quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Correria

                              



Me preparo para ir ao trabalho mas antes de sair faço minhas orações e peço a Deus e ao Povo lá de cima que protejam minha casa, meus gatos, minha família e a mim. Amem.
Tenho uma fé muito forte e não preciso provar nada pra ninguém, principalmente para os que me julgam.
Bom...
Abro o portão da garagem, pego o jornal e escuto um miado sofrido e angustiado: Será que é um dos meus gatos, minha Nossa Senhora?"
Olho em volta e do outro lado da rua vem um gato sujo, bonito e assustado; pergunto: "Você está com fome". O gato me olha como se me entendesse.
Volto, abro a porta e trago comida e água para o felino faminto e sujinho. Ele come rapidamente, mia, me olha e eu digo para comer devagar, eu o protegerei e ficarei ali até ele terminar.
A vizinha amarga passa com a cara amarrada de sempre, abre o portão de sua casa e a cachorrinha prenha escapa e corre até a mim: está com fome.
A criatura amarga não cuida bem da cachorrinha mas cuida muito bem da vida dos outros. É dose!
Na esquina vem um senhorzinho puxando uma carroça e coletando lixo reciclável. Corpo franzino, boca sem dentes, olhos fundos, cansados e tristes. Ele me lembrou papai.
Dei os jornais que separo e disse-lhe que semanalmente junto um saco grande com material reciclável; vou deixar pra ele.
O senhorzinho sem dentes sorriu e agradeceu.
Sinto-me bem quando faço o bem, por mais simples, pequeno e insignificante que pareça ser.
Mas creio que foi de grande valor para os animais que alimentei e para o idoso que ajudei. 
Isso para mim é Deus. Fazer o bem é Deus.
Eu vejo assim.
Cheguei atrasada na escola e me expliquei; ficaria uma hora a mais para compensar o atraso. Tudo bem.
Alunos vêm pedir documentos e estou só na secretaria no momento; coloquei a molecada para trabalhar: pega pasta aqui, abre gaveta pesadona ali...
"Nóis pode pegar água, tia? Nóis pode pegar café? Nóis pode pegar uma banana? Pô, tia, a senhora é muito legal cum nóis".
A vida está tão difícil, os problemas se amontoam, os cabelos estão cada vez mais brancos, mas eu não vou ficar amarga por isso. Que culpa têm as pessoas de meus problemas?
Prefiro ser legal, ser do meu jeito quieto, mas legal.
Mas a gente tem que ouvir cada asneira!
É isso.




                                    


                                  

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