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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ficar comigo

                                
Loretta



Loretta me segue por todos os cantos, parece mais um cachorrinho que uma gatinha.
Está mais saudável, bonita, alegre e muito agradecida. E ainda dizem, os muitos humanos, que animais não têm sentimento.
Loretta está também muito da espertinha e vai direto para o quarto quando não me encontra pela casa.
Reconhece minha voz, escala o cobertor até subir na cama e aconchega-se ao meu lado.
Eu tirei fotos dela e postei nas páginas de grupos e ONGs de proteção animal, mas até agora ninguém se interessou em adotá-la. Vai acabar aqui comigo, como e com os outros.
Acho que os gatos que salvo das ruas pedem a Deus, em suas orações, para ficar comigo. Devem temer não encontrar alguém meio maluquetes como eu.
Esses bichanos gostam de mim como sou e pelo que sou e não se importam com minha aparência acromegálica. Os humanos sim.
É isso.


                                    
Ébano Nêgo Lindo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Vontades








Ando com muitas vontades. Acho que falei sobre isso aqui, mas o tempo passou e as vontades continuaram e aumentaram.
Vontade de tomar guaraná, vontade de comer pastel da feira ou o pastel de bacalhau do Mercadão, vontade de tomar caldo de cana, de comer pudim de padaria, de mousse de limão e mousse de maracujá, de bolo de araruta...
Muitas vontades.
Às vezes acordo de madrugada com uma vontade desesperada de comer doce, mas resisto à tentação e tomo água.
Não sei de onde vêm essas vontades, mas não saem da minha cabeça.
Se eu fosse uma pessoa "normal", não acromegálica, jovem e envolvida em um relacionamento amoroso, diria que as vontades teriam um motivo ou origem, mas como não tenho ninguém, eu levo essa vida assim tão só...
Só tenho o amor dos meus gatos e às vezes me sinto tão carente que se fosse à uma churrascaria e o garçom perguntasse: "Coração?", eu diria: "O que foi, amor".
Não, não. É apenas vontade mesmo, ou "bicha", como se dizia antigamente.
Amanhã, depois do sol baixar e antes da chuva despencar, difícil, pretendo procurar uma Casa do Norte no bairro da Vila Sabrina. Disse minha irmã Rosi que lá deve ter araruta; sinto o gosto do bolo na boca só de pensar na dita cuja.
Espero que nessa Casa do Norte eu seja melhor tratada e que as pessoas não se encolham em um canto como se esperando pelo ataque de um animal feroz que acaba de adentrar ao recinto. Sou humana e acromegálica, que culpa tenho eu?
Oxe, vão se lascar bando de ignorantes preconceituosos! Com todo respeito, claro.
E amanhã também preciso comprar o saco grande de ração para os gatos, comprar de quilinho, como dizia mamãe, não rende nada e acaba logo, que o diga meus oito felinos famintos e lindos.
É isso.






quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Gaviões da Fiel

                                


Vejo pela TV reportagens sobre o Carnaval, os ensaios das Escolas de Samba, o trabalhão que o pessoal tem para deixar tudo prontinho e certinho para o desfile. 
Respeito muito o trabalho e o talento desse povo que sua a camisa para fazer  o Carnaval acontecer e sua Escola arrebentar.
Que todas façam bonito na avenida!
Lembrava de um convite feito por minha colega de faculdade quando ainda estudávamos juntas. Ela me convidou para os ensaios da Escola de Samba X9 Paulistana, que fica na Zona Norte de São Paulo, onde moramos.
Naquela época eu já era acromegálica, já tinha os sintomas, mas não sabia que estava acromegálica. Maldita doença!
Eu já tinha as dores articulares, dores na coluna, dificuldade para andar, mas eu nem desconfiava de nada.
Agradeci ao simpático e atraente convite, mas declinei e aqui vão os motivos:
Não sei dançar, quem dirá sambar.
Imagina eu sambando toda torta e com dor.
Imagina a gafe, a vergonha, o mico. O samba paulistano não merece isso.
É uma vergonha, eu, uma brasileira nata e não saber sambar!
Mas assistir aos ensaios pode, né? Difícil segurar o chamado dos tambores.
Tambores que trazem a presença negra da Mãe África.
Tambores que trazem a força, a garra, o sofrimento, a honra e o orgulho dos filhos tão sofridos da Mãe África, filhos que tanto sofreram em séculos de escravidão.
Sou branca nojenta, como diz meu cunhado Pepê, mas tenho/tive bisavô negro, filho de escravos libertos. Meu bisavô Francisco, tão doce, tão lindo.
E que eu fosse vermelha, preta, azul, amarela ou de qualquer outra cor, isso não me impediria de amar e respeitar as outras cores. O caráter de uma pessoa não está na cor de sua pele mas sim em suas atitudes!
Um conhecido me pergunta sempre: "Mas por que você defende tanto essa raça?!"
"Que raça? Raça Humana? Somos todos iguais, nosso sangue é vermelho, ninguém tem sangue de outra cor. Cabra besta!"
Mas eu falava sobre Escolas de Samba.
Eu adoraria conhecer os bastidores das escolas, a criação e a produção das alegorias, pisar na avenida e sentir toda aquela força de perto.
Iria caminhando entre os membros da Escola, talvez aguentasse o tempo todo do percurso. Talvez, não sei. 
Mas eu iria decentemente vestida; esse negócio de peito e bunda de fora não é comigo e é o que mais me desagrada no Carnaval.
Acho lindos o Mestre Sala e a Porta Bandeira e a Ala das Baianas. Lindíssimos.
Eu torço por todas as Escolas, mas se eu fosse mesmo desfilar/sair em uma delas, (até parece), gostaria que fosse a Gaviões da Fiel.
É Corinthians, É Nóis, É Gaviões da Fiel.
Vai Curinthia!

                                 


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Normas

                             


Tomo mensalmente minha dose de Sandostatin-LAR (Acetato de Octreotide) e costumava ir à CPA da Unimed, mas mudei meu convênio médico. Liguei para saber em que clínica ou hospital ou poderia tomar a injeção, uma vez que não pode ser aplicado em farmácias, e fui informada que poderia ir a qualquer hospital da rede conveniada. Beleza.
O jeito foi ir ao Hospital Nipo Brasileiro; não gosto muito, mas é o mais próximo de onde moro. Saí de casa munida de documentos, papelada da Farmácia Alto Custo e o remédio cuidadosamente armazenado na caixa de isopor com gelo. OK.
Faço a ficha e perguntam o motivo da consulta e eu digo que vim para tomar minha injeção e a trouxe comigo. Depois da ficha feita passo pela triagem e tenho glicemia e pressão arterial medidas; glicemia está boa mas a pressão estava 17x11. Alta. Na triagem perguntaram a mesma e eu respondi a mesma coisa: vou tomar injeção e blá, blá, blá...
Saio da triagem e aguardo na sala de espera e sou observada, como sempre. Dá vontade de perguntar a esses que me olham se querem minha foto autografada. Saco! Esse povo não tem espelho em casa?!
A médica me chama e relato o fato, de novo. Ela me entrega a papelada e diz para ir seguir até o fim da linha amarela e lá chegando, uma funcionária pede a papelada, pergunta o que é e diz para eu entregar na sala de medicação.
Aguardo.
Uma jovem enfermeira pega a papelada e chama a enfermeira chefe; conversam, gesticulam, me olham e me chamam: "Não podemos aplicar a medicação, senhora. É norma do hospital não aplicar medicamentos que venham de fora".
Me arretei, educadamente, mas me arretei.
Expliquei tooooooooooooda a história de novo, disse que preciso tomar a injeção, mostrei os laudos médicos, a solicitação do médico para que fosse aplicado o remédio, a papelada da Farmácia Alto Custo... Ufa"
Nem assim resolveu. Nem sabiam o que é a tal da Farmácia Alto Custo e disseram para eu voltar hoje às sete horas da manhã para conversar com a fulana de tal que manda geral na bagaça e isso tudo ainda nem garantiria que a injeção fosse aplicada. 
Não vou perder meu tempo, não vou voltar a um lugar que não gosto, não vou lá para bater papo, necessito apenas que a droga seja aplicada, só isso. 
Entendo que há normas e estas devem ser respeitadas, mas existem exceções também. Levei toda a documentação necessária, levei o remédio e acho que meu carão acromegálico é prova suficiente.
Bom, para não me estressar mais e fazer a pressão desembestar mais ainda, voltei para casa e hoje cedo fui levar os exames para o médico com corpinho de caminhoneiro.
Vou procurar um modo de tomar essa bendita injeção.
É isso.

                                 

                                

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Tia Dolores

Macaxeira com carne de sol, feijão de corda e coentro
                                               

Tia Dolores é irmã de mamãe e de tia Antônia.
Tia Dolores é animada, engraçada, brincalhona, comilona e está sempre alegre, ao contrário de tia Antônia que é mais quietona e reclamona.
Tia Dolores não gosta de comer de manhã, e eu sou assim também, mas quando a fome bate, lá pelas dez da manhã, ela devora tudo o que estiver pela frente.
Ela foi à casa da tia Antônia e esta ofereceu-lhe uma besteirinha. É assim como chamamos um pequeno lanchinho, de besteirinha.
Tia Dolores tinha acabado de comer e fora visitar a irmã; agradeceu a oferta e disse que já estava com o bucho cheio: "Quero não, minha irmã. Munto obrigada, acabei de comer nesse instante"
Tia Antônia insistiu e tia Dolores disse: "Já que tu insiste, vou pegar logo é dois pão, oxe!". Ela me contou e eu ri muito.
Outro dia liguei para a tia Dolores e ela disse que estava nauseada, perguntei o que  aconteceu e ela disse: "A gente vai ficando véio e não pode mais comer o que quer, não é minha filha? Neide me deu umas broncas e agora eu só como coisa light".
Neide é minha prima, filha de tia Dolores.
Perguntei-lhe que comida light era essa que ela comia e a resposta foi: "Cuscuz com leite, banana cozida, carne guizada, macaxeira, jerimum, batata doce, feijão de corda com charque..."
Se isso é light imagino o que não é!
Fubá contou que quando foi visitar as tias levou tia Dolores ao supermercado e enquanto faziam as compras ela pegava os produtos/alimentos e dizia: "Olhe, meu filho, essa bolacha aqui é muito boa, visse? Nunca comi não, mas é muito boa".
Fubá riu e achou engraçado a tia dizer que a bolacha era boa se ela nunca tinha comido.
E claro que ele comprou a bolacha e outras guloseimas para nossa tinha nem tão light assim.
Em uma de nossas conversas por telefone a tia me convida para ir visitá-la e eu disse que tenho muita vontade de voltar ao meu Pernambuco querido, mas tenho receio de minha aparência acromegálica causar os espantos e comentários que causa aqui. Ela disse: "Oxe, deixe disso, minha filha! Esses f.d.p pagam suas contas? Venha e se alguém lhe disser algo, mande tudinho para a p.q.p!"
Adorei o conselho.
É isso.


Bolo de rolo
                                  

sábado, 15 de setembro de 2012

Preta, Preta, Pretinha... Preta Maria

Preta Maria
                                            
Estamos no século XXI (21), o século da tecnologia, do conhecimento, do estreitamento das relações humanos, da aldeia global. Será?
Na Baixa Idade Média, século XIV (14), a peste bubônica dizimou um terço da população europeia; a peste bubônica é causada pela pulga de ratos.
A falta de higiene, muito comum à época, somada à ignorância e ao fanatismo religioso, isso na minha opinião, foram os principais causadores e espalhadores da peste pela Europa, explico. Os ratos procriavam e se espalhavam abundantemente pelo continente porque os gatos foram perseguidos e banidos pela população porque acreditavam que os felinos era animais diabólicos, principalmente os gatos pretos.
Sem os gatos, seus principais predadores, a rataiada fazia a festa e suas pulgas causaram a morte de milhares de pessoas. 
A infestação da peste negra ou bubônica dava-se mais rapidamente pelo fato de as pessoas lotarem as igrejas e rezarem pedindo perdão de seus pecados; a proximidade dos corpos era o facilitador da epidemia.
O nome Peste negra ou bubônica da-se porque surgem protuberâncias (bubos) azulados na pele.
Bom...
Falei sobre isso porque na noite de quinta-feira, quando eu ainda estava adoentada, escuto uma voz chamar: "Professora!". Olhei no relógio e já passava das vinte e duas horas; abri a janelinha da porta e vejo meu aluno segurando desajeitadamente um gatinho preto, pergunto o que houve e ele diz: "Esse gatinho apareceu no meu quintal e eu estou com medo dele porque ele é preto e tem cara de mau. Gato preto dá azar, não dá, professora?"
Abri a porta e fui ao encontro do meu aluno munida com potes de água e comida e disse a ele que o que dá azar são o preconceito, a ignorância e o medo infundado de coisas que não conhecemos e acreditamos só porque alguém disse. Animais não são maus, são criaturas inocentes que usam suas defesas para protegerem suas vidas e sua prole.
Enquanto conversávamos, o gatinho, que depois vi que era gatinha, devora o pote de ração. Deixei-a na garagem e preparei uma caminha fofa e confortável, coloquei mais ração e outro pote com leite.
Amanhece o dia o percebo que minha gata Branca Maria não dormiu em casa e nem apareceu para o café da manhã e está sumida desde então. Já fui de casa em casa e perguntei aos vizinhos se alguém tinha visto minha gata branca; um dos vizinhos me pergunta se tenho um gatinho pequeno para doar, pois sua esposa quer um bichinho para fazer-lhe companhia. Disse-lhe que tenho uma gatinha pequena, filhote ainda, e ele pergunta que cor que ela é, pois se ela for preta, a esposa não vai querer. Uma outra vizinha havia oferecido um cachorrinho preto, mas a esposa também recusou.
Eu disse: "O senhor me desculpe, mas isso é preconceito e ignorância. Bichos pretos não dão azar, pois se Deus criou todas as coisas, criou bichos pretos, brancos, amarelos...Isso é muita ignorância e preconceito bobo por parte de sua esposa".
Penso comigo: "Se o cabra está lascado a culpa é do gato preto?! Me pópi!, como diria papai".
Voltarei a oferecer a Preta Maria a quem quiser e não tiver preconceito, mas acho difícil que a aceitem.
Além disso, ela já se apegou a mim e hoje pela manhã eu a procurei e pensei que tivesse passado pela grade do portão e ido embora, mas não, a espertinha estava deitada confortavelmente em minha cama, para horror e ciúmes de Aurora e do resto da gataiada.
Continuei com meus afazeres e me senti mal, tomei o remédio da pressão e deite-me um pouco, estou cochilando e sinto uma coisa fofa ronronar, era Preta Maria encostada em mim e lançando olhares graciosos de cumplicidade.
Acho que ela quis agradecer pelo acolhimento, pelo alimento do corpo e da alma, por eu não ter preconceito besta, graças a Deus.
Meu Paipreto dizia e já falei aqui que Deus manda seus anjos ou alguém lá de cima disfarçado de bicho para ver como nós o tratamos.
Assisti a um programa no Animal Planet sobre um homem que mora há vinte e cinco anos no Alaska cercado por wolverines e não achei má ideia.
O bicho homem é tão complicado, tão tacanho e tão preconceituoso, minha Nossa Senhora! E isso porque é o animal racional e o ser superior! Superior em bestagem? Oxe!
Estou brutalmente cansada, fisicamente e emocionalmente. Estou cansada de parar o trânsito, o movimento, as pessoas e não por causa da minha estonteante beleza, mas sim por causa da minha aparência acromegálica.
Sou humana, demasiado humana.


Preta, Preta, Pretinha
                                                                                                
                                               


domingo, 26 de agosto de 2012

Um ano de blog

                                          

Hoje é 26 de agosto de 2012 e hoje completa um ano de blog.
Um ano de "escrivinhações", de causos ora alegres, ora tristes; de revoltas, inconformismo,  questionamentos...
Um ano de desabafos, de críticas diversas, de implicâncias, de "inguinóranças", de muitas coisas.
Fico feliz quando leio comentários de pessoas que leem meu blog e dizem que se divertem muito com as coisas que escrevo.
Se divertem e aprendem um pouco mais sobre Acromegalia.
Adoro escrever, já que não sou muito hábil com as palavras faladas e não tenho muitos ouvidos dispostos, livres e pacientes para me ouvir. 
Escrevo para não falar sozinha, parafraseando Cazuza.
Até achei que não conseguiria criar um blog, mas a Silvia foi de grande ajuda.
Silvia é uma pessoa querida que sugeriu a ideia do blog; comecei meio tímida e hoje perdi a vergonha (no bom sentido) e a timidez e desembesto a escrever. Adoro.
Agradeço à Silvia pela brilhante ideia e agradeço a todos que me leem.
Muito Obrigada.
Rejane. Nordestina, Acromegálica, Corinthiana, Maloqueira Sofredora, Graças a Deus!
É nóis!
:-)

                           

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Açaí

                                      

Estou me sentindo muito mal, hoje.
Fisicamente, emocionalmente e outros "mentes".
Devaneios tolos a me torturar...
Fui à Vila Maria e passo pela Avenida Guilherme Cotching, a principal via do bairro, e vejo ipês, outras árvores que desconheço os nomes e um pé de jaca pequeno e carregado. Lindo!
As jacas ainda estão em formação, estão pequenas e verdinhas.
Havia ido ao consultório médico na Rua Tuiuti e estacionei na Praça Silvio Romero, algumas pessoas falam "Silva Romero", caminho lentamente e paro para descansar e observar um árvore grande que está na beira da calçada; é uma jaqueira!
Uma jaca grandona, madura lá meio da árvore, lá no alto... Ah, se eu pudesse!
Ainda é possível ver jaqueiras, mangueiras, bananeiras, goiabeiras pelas cimentadas ruas de São Paulo. Ainda bem.
Fui ao Carrefour da Vila Maria/Vila Guilherme e de lá volto para casa, paro no farol da Praça Santo Eduardo com a Avenida Guilherme Cotching para seguir pela Rua Curuçá; decido parar em uma frutaria famosa da região. 
Caço uma vaga. Em São Paulo é assim: caça-se uma vaga. Achei na esquina com a Rua Eli.
Ou seria com a Rua Dias da Silva? 
Não lembro.
Bom...
Entrei na frutaria que tem o mesmo nome da praça: Santo Eduardo.
Entrei, sentei-me na cadeira de plástico e aguardei ser atendida. As mocinhas uniformizadas se entreolhavam e tiravam no par ou ímpar para ver quem me atenderia. Sou acromegálica, não mordo!
Uma delas me traz o cardápio e o coloca sobre a mesa também de plástico. Observo os preços: sucos, lanches, bebidas, salgados... Tudo caro demais! Um copo de suco custa oito reais, um beirute custa trinta e dois reais.
Já que cobram tão caro deveriam investir em melhor treinamento e atendimento de seus funcionários e trocar aquelas frágeis e horrendas cadeiras e mesas plásticas!
Pedi uma tigela com açaí e granola, pedi a grande, mas não conseguir terminar tudo. Zóião.
Pedi para colocar em uma embalagem e a mocinha disse: "É cobrado dois e cinquenta pela embalagem, tudo bem?"
"Tá, né?"
Perguntei se além da granola viria outro acompanhamento e a resposta foi: "Tem banana, frutas vermelhas, leite condensado, leite em pó... É só acrescentar mais dois e cinquenta, tudo bem?"
"Só a granola está bom, com dois e cinquenta eu compro uma dúzia de banana!".
Fui ao caixa para pagar a conta e encontro uma colega da faculdade, perguntei se estava na área da Educação e ela disse que não compensa, não vale a pena; é muito trabalho e cobrança por um salário baixo. Ela ganha mais trabalhando com o pai na pequena empresa da família.
E assim caminha a Humanidade mal educada de nosso país. País que não investe em Educação, em salários dignos para os professores, em boas escolas, em uma boa estrutura. Melhor assim, pois povo sabido é ameça ao governo. Povo abestado é mais fácil para manipular e vota fácil fácil em candidatos palhaços, em mulheres frutíferas e por aí vai.
É o Brasil sil sil
Tudo bem, tudo bem, tudo bem...
Não está tudo bem porcaria nenhuma!
Voltei para casa e a gataiada sabe que cheguei e correm todos para detrás da porta; miam, correm, esbarram uns nos outros e todos correm para o local onde estão os potes de comida e água. Coloco mais ração e troco a água, faço carinho, converso e separo eventuais trocas de tapas e patas entre Aurora e Morena Rosa e Ébano Nêgo Lindo e Léo Caramelo. Família grande tem desses problemas.
Coloquei mais comida para Betanilson ( o peixinho beta) e deixei seu aquário mais aconchegante, coloquei uma pedra e uma plantinha natural, não gosto de nada artificial. Betanilson se aconchega entre a pedra e a planta e ali ele descansa. Percebi que estava muito vazio e o peixinho precisava de um cantinho, de um aconchego.
E quem não precisa?
É isso.

                                      

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Moda

Fui ao banco hoje; tive que pagar as contas no caixa eletrônico para depois entrar na agência e resolver o que precisava. 
Pensei comigo: "Uma vez que estou na agência, então poderei fazer tudo junto: pagar as contas e resolver as pendências".
Errado!
Fui ao caixa e o simpático atendente disse que eu não poderia efetuar o pagamento das contas e deveria usar o caixa eletrônico: "Depois de mais de meia hora de espera para saber disso? É muita falta de respeito com o cliente! E por que não tiveram a dignidade de avisar as pessoas que esperam!"
Bom.
Seja feita a sua vontade. Amém.
A desculpa dada foi: "são novas regras de atendimento bancário".
"E quem estipulou essas regras?"
Tá bom.
Enquanto aguardo observo as pessoas.
Já falei aqui diversas vezes sobre moda e modismos e falta de "semancol" das pessoas, mas o povo continua errando feio e me dando inspiração para minhas "escrivinhações e reinações".
Agradeço.
Além da sandália plataforma e da calça legging, quem foi o miserável que inventou a moda da sandália romana? O cabra deveria ser preso por atentado ao pudor!
Para quem gosta, peço desculpas, mas...
Aquelas sandálias romanas assim como a plataforma e a calça legging são coisas do demo! Sai de retro, coisa ruim! Sai dessa moda que não te pertence! Aleluia!
Uma moça com excesso de vitaminas, proteínas e sais minerais entra no banco vestindo justamente uma legging e calçando as horrendas sandálias romanas e para completar o quadro, a distinta jovem parecia a Gloria do filme Madagascar.
Aê, na boa, se me olham tanto por minha aparência acromegálica, me julgo no direito de olhar também! 
Falei, falo e falarei!
Déjàvu.
Beleza.
Uma coisa que sempre achei deselegante é homem usar os óculos escuros (ou de sol, como preferir) no alto da cabeça; fica parecendo o Leleco (Marcos Caruso) da novela.
Aliás, Marcos Caruso é um ator estupendo! Fez personagens com sotaques "mineirim" e nordestino de forma muito competente e convincente.
E para completar o look Leleco, bermuda, camiseta regata e chinelões. Lindo!
Mais lindo fica o visual de verão/outono/primavera/inverno tudo junto: chinelão, bermuda e a parte de cima do agasalho. Esse moço não sente frio nas pernas, não?!
Acho que estou vendo muito "Esquadrão da Moda, Gloria Kalil, Mude meu look...
Eu não sou perfeita, graças a Deus, mas...
Continuo na agência e é chamada a senha especial; uma senhora já meio sessentona se levanta e caminha até o caixa: bermudinha, blusinha decotada e com as costas de fora, sandália, brincos grandes e cabelos loiros. Acho que ela pegou a roupa da neta!
Legal a pessoa ter corpo bonito e pernas bonitas e até aparentar ser mais jovem do que é, mas não precisa se expor ao ridículo, acredito eu.
Como eu disse uma vez em um português misturando ao inglês: "Sou muito conservativa".
É isso.



                                            






Pessoa

                                           

Sou uma pessoa honesta, trabalhadora e cumpridora de meus deveres, como dizia mamãe.
Sou uma pessoa meio ensimesmada, muito na minha mas que trato a todos com respeito e educação.
Sou uma pessoa meio "inguinórante" e quanto a isso não posso fazer muita coisa, é mal de família.
Mas ando meio arretada, avexada, agoniada, aperreada; virada no Jiraya mesmo!
Detesto essa vida besta de exames, consultas, remédios e "ameaças" de novas cirurgias.
Sou julgada por minha aparência acromegálica, mas isso é e está errado! O caráter de uma pessoa não está em sua cara feia ou bonita, não está na cor de sua pele, em sua opção sexual ou religiosa, na sua perfeição ou imperfeição física. Vejo tanta gente dita bonita que não vale o que o gato enterra!
Tanto cabra safado sem vergonha fazendo coisa errada por aí e que tem a saúde boa!
Assistia ao programa do Datena e ele mostrava reportagem sobre a "gangue das loiras"; moças bonitas que usavam a beleza para seduzir, sequestrar, roubar e fazer compras com o dinheiro da vítima.
Claro, ninguém desconfiaria de uma pessoa bonita, não é mesmo?
Pois é. Não sou loira, não sou bonita e não roubo, furto ou sequestro; sou uma pessoa honesta, trabalhadora e cumpridora de meus deveres.
Mas vivemos no mundo das aparências. Aliás, desde que o mundo é mundo as pessoas são julgadas por sua aparência, suas posses e suas relações pessoais.
Umbero Eco fala sobre o belo e o feio em seus livros "A história da beleza" e "A história da feiura".
Estou louca para comprar os livros, mas os preços não são nada bonitos.
Bom,
Amanhã tem mais vai e vem, tem mais "bater os quatro cantos do mundo" e tenho que buscar meu remédio na farmácia de manipulação. 
Haja estômago!

                                    



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Educação

                                             


Educação vem de berço, já diziam os antigos.
Os pais educam, ensinam a respeitar, a cumprimentar as pessoas quando estas vão visitá-los ou são visitadas.
Os pais ensinam os filhos as palavrinhas mágicas e básicas de uma boa educação: "Olá, Com licença, Desculpe, Obrigado/a, Tchau".
Li um artigo na revista Veja onde o autor relata a visita de uma mãe e seu pimpolho ao seu apartamento. O autor tinha um brinquedo de infância guardado na estante e que virou objeto de desejo do pimpolho mal educado.
O menino quis porque quis o brinquedo e a mãe, sem pedir licença e autorização, pegou e deu ao filhinho mimado e sem educação. Na hora de ir embora, o autor esperou que a mãe dissesse para o filho devolver o objeto, mas ela disse: "Quando o fulaninho pega uma coisa, não larga mais!".
Quem está errado, o filho ou a mãe? Quem dá o exemplo? Quem educa? Quem impõe limites?
Fui ao Carrefour da Vila Guilherme/Vila Maria e, pra variar, pouquíssimo caixas abertos, muitos caixas fechados e filas enormes. Só fui ao hipermercado porque estava mesmo na região e precisava comprar ração para meus gatos. A ração acabou e eles se recusaram a comer a ração baratinha que comprei para emergências como essa; ninguém quis comer e todos se uniram e fizeram greve de fome. Quem disse que os animais não têm inteligência?! Os meus são gênios!
Bom...
Estavam na minha frente na fila uma moça com sua filha de sete anos e uma bela moça de nome Renata. A menina me olha, cutuca a mãe, cochicha no ouvido e em seguida ambas se viram em minha direção e me olham demoradamente. Estou absurdamente acostumada com isso, mas igualmente cansada, invocada, de saco cheio mesmo!
Não sou membro de nenhum circo dos horrores (freak show), não sou tão estranha assim. Sou?
Essas pessoas que me devoram com o olhar faminto por defeitos e imperfeições não têm elas mesmas defeitos e imperfeições?!
Que saco!
Sou educada, mas hoje, por alguma razão que só Freud explica, decidi parar de fingir que não percebo os olhares que tanto me incomodam; disse à mãe da menina: "Se você e sua filha quiserem perguntar alguma coisa, perguntem. Ficar olhando não é educado".
A mãe não gostou: "Quem tá olhando? Eu?! Magina! E minha filha só tem sete anos, é uma criança!"
"Pois é, a educação começa cedo".
Não sou de barracos, confusões e afins e procuro me aproximar e falar de uma forma educada e respeitosa, mas as pessoas não pensam e não agem assim antes de me magoarem!
Conheço acromegálicos que se recusam a sair de casa, que ficaram depressivos e com síndrome do pânico. Eu respeito e entendo perfeitamente bem essas pessoas, não é fácil ser celebridade às avessas, ser observado com uma espécie rara de animal.
Eu fico muito triste muitas vezes, mas não vou deixar de sair de casa, resolver meus problemas só porque ignorantes julgam sem se preocupar em conhecer o problema dos outros.
Pânico tenho eu quando não consigo pagar minhas contas no dia do vencimento; os juros são de dar medo!
Pânico me causa a Sociedade consumista, egoísta, autocentrada, fútil e ostensiva que temos hoje. Gente cuja maior preocupação é o status, o exibicionismo, a arrogância e se achar melhor que o outro. São tão vazias.
Como diz o ditado: "Comem mortadela e arrotam caviar".
E eu não gosto de nenhum dos dois.