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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Jaula

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Tenho tido dias bons e outros nem tanto, mais para "nem tanto", infelizmente.
Dores articulares, coluna que dói e cabeça que lateja com as "marteladas" da pressão alta.
Separei mais livros, revistas, uma cadeira de rodas, um fogão e doei para a Casa André Luiz. Vieram cedo e depois que foram embora, deitei no sofá e esperei o remédio fazer efeito e controlar a pressão. O simpático funcionário queria levar meu Ébano Nêgo Lindo, mas de jeito maneira, jeito qualidade!
Quando estamos precisando de algum silêncio, aí é que o barulho vem com tudo: motores de caminhões, carros, pessoas falando e a vizinha que se diz maluca gritando a plenos pulmões.
Começava a cochilar e lá vinha o barulho me acordar. Um dia ruim, Deus do Céu.
Muito calor e os ventos anunciavam a chuva. Eu ia regar as plantas, mas os ventos esfriavam a terra para que as águas viessem e regassem tudo.
Era noite, fiz café e comi com bolachas; não estava com ânimo para preparar comida.
Choveu forte e a luz acabou. Acendi velas, os gatos medrosos sempre ao meu redor, resolvi ir para a cama.
Dorme e acorda, sono agoniado.
Sonhei com professores aqui em casa e todos nós analisávamos os livros que as editoras nos mandavam; a sala estava cheia de livros e colegas. Foi tão bom e bonito.
Um professor me perguntava que disciplina eu leciono e assim começou um pergunta-reposta interessante e engraçado: "Eu sou Matemática, Português, História..."
O professor de Matemática folheia um livro, diz que gostou muito e pensa em adotá-lo para o próximo ano letivo e os professores fazem comentários.
Pego um livro da minha área, Línguas, e ao abri-lo, vejo que está corroído por traças. Larvas saem pelos buracos feitos no papel. Por que meu livro está assim? Por que só o meu livro está assim?!
Acordei triste, dolorida e cansada. Levantei, liguei a TV, mas não vi nada. A mente fervilhante e inquieta procurava entender e interpretar esse sonho. Fiquei preocupada com meus preciosos livros nas estantes, mas estão todos bem, graças a Deus.
Esse livro corroído por larvas e traças representa meu corpo e minha saúde atuais. Tenho uma vontade brutal de voltar ao trabalho e à minha escola querida, mas meu corpo acromegálico não me permite. Artrose, coluna doente, joelhos doentes. Deus do Céu.
Queria tanto voltar para as turmas de quinta série e para o ensino de jovens e adultos (EJA); eu gostava tanto.
Sinto-me como um animal enjaulado que se joga contra as grades da jaula numa tentativa desesperada de se libertar, mas tudo o que consegue é só se machucar.
Minha mente é boa e saudável e às vezes não aceita esse corpo doente. Tem hora que dá uma vontade louca de sair por aí... 
É isso.




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sábado, 20 de dezembro de 2014

Confraternização

                              


Almoço de confraternização na escola; muito bom.
Cheguei cedo, trabalhei normalmente até o meio dia e ainda ajudei com as decorações e afins para o evento.
Fizemos um amigo secreto de caneca e foi muito divertido. É mais prático e seguro determinar um item, como a caneca, a ter que pensar em opções para presentear. Nem todo mundo acerta no que dá e nem todo mundo gosta do que recebe e eu nunca tive muita sorte com isso.
Em um amigo secreto da outra escola onde trabalhei ganhei um blusa azul, de tecido mole, com enormes letras prateadas e muitos rasgos nas costas. Para arrematar, ainda tinha um bendita de uma corrente enfiada em um desses rasgos!
Abri o pacote toda animada, fiz cara de alegria e... "Nossa, que linda!"
Mentira! Eu deveria ganhar um Oscar por minha brilhante atuação.
Poxa vida, pensei comigo, a gente observa as pessoas, seus modos, seu jeito de ser etc, e dá para perceber que eu sou mais tradicional e nunca fui afeita a roupas coloridas demais, rasgadas demais, cheias de frescuras demais; resumindo: aquilo era blusa de periguete. Na boa.
Só faltava ter vindo com uma legging e a sandália plataforma. Deus é mais!
Depois dessa e de outras experiências traumáticas, resolvi participar de amigos secretos apenas se for definido o tal do presente: livros, CDs, canecas...
Bom...
Tivemos um almoço delicioso regado a refrigerante e outras bebidas boas. Tomei um golinho de licor de jabuticaba, depois um golinho de espumante róseo e arrematei com um café ultra doce. Eita! Fiquei meio zonza com a doçura excessiva do café e não dos golinhos alcoólicos. Bebi muita água depois.
Tivemos sorteios, brincadeiras, discursos e tudo o que envolve essas festas de confraternização.
Observei as pessoas, claro. Observei o comportamento das "panelinhas", dessa gente metida que não dá bom dia a ninguém. Claro, ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas não custa cumprimentar as pessoas; custa?
É uma questão de educação. Tem gente lá com quem meu santo não cruza, mas sempre cumprimento quando chego pela manhã.
A única coisa chata foi eu não poder circular pelo local, fazer meu próprio prato, levantar para entregar e receber minha caneca secreta e ainda ser levada até o carro por dois professores. Estou muito entrevada e dolorida.
Algumas professoras se revezavam trazendo meu prato, perguntando se eu queria isso ou aquilo... Agradeci a simpatia, a boa vontade e a paciência delas.
Eu queria ter ido ver o que tinha naquela fartura toda; eu queria ter feito meu próprio prato e, na hora das frutas, eu queria ter provado de todas mais de uma vez!
Mas apesar de tudo eu fiquei feliz porque consegui ir até o fim. Meio aos trancos e barrancos, mas eu concluí mais uma etapa!
Está cada dia mais difícil e dolorido e sinto que minha saúde está definhando.
Vou apenas esperar essa semana do Natal feliz em família e depois vou encarar os doutores de casaca branca de novo, meu Deus.
Fiquei triste e não consegui segurar nem disfarçar as lágrimas de frustração, mas ouvi palavras de apoio e conforto.
Eu queria caminhar com minhas próprias pernas. Eu queria andar sem dores, sem entrevamento e sem bengala. Eu queria fazer minha caminhada nos belos e ensolarados fins de tarde. Eu só queria ter saúde.
Os professores me agradeceram pelo trabalho, pela ajuda e ainda ouvi de um professor, que já é um senhor de idade: "Você é uma grande mulher".
Poxa vida, ganhei o dia!
Voltei para casa com meus panettones, minha caneca secreta e com um belo par de brincos que ganhei de uma professora. Voltei também com alguns gramas a mais e com sangue no meu álcool.
Ontem fui à casa da minha irmã para ficar com meus sobrinhos, mas arriei no sofá e dormi. Uma babá imperfeita.
Voltei para casa ainda cansada e fui para a cama mais cedo. Levantei, arrumei uma coisa aqui e outra ali e tudo ao passo de tartaruga manca e com artrose; ferrou!
Cuidei das orquídeas, transplantei algumas e agora vou tomar banho para tirar toda a poeira e terra que estão espalhados pelo meu corpinho acromegálico.
Amanhã continuo com a arrumação. Se as plantas me deixarem. 
Estão lindíssimas, frescas e viçosas.
É isso.


                                    




sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Pecados Capitais: Arrogância

                                 


Dos sete pecados capitais, a arrogância é o mais irritante, na minha humilde opinião.
Os sete pecados capitais são: gula, avareza, preguiça, ira, soberba (arrogância, orgulho, vaidade), luxúria e inveja.
Acredito que cada um de nós tem traços de cada um dos pecados, em maior ou menor intensidade.
Falo isso porque venho observando o comportamento arrogante, e até desrespeitoso, de uma professora que outrora fez parte da equipe gestora da escola. 
Bom, ela não é a única folgada, mas tem um comportamento um pouco pior que as/os demais. Explico.
Ela exala e emana arrogância, é fato. A própria postura corporal e o nariz empinado demonstram arrogância. Anda como se pisasse em ovos, olha a todos de baixo para cima e não tem a menor humildade ou simplicidade para pedir licença ou por favor.
Entra na secretaria como se estivesse entrando em domínio próprio. Não pede licença e logo vai largando óculos, chaves e outras talhas sobre a mesa onde estão os computadores. Senta-se e diz: "Coloca a senha pra mim". OK.
Fala ao telefone, navega pela Internet, toma o café e ataca o lanchinho que o cantineiro nos traz todos os dias.
Mas ontem a arrogância e o desrespeito dela chegaram a extremos, continuo explicando: Ela entrou, sentou-se na cadeira, colocou os pés sobre a mesa e falou ao telefone em viva voz! Aquilo estava incomodando e muito!
Os pais vinham para assinar a matrícula dos filhos ou solicitar documentos e eu tinha dificuldade para ouvi-los. Por favor!
Mas ela continuou falando ao celular no modo viva voz por mais de vinte minutos e ignorou nosso "por favor". Ela deve se achar muito importante e superior ao resto da humanidade!
Terminou de falar ao celular e usou o telefone da escola para fazer outras ligações. Demorou-se muito na secretaria e isso estava me irritando.
Baita falta de noção e de respeito!
Ela deve adorar a secretaria, pois fica lá a maior parte do tempo e eu dou graças a Deus quando vai embora ou vai para a sala dos professores, que é onde deveria ficar.
É professora esganiçada e escandalosa, é professora arrogante e folgada, é gente sonsa, é tanta coisa errada...
E nem vou falar do terreno tomado pelo mato e pelos ratos, do sinal que vai continuar quebrado em 2015 e agora da calçada quebrada e abandonada. Ter que descer do carro para empurrar o portão e sujar os sapatos no barro vermelho que se forma durante as chuvas. Escorregar nesse mesmo barro e tropeçar no cimento quebrado do que um dia foi um calçada boa. 
Estou para ver escola mais abandonada do que essa. Infelizmente.
É isso.


                                       


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Haja paciência

                               


As dores no joelho e coluna estão mais fortes e parece que se intensificam com o passar do tempo.
Fui trabalhar a pulso e com muita dificuldade para andar. Parei o carro e ia descer para empurrar o pesado portão da escola quando uma moça se aproxima e oferece ajuda; aceitei e agradeci.
Carros estacionados de qualquer jeito, "queimando" o espaço e ocupando duas vagas, o jeito foi estacionar mais para o fundo.
Documentos por fazer, pais vindo assinar a matrícula para 2015, telefone que não parava de tocar... Trabalhei que nem uma cavala, como diz minha sobrinha Beatriz.
Professores digitando nota, conselho de classe, final de ano.
O chato e uma das coisas que mais detesto é gente botando pitaco no que eu faço ou falo, explico: Atendia a uma mãe que perguntava sobre datas, documentos, mudança de turma e horário etc... A cada resposta que eu dava esses professores emitiam suas NÃO pedidas opiniões e aquilo me irritava. Vocês já digitaram suas notas?
Uma aluna veio pedir um documento e quando eu ia falar, essa professora escandalosa e esganiçada se meteu na conversa e eu tive que fazê-la parar.
Não é assim, fulana, cada documento tem sua validade e um prazo para ficar pronto. 
A maluca esganiçada chamou a moça de volta para dizer-lhe que o documento pedido ficaria pronto em alguns minutos.
Opa! Não é assim que a banda toca não! Vamos cada um fazer o seu trabalho?
Que tal?
Nooooooooooossa!
Aquela secretaria parece a Casa da Mãe Joana e estou de saco cheio de gente folgada que entra sem pedir licença, joga as tralhas sobre a mesa, liga o computador e fica lá vendo Facebook, coisinhas bonitinhas na Internet, vídeos ultra-mega-power-plus interessantes... Falam pelos cotovelos e às vezes preciso falar um "por favor!".
E quando terminam, largam tudo ligado e as cadeiras largadas no meio do caminho. Já pedi um milhão de vezes para empurrarem as cadeiras quando saírem, mas...
Depois vem a caseira atrapalhada e queria porque queria que o inspetor imprimisse uma página com o telefone e endereço da escola. Ele me perguntou se poderia e antes de eu abrir a boca ela disse: "Pode sim!".
Peraí!
Não sei se por força divina ou de sistema super carregado, mas a página travou e a impressão não foi possível. Eu tinha dito que era só anotar o telefone e endereço em um papel, só isso, mas a senhorinha ficou braba!
A Tássia e a tagarela não estavam lá hoje, graças a Deus, porque se estivessem, teriam metido o bedelho em tudo, menos onde é realmente necessário.
É preciso dar um basta nesse oba-oba da secretaria. É só entrar, sentar, fazer o que quiser e atrapalhar quem está trabalhando.
Se é para fazer algo realmente necessário, tudo bem, mas o chato é quando abusam da boa vontade.
E é o que tem acontecido.
Quando vão arrumar aqueles benditos computadores do anexo? Talvez quando um novo sinal for colocado e aquela calçada for arrumada. Mais fácil ver Papai Noel.
Trabalhar a pulso, com dor e com gente folgada não é para os fracos. E haja paciência!
É isso.


                                         

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Talqualmente

                                


Caí duas vezes essa semana: segunda-feira à noite e terça de manhã.
Tenho pequenas escoriações e manchas no corpo devido às quedas.
Levantei cedo, como sempre, e quando fiquei de pé, não senti minhas pernas; compressão na medula.
Tive dificuldade para me levantar e quando consegui, me deitei para poder me recuperar do esforço. Para mim é um grande esforço.
Fiquei dolorida e a gataiada me olhava tentando entender o que estava acontecendo; decidi ficar na cama. 
Liguei para a escola e avisei que não iria; eu não tinha condições de tirar carro da garagem, descer para fechar o portão, dirigir, trabalhar...
Eu me preocupando tanto e a escola com funcionários espertos, cínicos, cara de pau mesmo.
Todo mundo tem um achaque, um "Ai, não estou bem hoje", outro "Acho que vou tirar uma licença" e por aí vai.
Trabalho com dificuldade, ando com dificuldade, tenho dores fortes e estou bem entrevada, mas trabalho.
Não sei se essa responsabilidade, seriedade e dever de obrigação vem da minha criação e do meu caráter nato ou se estou vivendo em uma época diferente.
Já falei sobre o assunto aqui, mas volto a ele.
Estamos sobrecarregados de trabalho e estamos acumulando funções: vice diretor, coordenador, as meninas da cozinha, as meninas da limpeza... todos nós.
A professora sonsa reclamava para a amiga e colega, "talqualmente" sonsa, que está trabalhando muito e preferia ficar trancada na sala dos livros tirando um bom cochilo. O coordenador pediu para que ficasse na secretaria e por isso ela reclamou. Trabalhar ninguém quer.
A "especial", que é muito da esperta, machucou o dedo no portão e simplesmente largou o serviço e foi ao hospital do bairro para fazer um curativo. Ela faz o que quer, como quer e quando quer, valendo-se do fato de ser especial. OK. Esperta como é, já tirou licença e ligou hoje cedo para encher a paciência. Capaz que vou subir aquela escadaria toda só para chamar quem ela quer e ainda correr o risco certo de ser derrubada pelos alunos. Capaz!
Outra sonsa e esperta liga todos os dias para perguntar tolices e para falar com alguém da coordenação ou direção; pensa que não temos mais o que fazer. Para variar, está afastada de novo.
Como esse povo consegue tão fácil? Tem que dar para alguém?! (me desculpem). Tem que ter uma cara boa? Tem que ter ou fazer o quê, pelo amor de Deus?! Laudos e exames mostrando uma doença rara e perigosa não são suficientes? Minha própria aparência acromegálica e meu caminhar doloroso já mostram que não preciso mentir quando digo que tenho dores e não estou bem.
Raras foram as vezes em que fui atendida e examinada por um médico perito que fosse educado. Sempre sou vítima de um pré julgamento preconceituoso e injusto e só depois de acessar minhas informações é que esses médicos grosseiros amenizam na estupidez. Pelo amor de Deus!
Essas pessoas mencionadas vivem tirando licença facilmente e quem precisa mesmo só se lasca.
Estou me segurando para não tirar uma licença só para não ter que fazer a perícia médica. Não é fácil andar e viver com dores que entrevam e dificultam muito a vida.
Continuo na próxima postagem...




                                    

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Caos e Futuro

                                      


Mais um dia de caos na escola. 
Mais um dia de falta de professores; mais um dia de alunos sem aula, saindo mais cedo e/ou zanzando pela escola e atormentando a pouca paz que pode-se ter com adolescentes barulhentos, agressivos, mal educados... A maioria, infelizmente.
São poucos inspetores e tem sempre aquele/a que faz corpo mole e sobrecarrega o outro.
Hoje uma inspetora não aguentou o stress contido e se debulhou em lágrimas; ela reclamava da situação caótica em que se encontra a escola, da falta excessiva de professores, da falta de apoio da direção e coordenação.
Um pai de aluno foi convocado para ir à escola para falar com o diretor, mas ao chegar encontrou pessoas que nada sabiam e com a clássica desculpa: "Não é comigo. Não convoquei pai nenhum. Não sei de nada". 
Fica fácil assim.
O pai pedira para sair do trabalho mais cedo só para ir à escola, mas teve que voltar para trás porque ninguém podia ou queria atendê-lo.
Basta ler o relatório escrito pelo professor e lá consta a situação do aluno! A partir dessas informações, qualquer mortal na face da Terra pode conversar com um pai de aluno, principalmente se for alguém que trabalha em uma escola!
Alunas dançando Funk em salas de aula sem professores. 
Alunos arremessando cadeiras e carteiras, chutando o cesto de lixo, brigando uns com os outros, correndo pelos corredores e escadas... Um caos.
A moça que trabalha comigo na secretaria sentiu-se insegura e com medo; tem toda razão.
Hoje pela manhã não havia ninguém da direção, apenas o coordenador que é um dos poucos que toma uma atitude, que fala, que age e que trabalha.
A outra parte da coordenação passeia pela escola, enrola, está sempre "ocupada" e fica bravíssima se a interrompemos para perguntar alguma coisa, tirar uma dúvida etc... É cada coice! Passeia pra lá e pra cá segurando e comendo um maldito sanduíche que nunca termina.
Cada um com suas manias mas não consigo comer de pé, andando etc... Tenho que me sentar à mesa e fazer as refeições, por mais simples e rápidas que sejam. E depois de comer aí sim volto ao trabalho ou ao que estava fazendo.
Alunos que não ouvem. Ou se ouvem, não escutam, não assimilam o que foi dito; não pensam.
Pouco antes das nove horas da manhã desce um grupo de alunas fogosas e mal educadas e perguntam se a "moça do uniforme" vem hoje; dissemos que a partir das onze horas e ouvimos a pergunta: "Então ela já ta aí?"
A partir das onze horas, agora são nove horas!
Dali há alguns minutos as mesmas criaturas retornam com a mesma pergunta e depois mais umas duas ou três vezes. Isso tudo é só para sair da sala e dar uma rolê pela escola, ninguém está de fato preocupado com o raio do uniforme.
Outro detalhe curioso é que vem um grupo e seu séquito junto para fazer uma simples pergunta.
Ontem deixei na última gaveta da mesa uma pasta com lápis, borracha e canetas, material que usamos para trabalhar, e hoje quando cheguei a pasta estava vazia! 
Deixei um recado na gaveta dizendo que pode usar o material, mas que o devolva e o coloque no exato local onde o encontrou.
Tem muita gente fútil, convencida, cheia de si, mesquinha... não só na escola, mas no mundo todo.
O respeito está cada vez mais indo por água abaixo e foi-se o tempo em que diretor, coordenador, professor eram símbolos de sabedoria e educação e eram respeitados.
Foi-se o tempo em que pedia-se por favor um documento ou uma informação na secretaria da escola.
Foi-se o tempo em que estudar significava estudar mesmo!
Está difícil ver a vida melhor no futuro, principalmente a Educação.
É isso.


                                       

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Família

                                      



Eu sou observadora; gosto de observar, ouvir, reparar nos detalhes, nas entrelinhas e assim, formar uma ideia ou opinião.
Somos primeiro julgados pela aparência e como é bem sabido, as aparências enganam, e muito.
Olhamos as pessoas e as julgamos como legais, chatas, calmas, estressadas, metidas, tímidas etc...
Nos perguntamos como serão essas pessoas em suas casas, com seus filhos, cônjuges, suas famílias...
E nós temos a tendência de achar que o outro é mais organizado, que o outro tem uma família certinha, que o outro é isso ou aquilo, mas estamos enganados.
Somos todos iguais em nossas diferenças.
Todos temos família, temos pessoas bacanas e outras nem tanto em nossa família, temos problemas.
Toda família tem aquele que é pau pra toda obra, aquele que reclama de tudo, aquele que se faz de vítima coitadinha, aquele que só faz burrada e traz seus problemas para que a família resolva, aquele que toma a iniciativa e resolve tudo, porque se for esperar pelos outros... É a velha história de sempre, um empurra para o outro aquilo que não quer fazer e usa de mil desculpas e artifícios para justificar seus motivos.
Estava na sala dos professores e ouvia atentamente o que cada um deles falava sobre suas famílias e percebi aliviada que todo mundo tem problemas, todo mundo tem gente folgada e complicada em suas famílias.
Uma professora contava que o cachorro do irmão latia freneticamente enquanto a irmã falava alto debaixo da janela do quarto, a impedindo de dormir.
A mãe reclama de uma coisa, a avó de outra. A filha adolescente folgadinha, a irmã cara de pau que vai tomar café da manhã todos os dias, a sobrinha que pede para ser levada a algum lugar.
Pensei comigo: "Nossa, fulana parece tão séria e centrada, mas tem uma família tão maluca quanto a minha".
Outra professora contou que mora com a mãe porque os irmãos não podem, não têm tempo, espaço ou condições de cuidar dela. Sobrou pra quem?
É sempre assim; todo mundo é família unida até que surjam os problemas e quando surgem, junto vêm as desculpas para não ajudar, participar, resolver.
Ninguém pode fazer nada porque é ocupado com isso ou aquilo, porque tem sua própria família, porque não pode, porque não tem tempo... É uma enxurrada de desculpas e sempre acaba ficando tudo para um só resolver.
Agora, se envolver dinheiro, todo mundo participa ativamente e exige sua parte, claro.
Demos muitas risadas com as histórias contadas pela professora e percebemos que todos temos problemas, por mais que nossa aparência tente mostrar o contrário.
É isso.


                                      



terça-feira, 2 de abril de 2013

Faltam Professores

                            


Fui à escola ontem para falar com a diretora sobre meu projeto de leitura com os alunos, meu horário e minha readaptação. Consegui a bendita após dois anos de laudos, perícias, funcionários do DPME grossos e mal educados e médicos estúpidos e tão grossos quanto.
Já ouvi inúmeras vezes a fatídica pergunta: "Mas o que é que você tem?".
Por fora, nada, mas por dentro...
Enquanto conversava com a diretora vejo um sobe e desce de alunos e fiquei sabendo que faltaram doze professores. Um caos!
Fui à escola hoje já para trabalhar e fui bem contente; gosto do que faço, apesar dos problemas e do salário ridículo. Como pode um deputado ter um salário de R$ 23 mil, mais ajuda de custo para aluguel, combustível e até terno enquanto o professor se lasca para ganhar R$ 1.500?!
Que porcaria de país é esse?!
A Educação no Brasil está em péssima colocação no ranking mundial e ainda cremos que seremos o país do futuro.
Como?
Faltam professores nas escolas públicas, alunos são mal formados, analfabetos funcionais, universitários que não sabem redigir ou interpretar um texto e fazer cálculos básicos de matemática.
Empresas que entrevistam mil candidatos à uma vaga, mas escolhem uma meia dúzia dos menos piorzinhos e contratam professores para ensinar-lhes o que deveriam saber e ter aprendido durante o período escolar e universitário.
Culpam o governo, o sistema, a sociedade, mas se esquecem de olhar para si próprios: Que tipo de aluno é meu filho? Que tipo de aluno sou eu?
Voltei hoje ao trabalho após dois anos afastada, como disse, e perguntei por alguns colegas que não havia visto na escola ontem e hoje e a resposta foi: "Fulano está afastado por depressão... Fulano vai deixar a escola, o salário é pouco e o trabalho e o stress são grandes..."
Acho que isso explica a falta de professores.
Outro motivo para o desânimo é o comportamento dos alunos que não demonstram o menor interesse em estudar e o não têm respeito pelo professor.
Andam pela sala, gritam, falam palavrões, levam seus malditos celulares e gadgets (parafernália eletrônica), ignoram o professor e agem como se dissessem: "Não estou nem aí".
Há alguns pouquíssimos interessados, mas que são atrapalhados pelos alunos ruins.
Entrei na sala para falar sobre o projeto de leitura e vi e ouvi expressões de desagrado. Tive que levantar a voz para me fazer ser ouvida enquanto gritavam, riam, andavam pela sala, brincavam e ignoravam e desrespeitavam a presença da professora em sala de aula.
Mas quando os pais são chamados para uma reunião com professores ou a diretora, esses mesmos alunos se transformam nas criaturas mais dóceis, meigas e educadas do planeta e os pais acham que a escola é uma vilã e os professores são todos bruxas e bruxos malvados.
Fui depois para outra sala com adolescentes mais velhos e esperei que o comportamento fosse mais maduro e respeitoso que o de uma quinta série, ledo engano.
Conversava com um aluno que lia um livro! Fiquei interessada e me aproximei dele para saber mais; uma aluna se aproxima de onde estamos e puxa conversa com o colega sem pedir licença. Disse-lhe que ela deveria pedir licença antes de puxar conversa com o colega vendo que eu conversava com ele.
Ela desculpou-se.
Alunos de costas para a lousa, o professor e o resto da sala, demonstrando total desrespeito e descaso por todos.
Vi tudo isso hoje no primeiro dia de trabalho após um tempo fora. Decepcionante, para dizer o mínimo.
Entendo o porquê de tanta falta de professores e não culpo meus colegas por isso.
Muitos estão deixando o ensino por outros empregos e ocupações e os entendo bem.
Não é justo termos tantas cobranças para sermos pagos um salário ridículo e sermos desrespeitados pelos alunos em sala de aula!
Cheguei à escola bem animada e alguns colegas e antigos alunos me cumprimentaram e me deram as boas vindas, mas quando encarei a realidade vi que esta não é nada fácil ou bonita.
E por falar em bonita, a professora que está de licença médica por depressão é uma moça jovem que ainda não tem trinta anos. É uma moça bonita com belíssimos traços morenos.
Agora imagina eu com depressão e esse carão acromegálico... Ferrou!
No final do dia a diretora perguntou se eu estava bem e eu estava cansada e dolorida. Acho que isso deve-se exatamente ao primeiro dia de trabalho após um tempo afastada.
Falei com um conhecido que me perguntou como eu estava e se eu teria condições de continuar e, honestamente, estou em dúvida e meu ânimo murchou.
Minha saúde não é das melhores e já passei por muitas internações e cirurgias devido à Acromegalia. Meu médico acha melhor eu não voltar a trabalhar para não piorar meu quadro clínico de artrose e dores crônicas e depois de hoje comecei a mudar de ideia e achar que ele está certo.
Digo isso com dor no coração, mas o Ensino no país está um lixo e os alunos estão pouco se lixando para professor, educação, escola, formação, futuro e os cambau. Só querem ficar em grupinhos, rindo que nem antas alegres, com fones no ouvido escutando musiquinhas infames e tirando fotos no celular.
Fotos com pescocinho e beicinho.
É isso o futuro do país?
Que adultos serão esses jovens?
Que profissionais serão esses jovens?
Acho que as empresas continuarão com falta de profissionais qualificados e tendo que escolher o menos pior e ensiná-lo aquilo o que seu diploma assegura que ele sabe ou deveria saber.
O dia de hoje foi decepcionante e vou até onde puder aguentar. Não vou desgastar minha pouca saúde com inúteis que vão à escola para passar tempo!
É isso. Infelizmente.