sábado, 2 de agosto de 2014

Garapa - Sobre a fome

                               



Assisti ao documentário "Garapa", dirigido por José Padilha e que fala sobre a fome; foi uma pequena volta ao passado.
O documentário foi filmado em cidades do Ceará e mostra as dificuldades das famílias para alimentar seus filhos.
Crianças pequenas, nuas, descalças, barrigudas e com a pele grossa e coberta por feridas. Moscas sobrevoando e pousando nas crianças que dormem nas redes.
Mamadeiras com garapa: água com açúcar. Engana a fome, enche a barriga e as crianças dormem.
Nos tempos mais difíceis de grande seca e escassez de água e alimento nossa avó Mãevelha nos dava garapa para enganar a fome até mamãe voltar de Recife com a ajuda do tio José. Já falei sobre isso aqui, mas o documentário me fez lembrar tudo de novo. Fiquei triste.
Tanto desperdício de alimento e tanta fome. Tanta desigualdade.
Depois do documentário assisti à uma homenagem aos cem anos de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Muito bom.
Belíssimos arranjos deram uma nova cara às canções de Gonzagão, forró legítimo! Cabra bom!
Sempre me emociono com "Asa Branca, A morte do vaqueiro, Assum preto, Juazeiro" e tantas outras. Mas uma que me toca muito e que mamãe sempre mencionava é "Pau de Arara", que resume bem o sofrer do retirante nordestino: "Só trazia a coragem e cara, viajando num pau de arara... Eu penei, mas aqui cheguei".
Oh "sôdade", minha Nossa Senhora!
Será que algum dia esse sofrimento todo vai acabar? Os estômagos vazios serão cheios? A fome, a seca e a miséria darão lugar à fartura de alimento, de água e de vida?
Tomara, meu Deus, tomara.
É isso.




Mandacaru quando "fulora" no Sertão é sinal de chuva.
                                     

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