sábado, 15 de setembro de 2012

Preta, Preta, Pretinha... Preta Maria

Preta Maria
                                            
Estamos no século XXI (21), o século da tecnologia, do conhecimento, do estreitamento das relações humanos, da aldeia global. Será?
Na Baixa Idade Média, século XIV (14), a peste bubônica dizimou um terço da população europeia; a peste bubônica é causada pela pulga de ratos.
A falta de higiene, muito comum à época, somada à ignorância e ao fanatismo religioso, isso na minha opinião, foram os principais causadores e espalhadores da peste pela Europa, explico. Os ratos procriavam e se espalhavam abundantemente pelo continente porque os gatos foram perseguidos e banidos pela população porque acreditavam que os felinos era animais diabólicos, principalmente os gatos pretos.
Sem os gatos, seus principais predadores, a rataiada fazia a festa e suas pulgas causaram a morte de milhares de pessoas. 
A infestação da peste negra ou bubônica dava-se mais rapidamente pelo fato de as pessoas lotarem as igrejas e rezarem pedindo perdão de seus pecados; a proximidade dos corpos era o facilitador da epidemia.
O nome Peste negra ou bubônica da-se porque surgem protuberâncias (bubos) azulados na pele.
Bom...
Falei sobre isso porque na noite de quinta-feira, quando eu ainda estava adoentada, escuto uma voz chamar: "Professora!". Olhei no relógio e já passava das vinte e duas horas; abri a janelinha da porta e vejo meu aluno segurando desajeitadamente um gatinho preto, pergunto o que houve e ele diz: "Esse gatinho apareceu no meu quintal e eu estou com medo dele porque ele é preto e tem cara de mau. Gato preto dá azar, não dá, professora?"
Abri a porta e fui ao encontro do meu aluno munida com potes de água e comida e disse a ele que o que dá azar são o preconceito, a ignorância e o medo infundado de coisas que não conhecemos e acreditamos só porque alguém disse. Animais não são maus, são criaturas inocentes que usam suas defesas para protegerem suas vidas e sua prole.
Enquanto conversávamos, o gatinho, que depois vi que era gatinha, devora o pote de ração. Deixei-a na garagem e preparei uma caminha fofa e confortável, coloquei mais ração e outro pote com leite.
Amanhece o dia o percebo que minha gata Branca Maria não dormiu em casa e nem apareceu para o café da manhã e está sumida desde então. Já fui de casa em casa e perguntei aos vizinhos se alguém tinha visto minha gata branca; um dos vizinhos me pergunta se tenho um gatinho pequeno para doar, pois sua esposa quer um bichinho para fazer-lhe companhia. Disse-lhe que tenho uma gatinha pequena, filhote ainda, e ele pergunta que cor que ela é, pois se ela for preta, a esposa não vai querer. Uma outra vizinha havia oferecido um cachorrinho preto, mas a esposa também recusou.
Eu disse: "O senhor me desculpe, mas isso é preconceito e ignorância. Bichos pretos não dão azar, pois se Deus criou todas as coisas, criou bichos pretos, brancos, amarelos...Isso é muita ignorância e preconceito bobo por parte de sua esposa".
Penso comigo: "Se o cabra está lascado a culpa é do gato preto?! Me pópi!, como diria papai".
Voltarei a oferecer a Preta Maria a quem quiser e não tiver preconceito, mas acho difícil que a aceitem.
Além disso, ela já se apegou a mim e hoje pela manhã eu a procurei e pensei que tivesse passado pela grade do portão e ido embora, mas não, a espertinha estava deitada confortavelmente em minha cama, para horror e ciúmes de Aurora e do resto da gataiada.
Continuei com meus afazeres e me senti mal, tomei o remédio da pressão e deite-me um pouco, estou cochilando e sinto uma coisa fofa ronronar, era Preta Maria encostada em mim e lançando olhares graciosos de cumplicidade.
Acho que ela quis agradecer pelo acolhimento, pelo alimento do corpo e da alma, por eu não ter preconceito besta, graças a Deus.
Meu Paipreto dizia e já falei aqui que Deus manda seus anjos ou alguém lá de cima disfarçado de bicho para ver como nós o tratamos.
Assisti a um programa no Animal Planet sobre um homem que mora há vinte e cinco anos no Alaska cercado por wolverines e não achei má ideia.
O bicho homem é tão complicado, tão tacanho e tão preconceituoso, minha Nossa Senhora! E isso porque é o animal racional e o ser superior! Superior em bestagem? Oxe!
Estou brutalmente cansada, fisicamente e emocionalmente. Estou cansada de parar o trânsito, o movimento, as pessoas e não por causa da minha estonteante beleza, mas sim por causa da minha aparência acromegálica.
Sou humana, demasiado humana.


Preta, Preta, Pretinha
                                                                                                
                                               


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