sábado, 1 de setembro de 2012

Marginal Tietê

                                         

Vinha pela rua e parei para que um carro pudesse manobrar. Sou educada.
Enquanto aguardava, fiquei observando a Marginal Tietê, bem atrás do Corinthians.
Eu gostava de passear pelas famosas ruas de São Paulo e sair por aí sem destino, mas parei de fazer isso, pois temo a violência nas ruas, bêbados ao volante e toda sorte que problemas advindos da irresponsabilidade das pessoas.
Lembrei de papai e suas infinitas "inguinóranças", lembrei de quando ele nos dizia: "Vão barrê (varrer) a rua, vão contar quantos carros passam na rua..."
Naquela época era comum nos sentarmos na calçada e observarmos os meninos jogando bola, as pessoas passando pra lá e pra cá e cumprimentando mamãe que conhecia, conversava e cumprimentava todo mundo. Em dias de eleições eu dizia que parecíamos sapos na lagoa, pois tanto na ida quanto na volta encontrávamos as pessoas e dizíamos "oi".
Eram muitos "ois" e por isso parecíamos sapos na lagoa: "Oi, oi, oi..."
Fubá diz que sapos fazem "Uêbati, uêbati", tanto que batizou de "Uêbati um sapo feito por tia Dolores e que servia de peso para segurar porta.
Noites de calor e era difícil dormir com o calorão e as muriçocas zunindo em nossos ouvidos, então ficávamos na calçada até refrescar um pouco e enquanto isso observávamos o movimento e contávamos quantos carros entravam e saíam do motel que fica bem na esquina da Marginal Tietê.
Ficávamos eu, minha irmã Rosi, nossa prima Neide de Pernambuco e uma tia nossa e apostávamos: "Aquele carro vai entrar no motel... Aquele vai seguir pela Marginal..."
Coisa mais boba, mas era divertido. 
Não tínhamos muitas opções como hoje, não tinha TV a cabo, Internet, celular, redes sociais e essas modernagens todas e as pessoas eram mais próximas, menos estressadas e até mais felizes. Acho eu.
Talvez.
Hoje está tudo tão moderno, tão adiantado, temos centenas de amigos virtuais e na realidade somos sós, a maioria das vezes. As pessoas se encontram para um bate papo em uma mesa de barzinho, por exemplo, e o que é que elas fazem? Cada uma saca seu celular modernoso e verifica mensagens, posta isso, comenta aquilo... e o bate papo real ficou só no virtual.
Sei lá. 
Estou meio nostálgica hoje.
Acho que o tempo vai mudar, me dói tudo, o corpo e a alma também.
É isso.

                                 

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