horas de sono. A exposição ao barulho ensurdecedor de músicas de péssimo gosto; a exposição à fumaça de cigarro e de outras fontes; a alimentação desregrada...
Às sete horas da manhã esse menino já está de pé. A mãe coloca um DVD infantil em alto volume que me faz acordar ao som de " seus amiguinhos, os Backyardigans...".
A mãe dedica um tempo tremendo à limpeza da casa e manutenção do seu bar; sua fonte de renda. O pai volta mais cedo para casa e abre os portões da garagem para poder lavar seu possante. Um carro que já não é mais fabricado e que tem rodas e som que se somados, valem mais do que o próprio veículo!
Naturalmente, o playboy metido a galã de rodoviária do interior liga o som em alto volume, toca aquelas malditas músicas idênticas, quem ouviu uma ouviu todas, e passa horas a cuidar do seu automóvel. Fala ao celular e combina umas "paradas". Julga-se solteiro, sem compromissos e responsabilidades: esposa e filho.
Dias desses tive vontade de chamá-los através da parede fina e perguntar o que estava acontecendo; o menino chorava e gritava muito. Aquela agonia durou uma boa hora. 
Agonia maior foi ouvir o pai ameaçar de bater no filho caso ele não parece com aquele berreiro. Esse animal (com todo respeito aos animais) é incapaz de um ato de amor, solidariedade e compreensão para com seu próprio filho.
É uma criatura abominável que se julga "muitcho lindcho" com seu pouco mais de metro e meio. Meu avô José dizia: "O cabra que tiver menos de um metro e setenta e falar fino, não é homem não!".
É mais uma das "inguinóranças" da minha família, mas nesse sentido concordo com meu avô. Ele não se refere apenas a altura física, mas à hombridade que esse pseudo-auto-denominado-galã-de-rodoviária-do-interior não tem. 
Essa postagem parece aquelas fofocas de revista de artista, mas antes fosse.
Converso com a mãe e digo a ela para matricular o menino na escolinha; ele é vivo, esperto e muito inteligente. É também brucutu, violento, sem modos. Não é culpa dele, poi ele não tem exemplo a seguir.
Pena.
E eu que queria tanto ter a minha Mariana.