terça-feira, 19 de junho de 2012

Aquário

Baiacu
                                     
Fui ao Pet Center da Marginal Tietê.
Tarde chuvosa, cinzenta, melancólica; diferente das ensolaradas e frias tardes outonais. Mas antes da chuva havia uma bela luminosidade onírica.
Observo muito e me encanto com as mudanças e as nuances da Natureza e isso para mim é Deus, como todo respeito à todas as religiões, fés, crenças etc...
Acredito que Deus fala por meio de Suas criações e não precisamos, na minha opinião, de templos de pedra, cimento, cal, adornos e luxo para encontramos o Criador, Ele está em tudo, basta nos despir de nossas certezas absolutas, de nossa arrogância, petulância e outras manias erradas e negativas para vê-lo, senti-lo, ouvi-lo. Somos parte de um todo, estamos interligados, conectados. 
Não pretendo aqui catequizar ou converter ninguém, já fizeram isso séculos atrás e continuam fazendo.
Bom...
Falei tudo isso como uma introdução para o fato ocorrido hoje; mais um causo da minha mente e espírito maluquetes.
Foi assim: Fui comprar ração para a gataida e encontrei o Pet Center mais vazio e fácil de circular por entre seus corredores; fins de semana fica difícil.
Parei em frente ao aquário e observei os diversos peixes coloridos e o preguiçoso tubarão que está sempre deitado a cochilar. Um simpático baiacu dava voltas pelo aquário e parava perto de mim, parecia que me observava. Eu dei uma volta em torno do aquário e o baiacu fez o mesmo; parei e ele parou, fiz um carinho pelo vidro e ele ficou parado exatamente onde estava minha mão a "acariciá-lo". Ele parecia sorrir.
Ficamos um tempo assim: eu e o baiacu. Nos olhamos, sorrimos, conversamos, nos  acariciamos. Um enorme sentimento de comunhão, de união, de fazer parte de algo, de um Todo. 
A pessoa que me acompanhava disse que eu devia estar maluca, pois onde já se viu falar com peixes?! Eles não sabem de nada! São apenas animais com cérebro pequeno e que não sabem do que eu estou falando!
Pode ser.
Enquanto trocava uma ideia com o baiacu simpático, lembrei de um trecho do livro "Fahrenheit 451" de Ray Bradbury, falecido há algumas semanas, e que diz mais ou menos o seguinte: Os livros serão queimados por serem uma ameaça à humanidade. As pessoas devem sair do trabalho e ir direto para casa e vice versa; pessoas caminhando tranquilamente pelas ruas e apreciando o por do sol e a paisagem, serão presas e multadas. Os carros serão extremamente velozes, que é exatamente para ninguém parar para apreciar o que quer que seja; sentimentos não existirão e as pessoas não conhecerão a palavra felicidade e não saberão seu significado. Telões enormes em casa para confirmar a presença do poder político dominante por meio de novelas, jogos e outras programações cuidadosamente preparadas pelo governo para garantir seu domínio e a segurança nacional.
Acho que já vivemos algumas dessas tiranias: temos lixo na TV e na música que encanta milhões; temos carros velozes que honestamente não sei para que servem se não passam da segunda marcha quando a Marginal Tietê está congestionada, o que é praticamente todos os dias!
Acho que as pessoas estão mais distantes, estão conectadas à uma realidade virtual usando inúmeras parafernálias internéticas-cibernéticas e na verdade a realidade de suas vidas não é tão linda e glamourosa como a feliz e efêmera realidade virtual.
Sim, eu faço parte da modernidade, mas prefiro o contato real com a vida real, com gente real e até mesmo bater um papo agradável e real com um simpático baiacu.
Ah, sim...Eu já disse que sou normal?
É isso.


Foto tirada da varanda da casa do meu irmão; belo pôr do sol
                                

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