terça-feira, 15 de novembro de 2011

Blog da Criança: A menina que não sabia sorrir

                                                   
Sei de uma menina que não sabe sorrir.
Talvez ela saiba, mas não descobriu ainda como.
A ela não são dados motivos para sorrir.
A ela são dadas críticas, cobranças e culpa. 
Ela é criticada, cobrada e culpada por ser menina, por ter cabelos cacheados e por não ter nascido menino.
Como se dependesse dela ou de nós escolhermos como gostaríamos de ter nascido. Tenho certeza que a grande maioria das pessoas escolheria ter nascido com pele e olhos claros e cabelos lisos.
Muitas culturas culpam a mãe pelo nascimento de meninas, mas se esquecem que quem determina o sexo da criança é o pai. Explico: Mulheres têm cromossomo XX e homens têm cromossomo XY. Então, se for XX é menina e se for XY é menino.
Mas a arrogância, o machismo, a tacanheza de caráter e a falta de hombridade não dão espaço para esse pensamento lógico.
É lógico que não temos culpa de termos nascido de um determinado jeito, com uma determinada cor de pele, de olhos, de cabelo. 
Os adultos também se esquecem que as pessoas se misturam e dessa mistura surgem pessoas novas, diferentes e interessantes. Já pensou que chato se todo mundo fosse igual? Credo!
Crianças são seres puros, inocentes, não sabem o que é bonito ou feio. Isso é coisa de adulto. Já falei que aprendemos vendo, observando e repetindo o que os adultos fazem, dizem. Não nos culpem por suas frustrações, seus erros, suas falhas. Não queiram que sejamos e façamos aquilo que vocês não conseguiram. Não temos culpa de seu fracasso, de sua incompetência. 
Problema seu se você não conseguiu ser jogador de futebol, bailarina, artista ou seja lá o que for. Não é nossa obrigação ser aquilo que você não foi. 
Somo pessoas, não somos factótuns.
Se fomos trazidos ao mundo foi porque vocês fizeram com que viéssemos para cá; então a obrigação de vocês, meus caros adultos, é nos alimentar, cuidar, e educar. 
Nós decidiremos o que queremos ser quando crescermos.
Gente grande é tudo complicada. Então, não complique nossa vida.
Nos permita ser o que somos: crianças.
Nos poupe de seus comentários cruéis. Não falem mal de nossos cabelos, da cor da nossa pele, do tamanho dos nossos pés, mão, narizes e seja lá o que for que nos faz fisicamente humanos.
Nos deixe ser. Apenas nos deixe ser crianças.
Nosso tempo é para crescer, explorar o mundo e brincar. Não é justo termos que interromper nossa infância para nos culpar e nos preocupar em sermos como vocês adultos querem que sejamos.
Apenas nos deixe ser do jeito que somos: brancos, negros, loiros, morenos, cabelos lisos, crespos, olhos azuis, verdes, castanhos...
Queremos sorrir. 
Não queremos ser como a menina que não sabia sorrir.
Queremos ser o que temos direito de ser: Crianças.


                                              

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