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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Terras Distantes

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Ventos frios, terras distantes e frias.
Ventos quentes, terras distantes e ensolaradas.
Viajava pelo tempo, pelo espaço e por mundos próximos e distantes; voava por entre eles.
Ventos frios...
Dor de cabeça, marteladas, sangue quente, fervente e borbulhante: pressão alta, sempre alta.
Sinto que um dia esse sangue todo não será mais controlado pelos remédios e explodirá, extravasará e me matará. A base do meu problema está na minha cabeça, literalmente. Tumor cerebral e pressão alta que atormentam minha saúde.
Mas quando essa explosão sanguínea acontecer, que seja daqui a cinquenta anos, pelo menos, e que me leve de uma vez. Sem ter que ficar presa a aparelhos e sofrer toda a agonia que já sofri; quero isso não.
Não quero sofrer e nem causar sofrimento, quero ir de uma vez: explodiu, partiu.  Morreu, enterrou, acabou-se o que era doce. 
Dia bonito, ensolarado e frio. Vai chover mais tarde e esfriar mais ainda.
Levantei cedo e cismei que não queria ficar mais na cama; os gatos reclamaram.
Alimentei minhas feras peludas e sempre famintas e fiz meu café. Fui para a sala e liguei a TV, não tinha noção do tempo e não sabia que horas eram. Estava no final do Bom Dia Brasil e logo em seguida começaria o programa da Ana Maria Braga que mostrou uma reportagem muito tocante: o amor entre avó e neta. Domingo é dia dos avós.
A avó sofreu um AVC - acidente vascular cerebral/derrame, e ficou internada por um tempo e sem poder ver a neta. Quando voltou para casa, a menina chorou de emoção e abraçou muito a avó; achei aquilo tocante e lindo.
Lembrei dos meus avós. 
Da minha avó Mãevelha, sempre trabalhadora, séria e com muitos cuidados para com suas amadas cravinas.
Do meu avó paterno José, sempre montado em seu cavalo, sempre com uma tristeza profunda em seus belos olhos verdes transparentes. Eram olhos tão lindos. O pedaço enorme de bolo de araruta com um copão de cajuína que ele me dava sempre que íamos à sua bodega. Eu adorava.
Do meu avô materno João Gomes, meu Paipreto, sempre me protegendo, me "apunindo"nas minhas artes e "danadices" que deixavam mamãe e Mãevelha doidas comigo e com ele.
Avó Mariana, mãe de papai, partiu cedo e eu não a conheci. Mas era uma mulher alta, forte e trabalhadora, como todas as mulheres que vivem no Nordeste; sejam nascidas ou chegadas de algum lugar distante.
Assistia e adormecia lentamente e lentamente a dor de cabeça dominava, martelava, incomodava. A dor me acordou e tomei os remédios, que controlam a pressão desembestada como cavalo brabo que não se deixa dominar porque é livre em sua natureza.
Os remédios me fazem adormecer enquanto controlam a pressão. 
Viajei, voei e caminhei por terras distantes, de ventos quentes e ventos frios.
Cavalos livres.
É isso.


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segunda-feira, 15 de junho de 2015

O de sempre

                                   Resultado de imagem para ventos


O de sempre; fiz algumas pequenas artes no sábado e ontem fiquei dolorida. Normal.
Mas eu gosto de ser ativa e fazer as coisas.
O tempo mudou; os ventos arteiros e brincalhões que balançavam os vasos, as folhas das plantas e as roupas no varal trouxeram o frio e a chuva.
Os ventos e as dores nos ossos anunciaram a mudança no tempo.
Achei tão bonito aquele bailar de vasos pelo chão, dos ventos brincando com o pelo dos gatos.
Agora chove e está bem escuro, faz frio também.
É isso.


                                     Resultado de imagem para vasos derrubados no jardim

sábado, 13 de junho de 2015

Passarinhos

                                Resultado de imagem para potes revirados pelos ventos

O dia ontem não foi fácil e a noite também não.
Abusei do leite, o que não devia, e me dei mal. Tenho certas manias e hábitos alimentares e quase sempre as consequências não são boas.
Raramente tomo leite, não gosto, mas gosto de cuscuz nordestino com leite; vai entender...
Fiz cuscuz, fervi o leite e me deliciei. E como se não bastasse, inventei de bater manga com leite e foi aí que o "bicho" pegou.
Tudo bem até a hora de deitar. Fui para a cama cedo, a programação da TV estava muito chata e pegajosamente romântica; não, não é pra mim.
Li um pouco e depois o sono chegou. Acordei com uma tosse seca e depois vômito. Levantei e tive que trocar pijama e os lençóis da cama; trabalhão de madrugada.
Fiquei naquele dorme e acorda e com o sono entrecortado por sonhos que continuavam quando eu voltava a dormir. Muito doido.
Pessoas, situações, tantas coisas...
Passarinhos coloridos que vinham ao meu jardim para beijar as flores; eram tão bonitinhos. Mas acordo e lembro que meu viçoso e frondoso jardim não existe mais; sobraram algumas poucas plantinhas raquíticas que lutam para sobreviver. 
Eu vou ficar boa e meu jardim vai voltar a ser florido e frondoso, ah vai!
Levantei, cuidei dos gatos, fiz café. Espero a água chegar para eu botar as roupas na máquina.
Estômago ainda irritado, "cheio", incomodado. Vou fazer um chá.
Sábado de céu azul, ventos mornos e bagunceiros. Será que anunciam chuva ou só vieram fazer bagunça mesmo? Vieram ajudar os gatos na bagunça?
Sempre lembro da minha bisavó e de sua "briga" com os elementos da Mãe Natureza. Os ventos levavam as roupas do varal e as deixavam espalhadas pelo mato. Os ventos empurravam a porta da casa e derrubavam potes e panelas tão cuidadosamente areados por ela.
Era uma bagunça só e bisavó reclamava, brigava e bisavô Francisco balançava a cabeça e sorria: "Oxe, Maria, e tu tá falando sozinha, é?".
"Tô não, Francisco. Tu não tá vendo as artes que esses ventos estão fazendo?"
Acho que herdei da minha bisavó, avó e mãe o gosto pelas plantas, pela Mãe Natureza, por falar com os ventos, por ver e entender o que os práticos e normais não conseguem ver.
Acho que somos uma geração de malucas beleza, graças a Deus.
É isso.



                                 Resultado de imagem para eu passarinho eles passarão   Resultado de imagem para passarinhos


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Aos Ventos

                                



Não li muito durante essa semana que passou; as dores de cabeça não me permitiram.
Ainda tentei ler, mas logo os olhos lacrimejam e o borbulhar cerebral se manifesta.
Têm livros, jornais e revistas para serem lidos e têm muitos na fila de espera que eu mesma criei mas que nunca sigo à risca. Coloquei Erico Verissimo no topo da lista, o movi para depois e dei seu lugar a Graciliano Ramos e mudei de novo!
Quero os livros do escritor coveiro, o "Seu Tico", um senhor simples, inteligente e muito articulado. Vi entrevista dele a Fernando Gabeira na Globo News. Concordei quando ele disse que há uma forte psiquiatrização da sociedade e a todos são receitados remédios para combater os males da vida moderna. Todo mundo tem alguma síndrome de alguma coisa!
Quero ler o livro da ex primeira dama da República, Rosane Malta, ex senhora Collor.
Quero ler muito.
Bom...
Com esse dorme e acorda, tenho tido sonhos estranhos, assustadores e alguns simples e bonitos. Gosto de me apegar a coisas boas.
Sonhei sorrindo e rindo em lugar que ventava muito. Meus cabelos aos ventos, minhas roupas brancas que balançavam ao sabor desses ventos brincalhões e eu sorria. Apenas sorria.
Um sonho bom, meu Deus.
É isso.



                                    

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

É isso

Dormi mal mais uma vez. Novidade é quando eu durmo bem.
Estou tão cansada e dolorida.
Tenho tanto o que fazer...
Que os ventos tragam a chuva.
É isso.




                          



quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Poder

                                   



Caí de novo hoje de manhã; parece que virou moda.
Não foi fácil levantar, pois não tenho força nas pernas e na coluna para o impulso e por isso demorei um pouco até conseguir sair do chão.
Não fui trabalhar. Estou decepcionada, chateada, indignada com pessoas, situações e incompetências.
Estou evitando tirar uma licença médica e é mais pela chatice da perícia, onde sou sempre tratada com desconfiança pelos médicos peritos, do que por outra coisa.
Por que pessoas com um simples resfriado conseguem e são bem tratadas e eu não? Será que detestam pessoas com doenças reais?
As dores de cabeça voltaram e isso é sinal de que o tumor está em atividade.
Todos os sintomas da Acromegalia estão se apresentando bem intensamente e isso não é bom.
Mas...
Minha sobrinha Beatriz disse que está com saudade de mim, eu a vi no dia da festinha de seu aniversário e ela estava doentinha. 
Beatriz disse para a mãe que melhorou depois que eu cheguei e achei isso tão bonitinho e tão tocante.
Quem me dera, meu Deus, ter esse dom e esse poder de levar saúde a quem precisa. Se eu pudesse, sairia mundo afora amenizando o sofrimento das pessoas e se me perguntassem o preço ou o valor disso, eu diria: "Apenas respeitem os animais e todas as coisas da Mãe Natureza".
Dia quente e céu azul lindíssimo. O ventos brincavam com as plantas e faziam redemoinhos com as folhas, tão lindo. Depois entraram em casa atrás de mim e eu agradeci a companhia e pedi que trouxessem chuvas.
Permita Deus e o bom Povo lá de cima que os amigos ventos tragam a chuva e nos alivie de todo sofrimento. Amem.
É isso.



                                


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Bom Dia

                                   


Fez uma manhã bonita hoje. Saí para o trabalho, paro no farol e observo a beleza dos ipês amarelos; dei bom dia a eles.
Estava meio frio, mas depois esquentou. Ventos fortes e mornos anunciam chuvas. Tomara meu Deus, tomara.
Sonhei com um passarinho tão pequeno. Eu tentava protegê-lo de todos os perigos e me perguntava como e por que eram enviados problemas tão grandes a um ser tão pequeninho.
Desde criança tenho tido sonhos assim: estou protegendo crianças, bebês e animais. Sonhava também com a morte de mamãe e acordava chorando, agoniada e preocupada, mas ficava feliz ao vê-la deitada na cama ao lado. Algumas vezes levantava no meio da noite, sempre fui insone, e ia ver se mamãe estava respirando. Sempre tive a sensação de que mamãe nos deixaria muito cedo e assim foi.
Têm coisas que não dá para entender ou explicar, só sei que são assim.
Estou cansada, dolorida e sonolenta.
É isso.


                                 

sábado, 15 de junho de 2013

Santa Catarina

                                


Dia frio e cinzento hoje, bem ao modo paulistano. Dias assim deixam São Paulo mais São Paulo ainda. Adoro. 
Venho lá do Sertão quente, seco, esquecido por Deus e pelos homens, principalmente, mas tenho uma queda pelo frio, pelos ventos frios, pelo cinza. Acho que sou assim meio cinza, não sou colorida, não sou de chamar a atenção.
Isso explica o gosto pelo frio, pelo cinza, pela chuva.
Sonhei hoje caminhando por uma cidade praiana muito bonita. Era uma cidade deserta, fantasma; não tinha moradores, mas tinha muita gente olhando o mar. As casas estavam abandonadas, havia algumas já bem destruídas, outras ainda intactas. Roupas no varal sacudiam fortemente ao sabor dos ventos. Ventava muito.
Mas eu percebia em minhas caminhadas por essa cidade que em uma determinada casa os ventos eram mornos e mais delicados e não entendia porque as roupas foram estendidas no varal do lado de fora, onde ventava bem mais forte e fazia muito frio.
As pessoas por ali nada falavam, apenas observavam o mar. Era como se um dia tivessem morado ali e foram apenas para visitar ou se despedir.
Era uma baía azul, com casa brancas de janelas azuis.
Os ventos me fizeram lembrar de Ilha Comprida (SP) e das praias de Santa Catarina.
A partir do litoral sul de São Paulo as águas são frias e o vento é mais forte. Estive em Santa Catarina durante o verão e lá os ventos são fortes e por isso atraem os surfistas. Durante a noite esfria bem e mesmo em dias ensolarados as temperaturas são amenas, bem opostas às esturricantes temperaturas do Norte e Nordeste.
Quero conhecer as praias do Rio Grande do Sul e quanto mais desertas e frias, melhor.
As pessoas vão à praia, principalmente no eixo Rio-São Paulo, para exibir seus belos corpos, seus biquínis e acessórios de marca; raros vão apenas para ver e apreciar o mar.
Eu aprecio e adoro o mar.
Vontade de pegar uma estrada para ir de encontro ao mar.
Quero conhecer a Praia da Joaquina, em Santa Catarina. Reza a lenda que Joaquina era uma rendeira que adorava o mar. Subia as dunas para fazer suas rendas enquanto olhava o mar e um belo dia uma onda veio e a levou. 
Bonita lenda.
Sei lá, dias frios e cinzentos me deixam mais cinza ainda.
Preciso ver o mar azul, verde, cinza...

quarta-feira, 6 de março de 2013

Tapeçaria Chic

                               



Mamãe gostava de comprar produtos de cama, mesa e banho.
No nosso tempo não havia a enorme variedade de lojas e produtos que existe hoje. Tudo é muito prático, fácil de encontrar em um só lugar e difícil achar vaga para estacionar. Sempre.
Mamãe gostava de cortinas e sempre comprava na Tapeçaria Chic, que fica na Antonio de Barros, Tatuapé.
As cortinas eram sempre com tecido duplo; um tecido mais grosso geralmente na cor rosa e o forro mais leve de renda branca. Eu adorava arrumar a cortina e deixar de um jeito que os tecidos rosa e branco ficassem à mostra ao balançar dos ventos. Achava muito chique.
As compras de cortinas e artigos de cama, mesa e banho eram geralmente feitas no final do ano, com o décimo terceiro salário.
Final de ano era época de renovar, de pintar a casa e comprar coisas novas.
Lembro do comercial da Tapeçaria Chic feita pelo casal Airton e Lolita Rodrigues, que apresentavam o programa "Almoço com as Estrelas".
A Tapeçaria Chic tinha lanchonete, uma novidade moderníssima para a época. Lembro de outro comercial feito pelo casal onde Airton Rodrigues está na Tapeçaria Chic e lembra a Lolita Rodrigues que precisam ir porque está na hora do jantar e ela diz que não precisam se preocupar porque tem lanchonete na tapeçaria. 
Às vezes passo pela Antonio de Barros e passo em frente à Tapeçaria Chic, me lembro de papai e mamãe escolhendo as cortinas. Eu ia junto para ajudar a escolher e sonhava com uma casa grande onde pudesse espalhar todos aqueles tapetes e cortinas tão lindos.
Tempos bons aqueles.
É isso.


                             

                                  

                                   
                                

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cavalos

                                                


Amo animais, é público e notório.
Amo cavalos e eles para mim simbolizam força e coragem.
Sempre sonhava com um cavalo amarrado, açoitado e preso ao chão. Eu tentava ajudá-lo a sair dali e ele fazia o que podia, mas amarras eram muito fortes e os prendiam bem firme.
Durante os terríveis momentos, visões e sensações vistas e sentidas em meu coma, vi esse mesmo cavalo sofrendo, sendo açoitado, impedido de seguir seu caminho, tentando se desvencilhar, se soltar... 
"Esse cavalo é você", disse alguém.
Fui podada, roubada do meu direito de ser, fui roubada de minha liberdade e tantas coisas ruins que não vou colocar aqui. Dói.
Amo cavalos...
Cavalos que me levavam ao encontro do meu amado avô Paipreto.
Cavalos que me traziam meu melancólico e coruja avô José.
Passei pelas ruas do bairro e reparo que cada vez há mais prédios, além dos onipresentes caminhões, claro. Em um grande terreno onde estão alguns desses prédios hoje, havia cavalos. Cavalos soltos, livres e a correr lindamente.
Os cavalos não tinham amarras, não tinham freios, selas e nada que os prendesse; eram livres. Corriam e o vento a soprar suas belas crinas e caudas. 
Eu estava a caminho da escola e parei para observar esse belíssimo espetáculo da Natureza. 
Os cavalos pararam para descansar, mas um jovem corria prazerosamente, livremente e lindamente.
Tenho forte sensibilidade e coisas corriqueiras que não significam nada para as pessoas práticas e "normais", significam muito para mim. Marcam.
Minha amiga Cleusa diz que sou uma "esponja" e absorvo tudo à minha volta e não sei se isso é bom ou ruim. Expressões faciais, tom de voz, expressão corporal etc, são percebidos por mim com muita intensidade e posso jurar que o que senti ou percebi não é cisma ou mera implicância; tem alguma ali, sim.
Às vezes, muitas vezes, queria ser prática, fria, menos sensível, durona, "seca", mas não consigo.
Sei lá.
Mas eu dizia que amo cavalos...
É isso.


                                 

sábado, 10 de novembro de 2012

Eucaliptos

                                   

Subia pela Rua Tuiuti e paro em frente ao Parque do Piqueri enquanto aguardo o farol abrir. Chovia.
Observo o balançar das árvores ao caprichos dos ventos, observo o movimento, a dança, a graça e a beleza das árvores.
Lembro do cheiro dos eucaliptos molhados pela chuva e era um cheiro encantador. Não tenho mais capacidade olfativa, mas às vezes sinto a sensação do cheiro; acredito que as informações olfativas ficaram registradas na memória e por isso posso sentir essas sensações cheirosas.
Meio estranho, mas é verdade.
Lembro de nossa chegada a São Paulo em março de 1973 e me marcou a imagem dos eucaliptos dançando ao sabor dos ventos na beira da Via Dutra.
São coisas aparentemente tolas, mas que para mim marcaram muito e são bastante significativas.
Significa uma época de inocência, descoberta e encantamento.
Uma época sem Acromegalia, sem hipertensão, artrose, diabetes, osso deformados, juntas doloridas e o cacete.
É isso.

                             

domingo, 28 de outubro de 2012

Pertencer

                                


Domingo muito quente, temperatura acima dos trinta graus, dá não.
Segundo turno das eleições para prefeito e fui votar. No primeiro turno minha seção ficou no térreo, mas nesse segundo turno tive que subir escadas.
Eu pensei que nada mudaria e eu poderia votar no mesmo lugar de antes, mas como diz meu irmão Naldão: "Si ferrei!".
Subi degrau por degrau e me apoiei na parede, não havia corrimão. A coluna e os joelhos reclamaram, doeram.
Votei e voltei para o carro e saí à procura de um lugar para almoçar, cheguei aos restaurantes lá pelas dezesseis horas mas fui informada que o local acabara de fechar e só abriria de noite, que falta de sorte. Nesse ínterim desaba uma chuva forte com ventos poderosos e furiosos. Lindo espetáculo da Natureza.
Aguardei a chuva passar para eu poder sair à procura de um lugar aberto para poder almoçar. Tenho o péssimo hábito de não comer de manhã, só tomo café preto, puro e forte.
Observei a chuva, os ventos balançando as árvores, o céu cinzento e lindo. A chuva despede-se e um sol tímido esconde-se atrás das nuvens ainda cinzentas e carregadas; que coisa linda!
Às vezes acho que não sou desse planeta, não pertenço a esse mundo. Acho que sou de outra dimensão, outro plano, outra galáxia... sei lá.
Sou sempre incompreendida, quero dizer uma coisa e tento explicar mas algumas pessoas não entendem e pensam que as estou desmerecendo ou duvidando de sua inteligência. Não é isso não.
Tenho esse hábito de explicar, acho que é pelo fato de ser professora, não tenho a intenção de chamar, pensar ou dizer que as pessoas são burras, longe disso.
Às vezes acho que caí de paraquedas nesse mundo, fui jogada aqui por acaso e à própria sorte e sempre acompanhada pela minha fiel companheira, a solidão.
Sempre fui muito responsável por coisas, pessoas e situações que não deveriam ser jogadas nos ombros de uma criança; nasci uma criança velha.
As cobranças, críticas e defeitos. Nada nunca estava bom.
As responsabilidades...
Fiz e faço quase tudo sozinha, vou pra lá e pra cá sozinha, não tenho um/a personal acompanheitor sempre à disposição... Não gosto de incomodar, atrapalhar, sou muito na minha.
Bom...
Mas eu falava da chuva, do céu e dos ventos...
Acho que não sou daqui, não pertenço a esse lugar.
Um dia irei caminhar pelas terras frias do sol da meia noite, vou com os ventos anunciar chuvas e tempestades, vou andar pelo meu Sertão, vou caminhar pela praia de mar azul, vou voltar a conviver com as coisas da Natureza, de onde devo ter saído meio sem querer e sem saber.
Acho que é isso, não sou daqui e por isso sou incompreendida.
Afasto-me e aguardo o dia de voltar para onde pertenço.
Sou normal, embora possa não parecer. 
Só estou cansada.
E a vida segue.
É isso.

                                 

                                 

                              

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

São Francisco e o Dia dos Animais

                                   

Hoje é dia dos animais, dos cães e de São Francisco.
São Francisco falava com os ventos, com os animais e com as coisas da Natureza.
São Francisco entendia as necessidades dos bichos e reza a lenda que tranquilizou um lobo feroz e tornou-se seu amigo.
Foi assim: O lobo faminto e feroz atacava o pequeno vilarejo em busca de alimento. As pessoas temiam o lobo e o odiavam pela bagunça, temor e destruição que ele deixava pelo caminho.
Houve um reunião no vilarejo onde todos concordaram em preparar uma armadilha para pegar o lobo e destruí-lo, mas Francisco estava por perto e decidiu ajudar ambas as partes: lobo e vilarejo.
Francisco espera pelo lobo e quando este se aproxima, inicia-se uma conversa: "Por que você ataca a vila de pessoas humildes que batalham pela própria existência, irmão lobo?"
"Mas eu também batalho por minha existência, irmão Francisco! Não faço por mal, faço porque tenho fome".
Esclarecidas as razões dos ataques do lobo, Francisco volta ao vilarejo e explica a situação às pessoas de lá e desse dia em diante o lobo não precisou mais atacar, pois os moradores deixavam comida para ele.
Francisco, o lobo e o povo do vilarejo tornaram-se amigos e viveram em paz.
Basta conversar.
Que São Francisco abençoe minha casa, minha gataiada e meus dois peixes; eram três, mas Bianca faleceu e ficaram apenas Betanilson e Betânia.
Que São Francisco abençoe a todas as pessoas que amam os animais.
Que São Francisco abençoe também as pessoas que não gostam de animais e que as faça entender que respeitar é preciso.
Como eu sempre digo, não precisa amar, mas tem que respeitar!
É isso.

Preta Maria e sua coruja de estimação
                             

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Chão

                                                

Coloquei uma cadeira lá fora para me sentar e observar minhas plantas.
Fica um contraste bonito, o verde das plantas contra o branco da parede.
Algumas flores desabrocham e as flores vermelhas que tenho atraem beija-flores , é o que dizem os entendidos.
Mas com essa minha gataiada não tem beija-flor ou outro passarinho que resista!
Eles ficam ouriçados e querem porque querem que eu os ajude a pegar os bem-te-vi e maritacas que pousam no muro alto da nossa casa. Só se eu voasse. E mesmo que pudesse, eu jamais faria mal a criatura nenhuma.
Hoje o fim de tarde foi lindíssimo; a luz tinha um dourado onírico, diferente e lindo.
Acho que estou lendo muita poesia.
Bom,
Sentei-me na cadeira e tirei os chinelos, pés no chão.
Chão de terra, chão simples.
Os pisos modernos são gelados e fazem doer as juntas.
Pés no chão, Morena Rosa no colo, olhar no céu, na luz do fim de tarde, nas plantas.
Lembro do chão de terra vermelha, da poeira, dos ventos fazendo redemoinhos, brincando entre as folhagens das plantas e anunciando a chuva. A tão esperada chuva.
O cheiro de terra molhada, o cheiro do café forte e delicioso de Mãevelha, o cheiro do mel de engenho com farinha no prato de meu Paipreto, o cheiro dos temperos de mamãe, o cheiro de saudade.
Cheiro de chão. Pés no chão e cabeça ao vento.
Despir-se da normalidade e vestir-se de liberdade é bom às vezes.
É isso.






                               



domingo, 27 de maio de 2012

Fim de Tarde

Fim de tarde do meu portão
                                              


Adoro fins de tarde.
Paro para observar a claridade dourada, a luz, a sombra, o comportamento dos pássaros e da Natureza.
Tem gente que não liga para isso, acha que é bobagem; gente que apenas vive a vida prática, fria, insensível às vezes.
Fui tomar minha dose mensal de Sandostatin LAr e claro, teve alguma burrocracia até eu conseguir tomar a bendita injeção.
Volto para casa. Era um belo fim de tarde.
Observo o movimento das folhas das árvores sob o sabor dos ventos, o azul do céu, o dourado da tarde que se despede aos poucos para dar lugar à noite. É o crepúsculo.
Tudo e todos dormem. Tudo e todos precisam descansar. Tudo e todos amanhecem até o dia que cumpram seus ciclos e não amanheçam mais por aqui, mas em outro lugar.
A passarinhada corre para as árvores, é hora de dormir, de se aconchegar em um cantinho e descansar; amanhã mais uma batalha pela vida.
Observo esse movimento, essa mudança diária. Observo a Natureza, a vida, o ciclo.
Às vezes acho que não sou muito normal.
Mas normal é ser frio, prático demais, insensível? 
A vida não é apenas trabalho, obrigações, convenções, muitas vezes fingir aquilo que não é apenas para ser aceito em um grupo, por exemplo. 
Não, isso não é para mim.
Gosto dessa minha relação com as coisas da Natureza.
A vida moderna é tão rápida e tão corrida que são taxados de loucos aqueles que desaceleram um pouco para apreciar a dádiva da vida.
Agradeço por poder ver, ouvir, sentir e viver.
Sou normal.
É isso.


                                               

quinta-feira, 17 de maio de 2012

São Lázaro

                                               


São Lázaro é associado à lepra e aos cachorros.
Papai contava a história de um velhinho leproso que causava repugnância às pessoas de um vilarejo à época de Cristo e que certa vez soldados romanos atiçaram cães contra o pobre idoso. Mas os cães lamberam suas feridas em vez de o atacarem, daí a associação de Lázaro aos cachorros.
Ouvi outra história sobre São Lázaro e essa vem de seguidores das belíssimas religiões africanas.
Lázaro, o leproso, foi convidado a participar de uma festa com outros orixás.
Lázaro tinha consciência de sua aparência leprosa e recusou o convite, tinha receio que as pessoas o julgassem por sua aparência e o evitassem. Omolu e Obaluaê são os nomes africanos de Lázaro.
Mas a bela e sedutora Yansã o convence a ir à festa e sugere que Lázaro cubra seu corpo, assim poderá se divertir sem incomodar ninguém. 
Lázaro cobre-se com um manto feito de palha.
Yansã convida Lázaro para uma dança e como é dona dos ventos, raios e trovões, provoca uma pequena ventania ao dançar, fazendo com que Lázaro fique descoberto.
Todos param para olhar e em vez de um velho leproso coberto de feridas, está ali um homem forte, saudável e belo.
Aparência.
Tenho respeito por todas as fés, crenças e religiões, mas tenho um chamego maior para com os Orixás Africanos. 
O batuque dos tambores e atabaques chamam, encantam, seduzem.
Lázaro é aquele que leva as doenças e traz a saúde.
Permita Deus.
Amém.


                                            


                                           

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Alho

                                          


Cheguei agora a pouco das minhas correrias diárias.
Cheguei com dor de cabeça, tomei um banho para aliviar um pouco, tomei meu remédio, deitei no sofá e liguei a TV.
Escuto gritaria, palavrões, discussões e muito bate boca e o que mais me chamou a atenção foi o motivo: alho.
A vizinha esganiçada bradava aos quatro ventos que não queria alho, não gostava de alho, não ia comer alho e ninguém a obrigaria a comer alho!
Tive que rir e até me esqueci da minha dor de cabeça.
Tá bom, então. Se ela não quer comer alho, tudo bem.




                                              

quarta-feira, 21 de março de 2012

Outono

                                           


O Outono chegou, que bom.
Céu de intenso e belo azul, sol e ventos frios.
Folhas que mudam de cor e caem. Belo espetáculo da Natureza.
Outono, Primavera e Inverno sim, Verão não.
Mas o Outono e as estações frias me dão uma certa melancolia, então...
Verão sim, mas com moderação. Nada de temperaturas ferventes. Deus me livre!
É isso.


As quatro estações