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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Desligar

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Dor de cabeça há algumas semanas; principalmente do lado esquerdo do rosto e no olho esquerdo.
Tomei remédios e tentei relaxar, mas tem sido impossível: muito barulho.
Parece que todos os cães, gatos e pessoas da vizinhança se uniram para fazer barulho e incomodar, muito, àqueles que querem e precisam de algum silêncio.
Gosto de ficar quieta no meu canto e, quando tenho minhas dores, gosto mais ainda. Deitar no sofá, ligar a TV, dar uns cochilos e tudo com silêncio, paz e tranquilidade. Meio difícil ultimamente.
É coisa minha, mania, talvez, mas para "desligar" é preciso de alguma quietude, silêncio, sossego e ontem foi exatamente ao contrário.
Para piorar, vizinhos fumam nos fundos e toda a fumaceira vem pra dentro de casa, da minha casa! Detesto cigarro!
Estou um caco hoje. Impaciente, dolorida e precisando urgentemente de um café.
Dor de cabeça chata!
É isso.






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segunda-feira, 11 de maio de 2015

É isso

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Faz tempo que não escrevo.
Faz muito frio também.
Estive bem doente nessas duas semanas que passaram. Dores, vômitos, nada parava no estômago, dores incapacitantes e precisei ser levada ao hospital do Servidor Público Estadual.
Fui domingo passado e achando que tudo seria rápido por exatamente ser domingos, me enganei.
Estava muito cheio, enfermeiros grosseiros e em cada canto, um aparelho de TV. Todos ligados em volume muito alto e isso incomodava muito.
Pedi inúmeras para alguém tomar uma providência e só ouvi desculpas. A filha de uma senhorinha desligou o aparelho da tomada e assim tivemos algum sossego.
Fiquei na "sala dos esquecidos". Raramente alguém ia lá e precisávamos implorar para que nos atendessem e medicassem. Permita Deus eu nunca mais precisar voltar para aquele terror barulhento.
As coisas não estão bem e isso me incomoda, me revolta e me assusta.
Sempre problemas, sim, mas quem não os têm?
Todos nós temos.
Mas cada um sabe o peso da cruz que carrega e a minha está bem pesada.  
Tão pesada que minha coluna já está doente de novo e dói muito e entreva. Travou tudo e eu não podia me mexer sem gritar de dor.
Joelhos com artrose; inchados, doloridos, gorduchos.
Já passei por tanto. Quando isso tudo vai acabar? Quando poderei andar de novo com minhas próprias pernas? Quando poderei viver minha vida simples e sem frescuras cercada por aquilo e aqueles que mais gosto?
Um dia sem dor é uma dádiva, uma benção, uma raridade.
Remédios caros, muito caros, absurdamente caros. Acabou o dinheiro, graças a Deus.
Faltou pagar a conta de luz e o plano de saúde; e agora, José?
Quando a gente tem saúde é tudo mais fácil: vida, família, amigos...
Quando a gente fica doente a gente incomoda, sem querer, a todos. As pessoas têm suas próprias vidas, seus próprios problemas...
E eu prefiro ficar no meu canto, me juntar às pessoas nos momentos de alegria e diversão. Ir ao cinema em grupo é muito divertido. Ir às festas italianas que acontecem todo inverno também é muito bom.
Mas sem andar?
Nem todo mundo tem paciência para esperar, para perguntar se o local tem cadeira de rodas, acesso para cadeirantes etc... 
Nem todo mundo é igual a todo mundo.
Pensei que depois de tudo o que passei e de todos os procedimentos que fiz, estaria agora livre, leve, solta e saudável para viver bem pelo resto da minha vida... Mas não aconteceu, ainda.
Às vezes penso que teria sido melhor não ter resistido ao coma e todos esses problemas não estariam acontecendo agora, mas fugir à luta nunca fez parte do meu show.
Acho que é isso. Estou cansada de lutas e batalhas, quero descansar.
É isso.



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segunda-feira, 30 de março de 2015

Ilha

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Toda segunda-feira tem mini culto na casa da vizinha antipática, metida, que não dá um bom dia a ninguém e que se acha muito linda, sexy e maravilhosa.
O evento começa por volta das sete da noite e vai até as dez horas; é dose!
Gritaria, cantoria desafinada, um suposto falar em línguas que mais lembra um pedido de comida árabe: kibe, esfiha, ralabibi, ralalala....
Isso são línguas? Na boa.
Preciso aumentar o volume da TV para conseguir ouvir. Quando começa a coisa, solto um "Ai, caramba!", e os religiosos sabem que estão incomodando e jogam indiretas: "Deus abençoe o vizinho do lado direito, esquerdo, da frente... Nós estamos falando a palavra e isso incomoda o inimigo". Incomoda mesmo, e muito!
Deus não é surdo, nem eu!
Inimigo? Eu? Já me chamaram de coisa pior e eu não estou nem aí.
Não dá para rezar ou orar em silêncio? Trocar uma ideia com o Criador na boa, só nós e Ele? Precisa dessa gritaria, desse exagero, da voz tremida que lembra a de um fantasma de filme de terror? Deus quer isso mesmo?
Já fui excluída do Facebook por expor minha opinião e olha minha cara de preocupada. Essas pessoas se acham muito especiais, superiores e melhores que os outros. Não aceitam críticas e opiniões, mas adoram falar mal das religiões dos outros. Hipócritas.
Querem impor aquilo que acreditam ser a mais pura verdade e se julgam possuidores dessa e toda a verdade.
Gente tão religiosa, mas que não ajuda um animal, não rega uma planta e ainda enche a paciência de quem faz isso.
Procuro respeitar a todos e suas escolhas, sejam elas religiosas, políticas, sexuais etc, mas exijo o mesmo respeito de volta.
Não incomodo ninguém com minha fé. Minha fé é silenciosa, é entre Deus e eu, pronto. Encontro Deus todas as manhãs quando levanto e agradeço por mais um dia.
Encontro Deus na beleza exuberante de minhas plantas, na luz do dia, nas nuances da Mãe Natureza.
Estou de saco cheio de gente que se acha muito correta e que quer impor sua religião goela abaixo. Estou de saco cheio dessa mesma gente que me critica por ter muitos gatos, que ameça meus gatos...
Não vou à casa de ninguém para criticar o que talvez considero errado, não ameaço nada de ninguém, nem bicho, nem planta, nem nada.
Bom...
O povo fervoroso foi embora, graças a Deus, e agora são os vizinhos do lado direito que tagarelam e isso vai até a uma da manhã. Estou entre uma piriguete que se acha muito linda e vizinhos que quebram o pau quase todo santo dia.
Quem foi que disse que o homem não é uma ilha?
Adoraria viver em uma ilha. Longe desse barulho todo, do exagero e da hipocrisia. O único barulho que eu queria ouvir era o som do mar bravio batendo nas pedras.
É isso.



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quinta-feira, 12 de março de 2015

Mal humor

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Que dia chato, meu Deus!
E a noite foi difícil também.
Muito barulho, muita conversa, muita irritação, insônia...
Vizinhos que falam o dia inteiro e que esticam a conversa até de madrugada. Pelo amor de Deus!
Era mais de uma hora da manhã e os vizinhos conversando, discutindo, falando... O menino da outra vizinha resolveu compartilhar da minha insônia e chorou e gritou a plenos pulmões. Gritar como se estivesse atuando em um filme de terror é a tática que o pequeno usa para irritar e manipular a mãe. E irritar os ouvidos alheios também.
Carros, motos, aviões e seus motores barulhentos. 
Durante o dia, que começa a partir das quatro e meia da manhã, são os barulhentos motores dos caminhões, carros, motos que passam pelas ruas e durante a noite são os motores/turbinas dos aviões de pequeno, médio e grande porte que sobrevoam as residências do bairro.
Estamos em uma área próxima ao Aeroporto de Guarulhos e o Campo de Marte e é comum o vai e vem das aeronaves. Legal.
Barulho me irrita. Muito.
É preciso aumentar o volume da TV. Fecho os olhos e tapo os ouvidos quando o barulho dos motores dos caminhões parecem ultrapassar as paredes da casa em direção à minha cabeça. É uma coisa chata e incômoda.
Gente que liga a TV em volume alto; conheço muita gente assim.  Minha sobrinha passou o feriado de Carnaval aqui em casa e ao levantar pela manhã, a primeira coisa que faz é ligar a TV e aumentar o volume. Tem precisão disso?
Quer uma haste flexível com algodão nas pontas para limpar os ouvidos?
Não. É hábito mesmo.
Vizinhos tocando as mesmas músicas o dia inteiro. Não enjoa não? Vai arranhar, Deus permita, o CD da Paula Fernandes. Amem.
Estou insuportável hoje. Estou irritadiça, estressada, de saco cheio, revoltada e muito mais.
Mais uma noite mal dormida, dor desgraçada na coluna e no joelho direito, pressão alta, pernas fracas e molengas, tristeza. 
Não bastava ser apenas pobre? Tem que ter logo duas doenças malditas detonando o corpo e a vida?
Não estou boa hoje.
É isso.





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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Caminhar em paz

                                 


O dia está meio lento, bonito, mas lento.
Parece estar em um estado onírico, uma luz de um dourado onírico. 
Percebo coisas, se é que sejam coisas, que pessoas práticas e "normais" não percebem e até acham que tudo isso seja coisa de gente doida. Pois se assim for, doida sou e doida serei!
Não estou muito bem fisicamente, o entrevamento deu uma piorada e minhas pernas ficam duras, fracas e formigam.
Tive sonhos, meus sonhos simbólicos de sempre. Sonhos que sempre me mostram algo mas que eu nem sempre comento ou, se comento, não revelo tudo. As pessoas não entendem e me julgam. 
Como acontece até mesmo com pessoas "normais", esquecemos boa parte do que sonhamos e nos lembramos aos poucos no decorrer do tempo. Acho que é para entendermos melhor o que está acontecendo.
Uma gata preta e branca pedia abrigo para ela e seus filhotes e pessoas em volta jogavam caroços de frutas e outras coisas estranhas na e para a gata; eu intervia e colocava ração para ela. Gente mais besta!
Papai entrava em casa com a gata e os filhotes e eu cuidava deles. Pessoas próximas me criticavam por ter pego a gata e recebo críticas por isso na "vida real" também. 
Eu segurava um gatinho amarelinho e alguém me dizia uma estupidez sem tamanho, mas que me deixou pensativa tanto no sonho como aqui, na nossa vida real.
Andava pelas ruas com os cabelos ao vento e a sensação de paz e liberdade era imensa! Estava descalça, vestida de branco e os ventos brincavam com minhas roupas e meus cabelos. 
Eu andava normalmente, sem bengala, sem dores e sem entrevamento. Eu era livre!
Sem amarras, sem doenças, sem críticas, sem cobranças e sem as mazelas da vida.
Era apenas vida, saúde, liberdade, tranquilidade e paz.
Acordei com o barulho infernal dos motores de caminhão. Com tanta tecnologia e modernidade, será que ainda não descobriram um jeito de produzir/fabricar coisas, objetos, aparelhos, veículos, o raio que os parta, que não façam tanto barulho?!
Tudo é barulhento, de um simples liquidificador a um motor de caminhão... de busão também. As pessoas também são barulhentas, e muito!
Fiquei com o sonho na cabeça... Tinha outras coisas nem tão agradáveis assim, mas prefiro ficar com o caminhar em paz.
É isso.



                                        

sábado, 28 de dezembro de 2013

Mais tempo

                                    



Consegui dormir razoavelmente bem noite passada, apesar do calorão e dos pernilongos.
Precisei sair para comprar ração, café e frutas e o calor estava mais insuportável ainda, trinta e cinco graus!
Ainda passei rapidamente na casa da minha irmã Rosi para desejar um feliz ano novo; eles viajarão para Ilha Comprida amanhã pela manhã.
Fui às compras e não tinha energia elétrica; algumas lojas funcionavam com gerador.
Comprei frutas secas e frescas: tâmaras, damascos, ameixas, nozes, maçãs, melão, uva... Frutas de várias partes do mundo: Turquia, Tunísia, Grécia, Chile...
Comprei azeite turco e estou curiosa para provar.
Resolvi almoçar e me dirijo até o balcão para pegar o prato e começo a escolher os alimentos. Um rapaz alto e obeso passa na minha frente sem pedir licença ou desculpas e ignorou totalmente o fato de eu usar bengala. A criatura mal educada ainda discutiu com a mãe e todos à volta ficaram chocados com a atitude do grosseirão. 
Funcionários da lanchonete Giraffa´s riam, gargalhavam, falavam alto e tiravam fotos enquanto torciam para que a energia elétrica não voltasse tão cedo. Muito barulho.
Realmente vivemos na Sociedade do barulho e todo mundo quer chamar a atenção, de uma forma ou de outra, e que se danem os outros.
Aquele barulho todo começou a me incomodar e despertou a dor de cabeça que eu conseguira controlar com certa dificuldade. Saí do local e voltei para casa.
Trânsito carregado, tarde bonita, sacolas de compras.
Chego em casa e a gataiada fica animada. Dou-lhes ração seca e molhada, tomo bastante água e deito-me no sofá.
Sonho com mamãe e é sempre tão bom vê-la animada, esperta, viva, trabalhando, agitada, alegre. Eu estava lavando louça e mamãe chega e assume o comando. Eu dizia para ela se sentar, eu já estava terminando e iria fazer um café para nós, mas mamãe é teimosa e me ajudava com os afazeres domésticos.
Mamãe conversava animadamente; estava tão bem, tão feliz e isso me deixou feliz também.
É tão bom ver mamãe. 
E eu queria que o Tempo parasse por um segundo só para eu ter mais tempo com mamãe.
É isso.


                                    




quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Tempos

                                      


Já escrevi sobre mágoas.
Eu era criança e não entendia porque os adultos ficavam tristes. Li um dos bilhetinhos da minha amiga secreta, a professora Dona Ana Letícia, e nele ela menciona uma pequena mágoa; ela diz que sou muito criança para entender sobre mágoas, tristezas e problemas de adultos.
Eu tinha treze anos e era criança. Hoje, meninos e meninas com dez, onze anos não se acham mais crianças e se julgam donos de seus próprios narizes e querem tomar suas próprias decisões como se muito adultos fossem. 
É o fim dos tempos.
É o fim dos tempos em que havia mais respeito e educação, de pais e mães que orientavam seus filhos, acompanhavam sua educação e ficavam atentos à qualquer mudança.
É o fim dos tempos em que vizinhos ligavam seus toca discos ou seus rádios e se preocupavam em não incomodar os outros vizinhos. As festinhas de família terminavam cedo porque os adultos precisavam ir para casa para dormir e ir trabalhar no dia seguinte. As músicas tocadas nessas festas consistiam de baladas açucaradas ou ritmos dançantes e não havia letras de duplo sentido ou de sentido explicitamente sexual, como é hoje.
Bons tempos aqueles.
Bom...
Eu comecei falando sobre mágoa e o texto descambou para comportamento social. Acho que o texto foi mudando o rumo meio sozinho...
Falar sobre mágoa magoa ainda mais.
Não vou falar não, só vou sentir. É o que sei fazer de melhor: sentir.
Vou para cama, estou cansada. Noite barulhenta com música alta, fogos de artifício e outros exageros sonoros.
Detesto fogos de artifício, assustam os animais e os deixam desorientados
É isso.


                                         


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Feroz

                                                 


Observava uma foto do aniversário de minha sobrinha Rafaela, há apenas um ano, e me entristeci com os danos causados, as dificuldades, as dores, o entrevamento... Tudo isso aconteceu em apenas um ano.
Há um ano eu podia andar sem bengala, andar por uns duzentos metros sem me cansar muito, sem doer, sem entrevar, mas hoje está tudo diferente.
Hoje fiz algumas coisas pela casa. Coloquei roupas na máquina, limpei o fogão e a geladeira e só faltou limpar o chão.
Eu ia bem, mas comecei a sentir um peso nas pernas, um entravar e as malditas dores, claro.
Sinto-me um robô velho e enferrujado.
Esticar as pernas dói muito; as pernas "acostumaram-se a ficar dobradas e quando as estico, é uma dor absurda. Preciso ficar de pé lentamente até adquirir estabilidade e confiança para poder andar.
Odeio tudo isso.
Tenho falado com novos pacientes acromegálicos e a maioria teme e reclama dos males causados pela doença. Não é fácil.
Tive quase dois anos de tranquilidade, de dores que eram controladas com remédios e depois desapareciam, de poder caminhar com certa naturalidade.
Acabou o tempo e a Acromegalia voltou com tudo.
Veio a Acromegalia como um animal feroz que ataca a presa, que lhe rasga as entranhas, que a devora, que saboreia a carne e o sangue frescos.
E as pessoas são tão cruéis...
Uma moça acromegálica disse que descobriu-se com a doença por meio de uma brincadeira de mal gosto de uma pessoa que estava na mesa com ela e mais outras pessoas.
Essa pessoa, muito da idiota, diga-se de passagem, começou a fazer brincadeiras e comentários maldosos sobre o nariz dessa moça acromegálica e após todos irem embora, ela chorou bastante.
Gente assim deveria se olhar no espelho antes de sair por aí julgando os outros e de fazer piadinhas nada engraçadas.
Detesto quando me olham insistentemente e em seguida fazem comentários, cochichos e depois dão risadinhas.
Conheço gente assim, infelizmente.
Não está fácil pra ninguém.
E é um porre ter que ser objeto de admiração de ignorantes.
Saio quando necessário, faço minha coisas, mas gosto de ficar na minha.
Não sou boa com palavras ditas e quase sempre sou incompreendida; sou melhor com as palavras escritas.
Guardo-me em meu silêncio e transbordo-me nas palavras escritas.
É melhor assim, evita mal entendidos, mal estares, mágoas...
Em meu silêncio guardo meu barulho. 
É ensurdecedor.


                                      

domingo, 7 de julho de 2013

Trovejar

                                      


Assistia à previsão do tempo no telejornal e me lembrei de como reagíamos ao chover, trovejar e relampear.
Os raios rasgavam os céus, os trovões estrondavam e nos deixavam com muito medo e nossa avó Mâevelha andava apressada pela casa a nos dar ordens, a cobrir as imagens dos santos, a virar quadros e espelhos, a nos proibir de pegar ou chegar perto de objetos de metal, a nos mandar ficar quietos para que os raios e trovões passassem logo.
Segundo ela, quanto mais barulho e movimento fizéssemos,  mais fortes e barulhentos seriam os raios e trovões. Era melhor ficar todo mundo quietinho e caladinho, preferencialmente debaixo da mesa.
Nosso avô Paipreto balançava a cabeça e sorria.
A chuva passou, os raios e trovões se acalmaram e nossa avó abria cuidadosamente a parte de cima da porta para espiar lá fora. Estaria seguro? Será que choveria mais? Será que os raios e trovões voltariam?
Olhávamos e esperávamos ansiosos pelas respostas a perguntas não feitas, apenas pensadas e sentidas.
Nossa avó chamava mamãe e dizia: "Pode desvirar os quadros, descobrir os santos, o céu quilariô (clareou). Os meninos já podem ir para o terreiro (quintal) brincar".
Íamos, mas a qualquer sinal de chuva, raio ou trovão, corríamos para dentro de casa e nos escondíamos debaixo da mesa; estaríamos mais seguros lá.
Coisas nossas.
Às vezes dá sôdade (saudade).
É isso.

                
                                     


domingo, 30 de junho de 2013

... La, La, iá...

                                  


Dores de cabeça, na coluna e joelho; madrugada fria, chuvosa e barulhenta. 
Não dá para dormir. Não dá para ser feliz.
Festa, música alta, pagode... la, la, iá...
Alguém chama a polícia; vozes, música desligada. Graças a Deus!
Polícia sai e a música volta... la, la, iá....
Pneus cantando, motores roncando, vozes e o pagode... la, la, iá...
Isso tudo às quatro da manhã.
Silêncio a partir das seis horas, mas às oito e meia o moleque do vizinho, aquele moleque sem limites, respeito pelos outros e educação, sai de casa e vai à casa do amigo chamá-lo. O pai do amigo bota o moleque pra correr; ainda é cedo e é domingo, as pessoas gostam de dormir até mais tarde ou simplesmente ficar na cama.
A tia do moleque mal educado liga o som do carro e toca pagode, mais la, la, iá.
Que coisa chata!
Família barulhenta, vizinhos barulhentos, cada um na sua e que se danem os outros. É assim que se comportam as pessoas atualmente.
O simples, justo e necessário ato de dormir está cada vez mais difícil.
La, la, iá...
Acho que se fizessem versões de músicas infantis em ritmo de pagode, elas ficariam assim:
"Atirei o pau no gato, la, la, iá...
Mas o gato não morreu, la, la, iá..."
"Borboletinha, la, la, iá...
está na cozinha, la, la, iá..."
Chato. Muito chato. Na boa.
É isso.


                                   

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Fogos

                         

Muitos fogos de artifício. Coloridos, bonitos, barulhentos e assustam meus gatos.
Os animais têm audição mais apurada que nós, bichos humanos, e por isso o barulho dos fogos os incomoda.
Estão encolhidos pelos cantos, escondidos debaixo do carro e dos móveis.
Eu particularmente não sou muito fã de fogos, acho que as pessoas exageram nas comemorações e nas explosões.
É isso.