quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Santo Expedito

                                  


Atendo todos os dias a vários tipos de pessoas que vão ao guichê da secretaria da escola em busca de informação, vagas, matrícula, documentos, situação dos alunos etc...
Vejo pais e mães, a grande maioria é de mães, interessados e preocupados com a vida escolar do filho e seu comportamento.
Vejo pais e mães bravos por terem sido chamados à escola e mais bravos ainda porque "injustiças" são cometidas contra os filhos santíssimos; só faltam ser canonizados em vida!
Vejo mães permissivas, ausentes e que não se preocupam com a vida escolar do filho. Uma dessas mães ligou e perguntou se o filho poderia ir à escola, estranhei. O motivo alegado é o que moleque havia faltado por duas semanas consecutivas, mas ao verificarmos no sistema vimos que a criatura não tem nem nota do segundo bimestre! 
Perguntei o motivo de tanta falta e a mãe disse: "Eu mando ele ir pra escola, mas ele não quer ir! Será que dá pra mandar um trabalhinho pra ele fazer e recuperar as notas?"
É uma cara de pau sem tamanho!
O cara falta, a mãe não toma atitude nenhuma e ainda acha que um trabalhinho qualquer vai substituir todo o tempo perdido.
Fiquei com pena de uma mãe que já havia ido a várias escolas em busca de documentos para a matrícula, mais uma vez, da filha na escola onde trabalho.
A filha já "estudou" em quase todas as escolas da região e quando se cansa daquela determinada escola, pede para a mãe matriculá-la em outra onde estiver amigos seus. A menina gosta de variar.
Detalhe: essa moça tem dezesseis anos e é mãe de um bebê de menos de um ano. A menina gosta de experimentar.
Outros casos, já relatados aqui, que me irritam pelo descaso e desrespeito dos pais para com seus filhos são o de alunos que estudam dois ou três meses e depois os pais decidem se mudar de volta para suas cidades de origem. Aí fica aquela agonia de pegar documento, levar documento, trazer documento...
Uma mãe nos atormentou no início do ano para que arrumássemos vaga para a filha dela; foi até a DE (Diretoria de Ensino) e conseguiu a vaga, OK. Dois meses depois a aluna some e quem aparece? A mãe pedindo documentos para fazer a matrícula da filha em uma escola de outro estado!
É por essas e outras que adolescentes de quatorze, quinze anos e até mais, ainda estão na quinta série e não sabem ler e escrever corretamente!
Bom...
Nem vou falar do sinal que está quebrado desde o início das aulas em janeiro (!!!), dos computadores sem acesso à PRODESP (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo), do portão do estacionamento que quebrou mais uma vez e eu não vou empurrar aquele trambolho pesado e depois ficar com dores nesse meu corpo acromegálico e entrevado pela artrose de nome bonito: osteoartrite sistêmica!
Já cansei de falar, perguntar, solicitar... Mas parece que nesse país as pessoas se acomodaram e se acostumaram a deixar pra lá, a esperar, a ouvir o "É assim mesmo" e assim mesmo tudo ficar.
A quem mais posso recorrer? A Santo Expedito, o santo das causas impossíveis?
Vou fazer umas orações.
É isso.


                                  
Ébano Nêgo Lindo, "rezando".


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