quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ruas de São Paulo

São Paulo
                                             
Papai saía muito cedo para ir ao trabalho. Saía de madrugada e caminhava pelas ruas escuras do bairro de muitas chácaras até o ponto de ônibus.
Papai se despedia de mamãe e Mãevelha, que já estavam de pé preparando o café para quando nós acordássemos.
Lá pelas seis e meia mamãe saía para o trabalho que ficava perto de nossa casa.
Papai nos olhava enquanto dormíamos e fazia seus pedidos a Deus e a Padim Ciço do Juazeiro; pedia que ambos protegessem sua família, sua casa e o acompanhasse até o trabalho e o trouxesse de volta são e salvo para casa. Amém.
Papai sempre trazia um pacote de bolacha ou pão sovado. 
Papai falava sobre as ruas do bairro onde trabalhava e eu adorava ouvir e viajar na imaginação: Rua Taquari, igual ao nome da fazenda onde nasci; Rua dos Trilhos, e eu imaginava trens indo e vindo; Rua da Moóca, e eu me perguntava que nome era esse, Baixada do Glicério e eu me perguntava: "Por que baixada? E o que é Glicério?", Largo da Concórdia, Rangel Pestana, Rua do Gasômetro, Santa Cecília, Brás, Parque Dom Pedro, Vila Maria, Penha...
Eu dizia para mim mesma que um dia iria conhecer todas as ruas de São Paulo, principalmente as que papai tanto falava.
De todos bairros e ruas, gosto do charmoso e bucólico bairro da Penha, foi para lá que fomos quando nesse Santo São Paulo chegamos. Passamos pela longa Avenida Amador Bueno da Veiga, passamos pela Rua Itinguçu até chegarmos à casa do tio Manoel Gomes. O tio dizia que morava na Vila Ré, mas suas filhas diziam que era Jardim Popular. O que importa é que ambos ficam na região da Penha.
Quem sabe um dia eu não volte a morar na Penha?
Tomara meu Deus, tomara.


                                           

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