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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Sapateiro

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Noite de insônia, mais uma.
Li um pouco, já que a programação da TV estava muito chata, e fiquei na cama com a gataiada.
Aldebaran deitou-se ao meu lado e depois veio Bellatrix; minhas estrelas.
Andei pela casa, tomei banho, passei óleo de arnica e cânfora nos joelhos e pernas doloridos, vi a noite passar.
Chega o dia. Motores e buzinas de caminhões e automóveis, vozes de pessoas que andam apressadamente para o trabalho.
Cães e gatos latindo e miando, ranger da carroça do senhorzinho reciclador; é mais um dia que começa.
Fui para a sala, liguei a TV, cochilei e acordei a tempo de ver uma reportagem sobre sapatos feitos sob encomenda no Mais Você, pena que não deram mais informações sobre o endereço do sapateiro. Não foi falado se o profissional trabalha aqui em São Paulo ou em outro estado.
Entrei depois na página do programa e solicitei mais informações.
Bom...
Dia quente, abafado e cinzento. Vai chover.
É isso.


                                         Resultado de imagem para pés na agua

                                          

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Anotações

                               


Arrumava, limpava e tentava organizar meus livros e meu material usado na faculdade.
Fico sentada enquanto faço essas tarefas e não me canso tanto. O que cansa é o vai e vem e o senta-levanta do dia a dia.
Bom...
Joguei revistas velhas fora, jornais, livros... Não, livros não. Nunca!
Abri um caderno de 1999 e li algumas anotações minhas: "Voltar ao médico. Nova medicação para o tratamento da migrane. Há duas semanas com fortes dores de cabeça. Dor de cabeça insuportável..."
Era o começo da Acromegalia...
Sempre tive dores de cabeça, desde pequena, e sempre eram atribuídas ao crescimento, a isso ou aquilo até descobrir a causa real: Acromegalia.
Se eu soubesse já naquela época, talvez tivesse evitado todos os problemas que tenho e tive e teria pés normais.
Meu irmão me deu um sapatinho preto básico no Natal; número 39. Seria preciso juntar três sapatos para poder caber em cada pé.
Pé de Hulk com Shrek.
Reli minhas anotações. Tanta vida, vigor, sonhos, desejos, planos, vontades...
Eu só tinha as dores de cabeça que me derrubavam por alguns dias, de vez em quando.
Mas arrumei o que deu para hoje, amanhã tem mais.
Preciso de uma estante maior.
É isso.


                                  

quarta-feira, 13 de março de 2013

(A)Normalidade... Olhares

                                


Eu sempre procuro manter uma certa normalidade, mas está difícil.
As pessoas olham para mim, param por um segundo e olham de novo, como quem diz: "Será que vi direito? É isso mesmo?"
Estava no estacionamento do banco conferindo o que seria pago ali e sinto e vejo os olhares sobre mim. Alguns disfarçam, outros encaram mesmo. 
Isso dói. 
Procuro parecer normal, fingir que está tudo bem, mas seguro as lágrimas; ou tento.
Sou humana, demasiado humana. Não sou apenas acromegálica, Acromegalia não define quem eu sou.
Vejo moças, mulheres e senhoras bonitas ou bonitonas, entrando e saindo do banco e observo suas roupas, sapatos, cabelo e rosto.
Nem todas são exemplos de uma beleza estonteante, mas todas têm rostos normais e pés normais.
Vejo uma moça magrinha com cabelão parecido com a da princesa ruivinha do filme Valente. Ela usava sapatos lindos, tipo boneca. Lembrei que já tive um par assim.
Outra moça elegantemente vestida mas com os cabelos excessivamente e exageradamente loiros; vulgar. 
Acho que não precisa tanto para chamar a atenção e forçar uma beleza que acaba se transformando em um padrão: todas e todos iguais.
Uma senhora elegantemente vestida; lenço sobre a camisa branca bonita, óculos de grife. Adoro camisa branca.
Mas gosto mesmo de observar o rosto e os pés, mais precisamente os sapatos.
Eu nunca fui bonita, mas já tive rosto e pés normais.
Maldita Acromegalia.
É isso.



                                 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Computador

                                 

Retorno ao blog após uma semana sem computador; problemas técnicos insolúveis, é o que parece.
Comprar um novo laptop/notebook está fora de cogitação, não estou pagando nem promessa quem dirá comprar algo novo.
Tá embaçado!
Uso o que já foi bom e velho laptop até a hora que der, depois...
Fui ao laboratório mais uma vez para mais um exame e devo retornar amanhã e domingo, dia das eleições.
É exame que não acaba mais, graças a Deus.
O problema é que quando são pedidos exames em que o paciente tem que ir acompanhado, não o permitem fazer se estiver só. Complica.
Nem todo mundo tem amigos, família, parente ou derente que possa acompanhar e nem todo mundo tem essa disposição, agora chame o cabra para bater perna! Vixe! É na hora!
Fico pensando que deveria fazer como as mulheres de boas famílias de outras épocas e contratar um dama de companhia, uma personal acompanheitor, assim não ficaria totalmente só quando precisasse de ajuda.
Bom...
Vou ao laboratório e aguardo ser chamada e enquanto isso observo as pessoas que passam. Vejo moças, mulheres e meninas bem vestidas e calçadas em sapatilhas, sandálias e sapatos bonitinhos e graciosos e eu com meu pisante 43! 
Vejo uma moça nova rica da ZL, com cabelos loiros e esticados e óculos escuros enormes, claro. Ela vestia um blazer escuro, shortinho jeans com a barra por fazer e com fiapos soltos; lembrei de mamãe. Em outros tempos, roupas com barra por fazer e com fiapos soltos era sinônimo de desleixo, hoje é fashion.
Acho que mamãe não entenderia isso.
Às vezes, muitas vezes, é extremamente frustrante não ter ou ser mais o que outrora fora; coisa boba, mas muito significativa para mim. Nunca fui de vaidades, male male sei passar um batom nos beiços, mas eu adorava sapatos e vivia comprando vários modelos, hoje me restrinjo aos tênis pretos masculinos. Soube de uma loja onde sapatos são feitos sob medida e esse é o único jeito. Vou tentar.
Sei lá... É só patada, problemas, coisas ruins, chatas...
Estou cansada.

                               
                               

domingo, 7 de outubro de 2012

Tema

                                    

O tema da festa de aniversário da minha sobrinha Rafaela foi de joaninhas e abelhas, muito legal.
Gostei da escolha de minha cunhada Preta, que fugiu às tradicionalíssimas personagens de desenhos animados e filmes infantis americanizados.
Rafaela estava vestida num gracioso vestido de corpete preto com saia vermelha cheia de bolinhas pretas; os cabelinhos foram presos para o alto imitando duas antenas, uma graça de joaninha.
Na hora de cantar os parabéns, Rafaela usou um vestido listrado de amarelo e preto, imitando a "roupa" das abelhas. Fubá também usou um colete listrado nas cores das abelhas, um arco com antenas douradas e asas, muito gay. 
Foi muito engraçado.
Quando ele passou por nós, gritamos em coro um termo que obviamente duvidava de sua masculinidade.
Bom...
Toca o hino do Corinthians em ritmo de pagode e enquanto eles gritam "Vai Corinthians", meu irmão Rogério gritava: "Vai Palmeiras!".
Assim que é legal, cada um tem seu time favorito e todos fazemos piadas com os times alheios, tudo na paz e na amizade, sem violência.
Ano que vem será ainda melhor e prometi a mim mesma que irei calçada em sapatos femininos! Vou ter que mandar fazer, mas eu vou!
É isso.

                         

Buffet, Beterraba, Pés

Meu irmão Fubá de "Abelho Rainho"
                           

Fomos ontem ao buffet infantil para comemorar e bebemorar o primeiro aniversário da minha sobrinha Rafaela; foi muito bom.
Fez muito calor e pensei em ir de vestido, mas e os sapatos/sandálias?
Comprei um lindo vestido no Shopping Penha e tinha em casa pares de sapatos e sandálias que até há bem pouco tempo serviam, mas que em poucos meses parece que encolheram.
Frustração, Melancolia, Revolta. Exatamente nessa ordem.
Horrenda, maldita, injusta Acromegalia!
Vesti o lindo vestido e tentei sem sucesso enfiar meus enormes, largos, gordos e inchados pés nos sapatos e sandálias que um dia serviram; não foi possível.
Fiquei triste.
Não poderia ir descalça, claro, e muito menos com sandálias de dedo. Se bem que hoje sandálias de dedo Havaianas estão e são muito fashion.
Tirei o vestido e vesti calça, blusa e calcei o tênis preto com meias pretas; meu uniforme de batalha. Saco!
Fomos ao buffet.
Chegando lá observei as mulheres calçadas com sapatos lindos e saltos altíssimos. Um dia eu usei calçados assim.
Adorei o sapato estilo boneca anos 50 da Adriana, cunhada da minha cunhada Preta. Aliás, Preta, minha cunhada, esposa do meu irmão Fubá e mãe da Rafaela prenda minha usava um lindíssimo sapato vermelho.
Não senti inveja má, não sou assim. Senti melancolia, decepção, frustração e uma sensação enorme de injustiça contra minha pessoa.
Comecei a me lascar desde o dia que meti a cara nesse mundo, graças a Deus, e já num estágio da vida onde eu queria só trabalhar e fazer as coisas que gosto, o que acontece? Acromegalia!
Bom...
Mas a festa foi ótima.
Obviamente fui vítima dos indefectíveis e ubíquos olhares e senti um certo estranhamento e aversão por parte dos fotógrafos do local. Paciência, eu devo estar acostumada. Sempre!
Meu irmão Rogério passou mal durante o dia, pressão alta, e não sentia-se muito bem, mas comeu bem até demais, graças a Deus. Apetite não é problema para meus irmãos.
Fomos eu e minha irmã Rosi nos servir do jantar e olhamos para as travessas com saladas mas não encontramos mais a beterraba; Rosi pergunta: "Cadê a beterraba?", e eu respondo: "Está no prato do Rogério".
Rimos.
Cantamos parabéns, o bolo e os docinhos foram servidos e as pessoas foram dançar. Fubá mandou tocar o hino do Corinthians em ritmo de pagode, ficou da hora, meu. É nóis, é Curinthia, mano!
Falei para Fubá mandar tocar o grito da Gaviões da Fiel na próxima festa em 2013. Ele já reservou, sabia? Quando Rafaela nasceu a primeira coisa que meu irmão fez foi sair à procura de buffets infantis para garantir a festa de aniversário da pequena.
Estamos saboreando o bolo e os doces quando uma convidada passa em nossa mesa e traz consigo um livro bonito com canetas coloridas e pede que escrevamos depoimentos para Rafaela. Um dia ela vai ler e vai gostar.
Meu irmão Rogério volta com copo de suco e prato com salgadinhos e não ouvira a conversa, pergunta: "O que ela quer? É dinheiro?"
Gargalhamos.
Minha sobrinha Maitê, filha de meu irmão Naldão não sente-se bem e a mãe resolve ir embora. Maitê só vê o avô e a mãe, não está acostumada com aglomerações e naturalmente estranhou aquele monte de pobre junto; não deu outra, a menina se assustou, coitada.
Rosi disse que Maitê nunca viu tanta gente bonita junto, pobres sim, mas bonitos. Tá bom. É muita boniteza mesmo.
Saímos do buffet e nos dividimos/apinhamos nos dois carros, mas antes de partirmos, meu irmão Rogério parou para vomitar. O bicho comeu que benza Deus, zóião do caramba, claro que ia passar mal. Mas ele disse que foi por causa da injeção de Benzetacil que ele tomara algumas horas antes. Claro.
Mamãe dizia "Bejotacil".
Eu o provoquei e disse: "Acho que foi beterrabacil". Todos rimos e ele ameaçou vomitar no meu carro. Renata disse que se ele fizesse isso ela também vomitaria e aí foi um uníssono "Eu também".
Falei que se fizessem isso iriam todos a pés para casa.
Foi divertido.
Liguei hoje para meu irmão Rogério para saber como estava e está melhor, graças a Deus. Disse-lhe: "Se cuide, cabra! Tu tem uma renca de filho pra criar e tu sabe muito bem que nessa nossa família o cabra é saudável até os trinta anos, depois começa a ficar bichado. Se liga, meu, ou tu não vai comer castanha no Natal!"
Somos muito carinhosos um para com o outro. 
Muito lindo isso.

                      
                                
                            



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Motivo, Sapatos, Arrumação

                                         


Arrumava a casa. 
Limpa daqui, lava ali, tira pó, esfrega chão...
Arrumava o guarda roupa e encontro dois pares de sapatos que um dia usei; os guardei de lembrança.
Sapatos lindos. 
Adoro sapatos. E que mulher não gosta?
Sapatos de salto alto, sem salto, mas elegantes. Nada desses tijolos presos à tiras a que dão o nome de plataforma, coisa mais horrenda.
Acho que fiquei com trauma a partir do dia em que fui para a escola calçada nas sandálias plataforma e vestindo um paletó doado por uma patroa de mamãe; a molecada falava: "Deixou seu pai sem paletó? Legal seu cavalo de aço". 
As sandálias faziam um "poc poc" danado em contato com o piso de madeira da nossa sala de aula. E justo naquele dia fui chamada à lousa! Tentei disfarçar, mas não teve jeito, e lá fui eu vestida no paletó e calçada nas sandálias plataforma e o "poc poc" ecoou pela sala. Vixe!. Fui motivo de gozação por um bom tempo. Isso que dá se meter a ser fashion!
Cavalo de aço eram sapatos com saltos grossos e altos, tipo plataforma, muito usados e fashion nos anos 70. Era a moda das calças com cintura muito alta, modelo "santropeito ou tomara que se enforque" e bocas de sino. Jesus!
Acho que é por esse motivo, ou motivos, que criei certa intolerância a sapatos/sandálias plataforma.
Arrumava, gosto de arrumar. Parece que arrumamos não apenas a casa, o guarda roupa, mas arrumamos a nós mesmos... por dentro.
Olhei velhas fotografias. Vi pessoas que já se foram. Pessoas que estão em outros lugares distantes, tanto geograficamente quanto emocionalmente, espiritualmente e outros "mentes".
Saudades, certa melancolia, certa revolta, lágrimas certas.
Papelada velha, amarelada pelo tempo. Rasguei, joguei fora. A gataiada corria atrás das bolas de papel; corriam, pulavam, traziam na boca, brincavam...
Eu sorria, falava com eles e jogava mais bolas de papel. Ficamos assim por alguns momentos e ouvíamos a boa e velha MPB do rádio do vizinho, que compartilhava com o restante da vizinhança seu bom gosto musical e a potência sonora de seu aparelho de som.
Muito boa, por sinal.
Mas eu falava sobre sapatos...
Guardei dois pares de sapatos que um dia serviram quando meus pés eram normais, pés grandes, mas normais. Hoje são suas bolotas gorduchas, largas, inchadas, grandes e de fazer inveja ao Incrível Hulk.
Fui à uma loja que vende calçados de numeração grande; provei alguns pares e ficaram horríveis. O problema dos meus pés não é o comprimento, mas sim a largura e a altura. Os pés transbordam para fora dos sapatos, parecem bolo quando cresce demais e transborda para fora da forma. Não é nada confortável. Mas o vendedor insistia dizendo "Ai, ficou lindo!". Para vender fazem qualquer negócio, até mentem!
Fiquei triste, só um pouco.
Eu adoro sapatos e quando vou às lojas de calçados é só para acompanhar alguém que vai comprar, porque para mim não dá. Acho lindos os calçados vendidos pela Avon, mas...
Enfio meus pezões acromegálicos em tênis pretos masculinos número 43, mas é chato. No inverno e em dias de chuva ainda passa, mas não dá para usar tênis com tudo, não combina.
O jeito vai ser mandar fazer, mas só me falta um pequeno detalhe: dinheiro.
Mas isso é só um detalhe.





                                            



quinta-feira, 17 de maio de 2012

Peso

                                            




A Acromegalia é uma doença que leva praticamente uma década para ser descoberta. Os principais sintomas são os pés que não cabem mais nos sapatos e anéis que não entram mais nos dedos.
É um processo lento, por isso a doença só é descoberta quando já está bem instalada.
Dores de cabeça, hipertensão e ganho de peso também são sintomas da Acromegalia e foram os primeiros que tive.
Eu calçava nº 39 e a partir de 1999 encontrei dificuldade em calçar o mesmo número, que foi aumentando gradativamente até chegar aos atuais 42. Espero que pare por aí, senão terei que usar sapato de palhaço!
Me descobri hipertensa aos 30 anos e comecei tomando 5mg de anti-hipertensivo, hoje tomo dose mais altas.
Tenho dores de cabeça desde criança e recebi tratamentos para enxaqueca, dor de cabeça crônica e migrane. Quando as dores eram fortes eu não suportava luz e barulho e chegava a tomar quatro comprimidos de analgésico de uma vez.
Sempre fui magrinha, mas meu peso aumentou muito no final dos anos 90 início de 2000.
Acromegalia descoberta em 2007, tratamento com Sandostatin-LAR e cirurgias; peso reduzido.
Hipófise e tumor retirados parcialmente. Haste hipofisária empurrada para a esquerda e tiroide agora acumulando funções suas e as da hipófise, o resultado disso pode ser hipotiroidismo ou hipertiroidismo.
Alguns sintomas são suor excessivo, cansaço, dor nas articulações, perda ou ganho de peso.
Estou preocupada com meu peso, não por questões estéticas, mas por questões de saúde mesmo. Sou hipertensa, tenho colesterol e triglicérides altos, artrose, parafusos na coluna...Resumindo: Não posso abusar, não posso descuidar, mas alguns sintomas fogem ao meu controle por serem controlados pela Acromegalia e suas consequências.
Durante a semana me alimento com granola, leite se soja, legumes, arroz integral, pão integral e alimentos natureba e nos fins de semana permito-me alguns pequenos abusos como farofinha e carninha do meu cunhado Pepê e uma cerveja geladinha. Nada demais.
Não gosto de hamburger, fast food, nuggets, mortadela, refrigerantes de cola, ketchup, mostarda, maionese e afins.
Adoro queijos, salame e massas, mas raramente consumo.
Adoro e consumo bastante legumes, frutas e verduras. Gosto de quase todas, exceto brócolis, couve flor e abacate.
Amanhã verei meu endocrinologista e ver o que está acontecendo com minhas glândulas.
Acredito que encontraremos solução para o problema.
Amém.


                                          

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sapato para criança

                                        


O Natal se aproximava e papai e mamãe conversavam sobre como usar o dinheiro do décimo terceiro salário.
Comprariam roupas e sapatos para os filhos. Fariam uma grande compra no supermercado.
Era nossa época favorita.
Uma vez mamãe foi às compras acompanhada por nosso primo João; ele a ajudaria a carregar as sacolas.
Caminhavam por ruas e calçadas cheias de gente com suas compras de Natal quando mamãe decide entrar em uma loja de calçados e verificar os preços e ofertas.
O vendedor, sempre simpático, fala para mamãe sobre preços, promoções e facilidades no pagamento.
Mamãe diz ao falante vendedor: "Tá certo, meu filho. Mas...você tem sapato pra criança?"
"Sim, senhora! Temos sim! Que números?"
" 38, 39, 40, 41, 42..."
"A senhora tem certeza que quer sapato pra criança?!"
Nosso primo João sempre que visitava mamãe lembrava desse causo e ria muito; pois onde já se viu sapato pra criança com números tão grandes?
Mas as crianças de mamãe eram grandes, porém crianças.


                                            


                                                

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pés Acromegálicos

Eu visitava o Blog Maria Mô da minha colega e amiga Claudia Maria e me encantei com as roupas e os sapatos.
Eu adorava sapatos! E qual mulher não adora?
Mas o problema são meus pés acromegálicos e mesmo antes da Acromegalia eu já encontrava dificuldade para encontrar calçados que me servissem. Eu usava o nº39 e depois passou para o nº40, nº41, nº42 e agora estou no nº43.
Já fui a lojas que vendem calçados masculinos e femininos de números grandes, mas o problema, como já falei aqui antes, é a largura dos sapatos e não seu comprimento.
Meus pés cresceram e são e estão inchados; são muito largos e é muito difícil acomodá-los confortavelmente em sapatos ou sandálias. Restam-me apenas duas opções: usar chinelos de dedo do tipo Havaiana (que na minha infância era coisa de pobre e hoje é fashion) e tênis masculinos.
Para trabalhar ou ir a locais comuns os tênis servem bem; sempre compro nas cores escuras e discretas, não gosto de nada chamativo. E nem preciso chamar a atenção, por mais discreta que procure ser, sou sempre motivo de olhares e comentários nem tanto agradáveis. As pessoas perfeitas têm educação imperfeita. Interessante.
Mas...
E por esse motivo, os pés acromegálicos, eu evito ir a festas, eventos, reuniões etc...Não dá para sempre ir com tênis nem com chinelos. É difícil. É chato. É danado de ruim.
Ás vezes penso que devo ter sido muito perfeita e muito cruel em outras vidas e para pagar por meus erros passados vim nessa vida de maneira totalmente oposta ao que fui.
Não sou bela, não sou perfeita e não sou cruel. Minha aparência acromegálica assusta a princípio mas se puderem me conhecer perceberão que sou boa pessoa.
Sou molenga e condescendente para com bichos e crianças. Comigo eles pintam e bordam. Dominam mesmo. Perguntem à minha belíssima, inteligentíssima e espertíssima sobrinha Beatriz. E perguntem à mãe de Beatriz, a minha também bela irmã Rose a forma como trato os animais.  
Mas vivemos na Sociedade da busca frenética pela juventude e beleza eternas. Isso me lembra o livro de Oscar Wilde "O Retrato de Dorian Gray".
A leitura desse livro me incomodou; tanta futilidade, arrogância, maldade, destruição e idolatria pelo belo (externo). E esse livro foi escrito séculos atrás.
É o que sempre digo: Muda-se o mundo, as coisas, a tecnologia, mas o Homem será sempre Homem. O animal i(racional).
Bom... seguirei em frente com meus pés acromegálicos que me levarão a percorrer muitos caminhos ainda nessa vida.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mariana

Mariana era a mãe de papai.
Avó Mariana era uma mulher alta, forte e de pés grandes. 
Por ser muito alta, avó Mariana calçava números grandes. Era difícil encontrar calçados femininos acima dos números 37 ou 38. A solução encontrada por minha avó era usar os calçados de avô José, que era um homem alto. Ele sempre comprava dois pares de alpercatas (sandálias de couro), um para ele e outro para avó Mariana.
Nossa tia Nifa, irmã de avó José, nos contava que quando avô José e avó Mariana ficaram noivos e marcaram a data do casamento, a primeira providência da noiva foi a de encomendar os sapatos brancos, pois nem mesmo na capital Recife se achava calçados femininos de número grande nas lojas comuns.
Hoje em dia é mais fácil encontrar sapatos grandes, mas o problema é que os fabricantes se preocupam apenas com o comprimentos dos calçados e dos pés e não com sua largura. Tenho pés grandes por causa da Acromegalia, mas o problema não é tanto o comprimento dos meus pés e sim a largura.
Avó Mariana era acromegálica e por isso os pés grandes e a morte tão cedo.
Avó Mariana tinha apenas 36 anos quando partiu e segundo os relatos das pessoas que conviveram com ela, a causa de sua morte foi pneumonia. É estranho imaginar uma doença respiratória fazer vítimas em regiões quentes como Pernambuco. Atribuímos a doença a regiões mais frias como São Paulo.
Mas lembro-me agora que meu Paipreto (pai de mamãe) tinha alergia respiratória e tio José de Recife também tem.
Mas...A Acromegalia não contenta-se apenas em ficar alojada tranquilamente num tumor na hipófise (cérebro), essa doença afeta vários orgãos do corpo. As principais, segundo médicos, são doenças cérebrovasculares, cardiovasculares, doenças renais, diabetes, hipertensão, dores articulares, problemas de visão e por aí vai.
A Acromegalia cerca o corpo por todos os lados e varia de pessoa para pessoa.
Posso imaginar o sofrimento de Avó Mariana; as dores para sustentar um corpanzil de mais de 1.80m e numa época em que a altura das mulheres não passava muito de 1.60m. A falta de diagnóstico e de remédios. Numa época remota e num lugar remoto os remédios encontrados eram chás, garrafadas feitas com ervas, cascas de árvore e cachaça, benzeduras, promessas e esperança.
Mesmo nos modernos dias atuais ainda não foi encontrada a cura para a Acromegalia. São cirurgias, radiocirurgias, remédios etc, tudo usado para o alívio dos sintomas da doença, mas a cura que eu queria tanto...
Penso em avó Mariana com carinho, ternura, orgulho, admiração. Dó não.
Minha avó foi uma mulher forte, tanto fisicamente como em seu cárater sério, honesto e trabalhador. Ajudava meu avô na fazenda; ajudava com a criação e a plantação. Carregava peso que muito cabra macho franzino não conseguia carregar.
Sempre gostei de ouvir falar de minha avó e sempre carreguei comigo a promessa de que se um dia tivesse uma filha a ela seria dado o nome Mariana.
Mas me parece que a Acromegalia já me roubou mais uma Mariana.
Não tem problema. Não tenho minha Mariana, mas tenho Maria Julia, Beatriz, Maitê, Michelle, Giovanna e Rafaela, que acabou de chegar a esse mundo.
Bisnetas de avó Mariana.

Beatriz e Maitê