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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Chuva Boa

                                



Chove. Graças a Deus.
Bem vinda seja a chuva.
O tempo mudou radicalmente, de um calor de trinta graus para o frio de quinze graus. E a chuva, que finalmente apareceu por aqui.
Ainda não será suficiente para sanar o problema de falta d'água, mas alivia a secura do ar, a poluição e nos livra da molecada na rua e da gritaria de suas mães sem noção. Bem vinda seja, chuva!
Como diz a melosa e over dramática Sandra Anennberg: "Que deselegante!"
É o tempo todo o "Entra fulano, sai da rua cricrano, vem pra casa beltrano". Em vez de educar melhor as pestes, a mãe tenta resolver tudo na base do grito.
Os filhos estão tão acostumados que nem ligam, dão de ombros e continuam a jogar bola na rua estreita e movimentada, a atravessar correndo e sem olhar para os lados, a correr pra lá e pra cá sem o olhar atento de um adulto... Quando a mãe percebe que estão todos na rua, começa a gritaria. 
Como diz o tio Francisco do Paraná: "Diferençô muito".
É isso.



                                  



quinta-feira, 31 de julho de 2014

Exausta

                                 


As dores articulares estão cada vez mais fortes e incômodas. O joelho direito dói, pesa, entreva e dificulta o caminhar.
Levantar da cama, cadeira, sofá etc... está difícil e não tenho muita firmeza nas pernas.
Saí do trabalho e fui ao banco; procurei vagas na avenida e na rua lateral, nada, o jeito foi deixar no estacionamento do simpático e sorridente velhinho de cabelos brancos. O problema é que fica meio longe para eu andar até o banco e se acho vaga rua, quase impossível, não tenho que andar tanto.
Chego ao banco e ainda tenho que subir escadas; foi custoso, mas consegui.
Rapei da conta os últimos cinquenta reais que tinha; acabara a ração dos gatos e comprei o que deu. 
Banco, rua, casa de ração e finalmente chego em casa. Estava exausta!
Alimentei meus bichanos lindos, troquei areia e a água e desabei no sofá com Alice e Loretta. O corpo doía, as pernas doíam e uma fraqueza me abatia.
Acordei com os gritos da molecada pouco inteligente que insiste em jogar bola na rua curta, estreita e tomada por carros e caminhões. As mães, igualmente irresponsáveis, só ficam no grito e a molecada ignora e segue no risco de um atropelamento ou coisa pior.
Detesto essas mães escandalosas que só sabem gritar mas não sabem educar seus filhos.
É o tempo todo gritando os nomes do filhos, tanto que já decorei todos!
Levantei com fome e comi manga, uva e melão; adoro frutas. Fiz um caldinho de fubá, dá sustança, como dizia mamãe e meu povo antigo.
Vontade de tomar café, mas a essa hora não combina muito.
Estou com sede, vou tomar água.
É isso.



                                  

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Abraço Amigo

                            




Volto para casa e ao virar a esquina vejo a cachorrada na minha calçada.
Devem estar com fome, pensei.
Têm outras casas, mas só vão à minha, só procuram a mim.
Desci do carro para abrir o portão da garagem e recebi o abraço mais fraterno, verdadeiro e amoroso que pode existir: Fofão, o cachorro magrinho e peludo me envolve em um demorado abraço com suas patas magras e compridas. O abracei, nos abraçamos. 
Os vizinhos me olhavam como se eu fosse louca.
Guardei o carro, entrei e voltei em seguida com ração e água fresca.
Fofão, Nina, Ananias, Bonitão, Loirinho e Café...
Todos alimentados e felizes.
Peço a Deus que eu sempre tenha saúde.
Amem.



                                 
                                  

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Rua e Cidade



Antigamente dizíamos que quando alguém saía, tinha ido à cidade. Ou se fosse a algum lugar pelo bairro mesmo dizíamos que tinha ido à rua.
Ir à cidade significava ir ao centro ou aos bairros próximos que eram mais desenvolvidos, tinham bancos, agência de correios, lojas e outras melhorias que nosso bairro simples não tinha.
Ir à rua significava ir ao açougue, padaria ou mercadinho do bairro mesmo.
Hoje não usamos mais esses termos, dizemos que vamos ao banco, ao Carrefour, ao Extra, ao Correio, quando vamos para um pouco mais longe. Quando vamos aos locais do bairro, dizemos que vamos à padaria, ao açougue ou farmácia próximas.
Mas no interior dos Estados do Nordeste esse hábito ainda persiste.
É muito interessante como nossa língua varia de lugar para lugar.
É isso.

sábado, 1 de setembro de 2012

Marginal Tietê

                                         

Vinha pela rua e parei para que um carro pudesse manobrar. Sou educada.
Enquanto aguardava, fiquei observando a Marginal Tietê, bem atrás do Corinthians.
Eu gostava de passear pelas famosas ruas de São Paulo e sair por aí sem destino, mas parei de fazer isso, pois temo a violência nas ruas, bêbados ao volante e toda sorte que problemas advindos da irresponsabilidade das pessoas.
Lembrei de papai e suas infinitas "inguinóranças", lembrei de quando ele nos dizia: "Vão barrê (varrer) a rua, vão contar quantos carros passam na rua..."
Naquela época era comum nos sentarmos na calçada e observarmos os meninos jogando bola, as pessoas passando pra lá e pra cá e cumprimentando mamãe que conhecia, conversava e cumprimentava todo mundo. Em dias de eleições eu dizia que parecíamos sapos na lagoa, pois tanto na ida quanto na volta encontrávamos as pessoas e dizíamos "oi".
Eram muitos "ois" e por isso parecíamos sapos na lagoa: "Oi, oi, oi..."
Fubá diz que sapos fazem "Uêbati, uêbati", tanto que batizou de "Uêbati um sapo feito por tia Dolores e que servia de peso para segurar porta.
Noites de calor e era difícil dormir com o calorão e as muriçocas zunindo em nossos ouvidos, então ficávamos na calçada até refrescar um pouco e enquanto isso observávamos o movimento e contávamos quantos carros entravam e saíam do motel que fica bem na esquina da Marginal Tietê.
Ficávamos eu, minha irmã Rosi, nossa prima Neide de Pernambuco e uma tia nossa e apostávamos: "Aquele carro vai entrar no motel... Aquele vai seguir pela Marginal..."
Coisa mais boba, mas era divertido. 
Não tínhamos muitas opções como hoje, não tinha TV a cabo, Internet, celular, redes sociais e essas modernagens todas e as pessoas eram mais próximas, menos estressadas e até mais felizes. Acho eu.
Talvez.
Hoje está tudo tão moderno, tão adiantado, temos centenas de amigos virtuais e na realidade somos sós, a maioria das vezes. As pessoas se encontram para um bate papo em uma mesa de barzinho, por exemplo, e o que é que elas fazem? Cada uma saca seu celular modernoso e verifica mensagens, posta isso, comenta aquilo... e o bate papo real ficou só no virtual.
Sei lá. 
Estou meio nostálgica hoje.
Acho que o tempo vai mudar, me dói tudo, o corpo e a alma também.
É isso.

                                 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Banho

Toda criança passa pela fase de não querer tomar banho e pela vontade de tomar muitos banhos. As fases variam de duração.
Mas a fase de não querer tomar banho durou muito tempo com Fubá.
Ele brincava o dia todo na rua (numa época que era possível e seguro crianças brincar na rua), jogava bola, corria, se escondia, subia nos muros. Enfim, vivia a vida de menino.
Anoitecia e mamãe chamava Fubá para casa; estava na hora de tomar banho, jantar, fazer a lição e depois se agasalhar (deitar). Mas Fubá não queria saber nem fazer nada disso, queria ficar na rua o mais que pudesse.
Aos poucos as mães dos outros meninos os chamavam e repetiam  a mesma ladainha: banho, janta, lição e cama.
Fubá finalmente vai para casa e janta, sem tomar banho.
Mamãe reclama: "Você vai jantar sem tomar banho? Então tome banho antes de fazer a lição".
Fubá responde: "Não preciso tomar banho não, mãe. Eu tô limpo, ó". E Fubá mostrava o braço suado e sujo pelas brincadeiras de rua com os colegas.
Hoje Fubá toma banho e é vaidoso; está sempre cheiroso.