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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Irmã

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Tive um dia pesado, chato e triste ontem. Toda segunda-feira é assim, dizem, mas eu nunca me atrelei a esses hábitos e manias; acho bobagem.
Têm dias bons e ruins, alegres e tristes e isso pode ser na segunda-feira, na terça, quarta...
A tristeza, os problemas, as preocupações e a solidão não escolhem qual o melhor dia para atacar, eles apenas atacam.
Acordei cedo, como sempre, mas não tinha o mesmo ânimo e disposição diários para fazer minhas sagradas obrigações: cuidar dos gatos e fazer meu café, ligar a TV e assistir aos telejornais matinais.
Fui até o banheiro e voltei para a cama; meu corpo pesava, minhas pernas mais entrevadas que o habitual; que peso é esse, meu Deus?
Deitei-me e os gatos, que a tudo percebem, deitaram-se ao meu lado. Fiquei até as dez e meia aproximadamente. Levantei mal humorada, "carregada", pesada. Deus do Céu.
Liguei a TV e me irritei com a presença já quase ubíqua desse cantorzinho que consegue gritar mais que Zezé de Camargo; Deus me livre!
O que a Rede Globo viu nesse cara? A criatura está em tudo o que programa da emissora!
Grita demais, aquela voz horrorosa e esganiçada e só canta dor de corno; presta não.
E o dia se arrastou.
Quando a gente está bem mal emocionalmente e psicologicamente, começa a pensar, a analisar e a fazer uma retrospectiva da vida vivida até então. Soma-se tudo, junta-se tudo e chega-se à conclusão de que só temos valor e somos lembrados quando estamos bem. 
Sempre lembro das palavras do meu avô João, meu querido Paipreto: "Quer ser bom? Morra ou se mude!".
Ingratidão, esquecimento, caráter dúbio, maldade mesmo. Parece que as pessoas pensam e agem assim: "Se pode me servir ou ser-me útil em algo, lembro que a pessoa existe. Se não pode me servir nem ser-me útil em nada, nem lembro que existe". É o que tenho visto e sentido, muito, ultimamente.
Ando muito triste, chateada e magoada e perdi quase que totalmente a fé na humanidade.
Mamãe dizia que "é o sangue que mata o corpo", e eu achava que se referia a alguma doença, mas depois entendi o que ela queria dizer.
Bom...
Vou fazer minha janta; minha irmã trouxe legumes, verduras e sardinha; tudo o que mais gosto.
Essa é irmã de verdade.
É isso.



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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Árvores

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Fui hoje fazer o exame de ressonância magnética da coluna; tudo de novo.
Aguardei quase um mês pela autorização e finalmente fiz, agora faltam os exames de Raio X.
Pensei que poderia ter feito as radiografias lá no laboratório mesmo, mas soube depois que os exames exigem um aparelho especial e só tem no próprio IAMSPE ou em um laboratório em Pinheiros.
Bom...
Fui só e a enfermeira e atendente estranharam. Normal, nada demais para mim, já estou acostumada a fazer exames e procedimentos e, além do mais, o laboratório fica no meu querido bairro da Penha, pertinho.
Subimos a Rua Padre Benedito de Camargo e vi muitas diferenças na rua e no bairro. As casas simples, com jardins e muros baixos, dão lugar cada vez mais a prédios comerciais e residenciais. Uma pena, a Penha é um dos bairros mais bucólicos que conheço e que lembra tanto a simplicidade do interior. Uma pena mesmo.
É a ordem e o progresso. É.
Fez uma tarde belíssima e foi tão bom sair um pouco de casa. Algumas pequenas mudanças são grandes novidades para mim. A praça que fica na alça de acesso da Ponte Aricanduva para a Marginal Tietê está muito arborizada e bonita; as mudas de árvores já estão bem grandinhas e viçosas. Gosto dessas coisas da Mãe Natureza.
Prédios, praças, árvores, tarde bonita.
Voltei para casa meio dolorida e cansada; não dormi bem e o senta levanta no laboratório fez doer a coluna e os joelhos. Deus do céu, por que isso? O que foi que eu fiz? Por que não posso fazer minhas caminhadas aos fins de tarde como sempre fiz? Por que não posso dirigir meu possante pelas ruas, Marginais e estradas afora? Por que não posso fazer minhas próprias compras, minhas coisas e depender dos outros para tudo?
Essa solidão, essas dores, esse esquecimento... Não sou de ferro, sou humana, demasiado humana.
Ninguém é forte, saudável, lindo, perfeito e maravilhoso o tempo todo; ninguém! Nem mesmo aqueles que pensam que são!
E por falar nisso, tirando saúde, beleza e dinheiro, o resto eu tenho. Simples assim.
Arroz com legumes de novo. Manga batida com laranja. Maçã batida com água de coco; dizem que é bom para quem tem pressão alta.
Conselho de gente antiga.
É isso.



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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

American Horror Story: Freak Show - Circo dos Horrores

                              


Assisti a dois episódios do seriado American Horror Story cujo tema era o Freak Show - Circo dos Horrores.
Já falei sobre o assunto aqui.
O seriado americano é bom e fala sobre histórias de horror da cultura daquele país. O que me incomoda são as fortes cenas de violência, morte, sangue, essas coisas.
As histórias passam-se nos anos cinquenta, quando ainda era muito comum a exibição de pessoas com deformidade física em circos, o Freak Show.
Pessoas baixas demais, altas demais, com membros deformados, com membros a mais, gêmeos siameses, mulher barbada etc...
As pessoas daquele tempo, nem os próprios "freaks -bizarros", entendiam que as deformidades eram causadas por alguma má formação genética e não por um castigo de Deus, ou porque a mãe teve desejos alimentícios não realizados durante a gravidez, ou porque alguém lançou algum feitiço e uma série de motivos estranhos.
A ganância desumana dos donos desses circos em ganhar dinheiro às custas do sofrimento humano. O preconceito que essas pessoas sofriam. O isolamento, a angústia, solidão, tristeza, dor.
Não concordo com o nome "circo dos horrores". Por que horror? Por que pessoas deformadas ou com alguma condição física que as torne diferentes seriam um horror?
Se recebo olhares de estranhamento e ouço comentários desagradáveis devido à minha aparência acromegálica, imagine essas pessoas naquela época!
As pessoas "perfeitas" se esquecem que os "imperfeitos" têm sentimentos também.
Não sei se hoje terá um novo episódio, mas se tiver, verei. O tema me atrai e, se vivesse naquela época, eu certamente seria personagem desse circo de horrores. Eu seria uma "freak - bizarra".
Em um desses circos tinha a exibição de uma acromegálica e o título da atração era: "A mulher mais feia do mundo". Ela ficava sentada em um banco no palco enquanto a plateia a observava e tecia comentários obviamente maldosos. Essa moça se casou e teve filhos, mas morreu ainda jovem devido às fortíssimas dores de cabeça causadas pelo tumor em seu cérebro.
A Acromegalia altera a aparência, entre outros males, e deixa o rosto mais bruto e nada atrativo. Desde que o mundo é mundo as pessoas têm que seguir certos padrões de beleza e quem não for pelo menos bonitinho, sofre.
E assim caminha a humanidade. Desde que o mundo é mundo.
É isso.


                                   

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Até quando?

                               


Semana de muito calor e pouca água.
O céu está escuro, com cara de chuva, e permita Deus que a chuva venha e traga alívio imediato. Lembrei de uma música dos Engenheiros do Hawaii.
Portas e janelas escancaradas, gatos deitados pelo chão frio, solidão...
Gosto de ficar só, mas algumas vezes isso pesa. Meus gatos me ajudam enormemente a não enlouquecer de vez, graças a Deus.
A preocupação, os cuidados e o amor que tenho para com eles me afastam e me protegem de meus demônios seculares. Angústia, solidão, medo, dúvida, melancolia, ser sempre mal interpretada, incompreendida... isso pesa e dói.
Um dos meus maiores medos é o de ficar doida, esquecer das coisas e pessoas, ser afetada pela demência.
Fiquei triste ao saber que o guitarrista da banda de Rock AC/DC, Malcolm Young, está com demência; que chato.
Li um artigo falando sobre atividades cerebrais durante o coma e muitos médicos dizem que as coisas que os pacientes veem ou sentem durante esse período são meramente frutos dos fortes remédios e das experiências de vida. Discordo. Esses médicos já estiveram em coma alguma vez e tiveram que batalhar pela vida e pela sanidade?
Eu sim.
Foi entre agosto e setembro de 2009, mas algumas sensações não muito boas fazem parecer que tudo aconteceu ontem e ainda está acontecendo. Parece que ficaram muitas coisas ainda não muito bem resolvidas e aquelas imagens, vivências, medos e agonia me fazem lembrar e reviver o que vi e passei.
Estava pensando, durante a madrugada quente e insone, sobre as coisas e pessoas que vi e como muita coisa se encaixa; como as pessoas usam máscaras!
Pessoas que eu achava bacanas, simpáticas, simples e muito legais mostraram a verdadeira face durante a vivência do coma, mas eu achava, quando acordei, que era coisa da minha cabeça por estar sob influência de fortes remédios. 
Era não. As verdadeiras faces foram mostradas e isso me assustou do lado de cá da vida.
Fiquei triste, chateada e decepcionada.
Vejo essas pessoas em seus mundos de arrogância, certeza e ostentação; algumas.
Outras de muita frieza, "secura", donas da verdade plena e absoluta.
Pessoas neutras, que estavam ali como figurantes do teatro de horrores que vivi.
Pessoas de quem eu nunca esperaria a reação negativa e agressiva que tiveram para comigo durante aqueles momentos infernais.
Pessoas de quem eu não estranharia a reação fria, cínica e má para comigo.
Só uma única pessoa me defendia das demais quando estas me atacavam com acusações, injúrias e até agressões físicas. Que agonia, meu Deus.
Outras pessoas choravam tanto.
Parece um filme cuja história é explicada e compreendida a cada cena até o grand finale, até a hora de se revelar quem é o bandido e quem é o mocinho.
Hoje vejo os "bandidos" e "mocinhos" do filme de terror que foi meu coma.
Até quando vou lembrar disso? Até quando isso me será mostrado? Acho que já vi e já entendi tudo, meu Deus.
Eu só quero paz. 
É isso.


                                   



domingo, 8 de junho de 2014

Acordar

                               



Ventos que anunciam chuva.
Domingo morno, nem parece outono.
Podei minha rosinha amarela, minha baby rose, fiz meu café forte e adoçado na medida e estou por aqui.
Gosto de ser, estar, ficar só.
Li um post dizendo que o motivo da infelicidade das pessoas, ou de algumas pessoas, é a sua incapacidade de serem felizes sozinhas e de depender desesperadamente e totalmente de outra pessoa para essa tal felicidade.
Isso cria uma dependência doentia, possessiva e até abusiva.
Acho que foi um texto de Flavio Gikovate, se não me engano, e transcrevo aqui com minhas próprias palavras baseadas em minha própria interpretação.
Sei lá...
Cada um com seu cada qual e cada qual com seu cada um... Meu povo antigo dizia isso e eu não entendia muito bem; achava os mais velhos meio estranhos, complicados, esquisitos...
Ser criança era mais fácil, mesmo com todas as adversidades, com a fome, a seca, as cobranças, obrigações e funções de quem ainda nem entendia direito o que estava acontecendo.
Fiquei meio triste ontem. Demorei a dormir, isso não é novidade. 
Barulho na rua, o maldito do Funk semanal, molecada conversando, rindo, brincando em plena madrugada. Bem que podia chover, acabar a luz e quebrar todos os CDs, pen drives e o tudo o que armazena as malditas e horrendas músicas tocadas nos fluxos.
Gataiada agora dorme para de noite aprontar de suas artes: correr, pular, saltar sobre os móveis, derrubar livros, objetos, rasgar o papel toalha e as sacolinhas plásticas do mercado e espalhar tudo pela casa.
Bom...
Estou na contagem regressiva para a Copa do Mundo e não é porque estou aguardando ansiosamente por isso, mas é para poder descansar e não ter que levantar tão cedo nesse tempo de frio e com juntas duras e doloridas. É só por isso. Não estou nem aí para o evento, falando honestamente.
Gosto de levantar cedo e ir para a sala assistir à programação matinal sempre, claro, acompanhada da gataiada que disputa um lugar quentinho junto a mim.
Vou medir a pressão novamente; os sintomas da hipertensão já se manifestam: dor na nuca, luzes piscantes, vermelhidão pelo rosto, pescoço, orelhas...
Tive uma semana inteira de pressão muito alta e em determinados momentos fiquei com medo e dúvida: Será que vou morrer? De novo?
Não, não.
Tomo os remédios cuja dosagem foi aumentada pela cardiologista e vou lentamente "apagando"; adormeço, tenho sonhos estranhos e até curiosos, acordo.
Acordarei todas as manhãs, por mais quarenta e sete anos saudáveis. Assim espero.
E assim será. Amem.
É isso.


              
                                      



quarta-feira, 7 de maio de 2014

Coisas Espalhadas

                                



Cansaço e dores.
O cansaço é um dos muitos sintomas da Acromegalia e as dores articulares também. E, para ajudar, o fato de ter caído duas vezes em pouco mais de uma semana também contribuiu para o aumento das dores.
Tenho dormido pouco e mal. 
Preocupações, insatisfações, desassossego...
Belíssimo fim de tarde. A gataiada dorme espalhada pela casa para, quando de madrugada, aprontar das suas artes.
Correm, derrubam livros e objetos, emitem um som engraçado e curioso para chamar seus companheiros de artes e bagunças.
São tão lindos, queridos e amados.
São minha companhia.
Às vezes, de noite, na cama, penso em muitas coisas e vem-me a lembrança de que estou só. Mas eu balanço a cabeça para afastar esses pensamentos ruins e vejo que não estou só. 
Eu sou solitária por Natureza, mas isso não quer dizer que eu seja ou esteja só. Tem diferença e não só na questão semântica.
Meio difícil ser e estar só com dez gatos arteiros, mimados e ciumentos que disputam minha atenção e isso sem contar com os amigos da rua, que na hora da fome, vêm ao meu portão pedir comida. E eu os alimento.
Tenho tanto o que fazer...
Livros empilhados pela sala; falta espaço e lugar para armazená-los corretamente.
Plantas espalhadas pelo quintal; estão tão viçosas e bonitas.
Empilhamentos, coisas espalhadas... Não só pela casa, mas dentro de mim também.
É isso.



                                   



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Acumuladores

                                   



Assisti ao programa "Acumuladores" do Animal Planet que traz histórias de pessoas que têm muitos animais em casa: cães, gatos, aves e até bichos nem tanto de estimação como ratos e repteis.
Meu irmão caçula diz que sou acumuladora e eu acho que não sou, claro. Tenho apenas dez gatos e conheço pessoas que têm até mais que eu! Dificilmente sei de pessoas que têm um gato só, geralmente são de dois ou três e mais.
Mas alguns fatores me chamaram a atenção nas histórias desses acumuladores: são pessoas solitárias, que se afastaram da família e amigos por se sentirem não amados, não queridos, não valorizados etc...que têm medo de serem magoados e se sentem mais seguros e queridos com animais.
Animais não julgam, nos amam pelo que somos, não se importam com nossa aparência etc...
Esses são alguns dos argumentos mais fortes usados pela grande maioria dos acumuladores e vejo que por trás dessas justificativas escondem-se sentimentos, mágoas, problemas não resolvidos e outras mazelas (emocionais/sociais/familiares...) que afetam a todos nós.
Cada um tem seu jeito próprio de lidar com problemas e ninguém tem o direito de julgar ou criticar; ninguém é perfeito e mesmo aqueles que se acham perfeitos também têm seus problemas. 
Outro fator marcante nas histórias dos acumuladores é que muito raramente alguém os visita e isso aumenta o sentimento de solidão, abandono, de não ser importante, mágoas...
Há casos extremos de acumuladores que se isolam do mundo e perdem a noção do tempo e do espaço e toda sua existência gira em torno de seus bichos de estimação. Nesse caso há a necessidade de tratamento psiquiátrico.
Todos os acumuladores mostrados no programa conversaram com psicólogos que os ajudaram a lidar com seus demônios internos e esses demônios não são coisas atuais, de pouco tempo atrás; são dores antigas que vêm se acumulando no decorrer do tempo e geralmente começam na infância.
Rejeição, auto aceitação, auto crítica, insegurança são alguns dos sentimentos que povoam a mente de alguém que não está bem consigo mesmo.
Não sou acumuladora. Tenho muitos gatos, mas não sou acumuladora. E, ao contrário deles, vivo batendo perna em busca de ração de boa qualidade e areia sanitária para a higiene de meus gatos. Ultrapasso o limite do cartão de crédito comprando ração, areia, medicamentos, consultas com veterinários etc... Às vezes pego dinheiro emprestado também e pago depois. Sou honesta.
Voltando aos sentimentos dos acumuladores...
Em grande parte me identifico com os sentimentos dos acumuladores e, sem querer bancar a vítima, digo o porquê.
Sou de pouquíssimos amigos e posso contar nos dedos de uma mão os amigos que tenho.
Sempre fui solitária por natureza e nunca gostei de muita muvuca, muito barulho, muito exagero etc...
Sim, gosto da companhia das pessoas, gosto das reuniões familiares, dos encontros com amigos, conhecidos e afins, gostos das festinhas, bingos, churrascos e uma boa bagunça, mas gosto de voltar para meu canto solitário quando chega a hora de ir embora.
Tem algo errado com isso? Acho que não.
Algumas muitas vezes, porém, sinto-me muito só e o peso da solidão me incomoda. Procuro alguém para conversar, penso para quem poderia ligar e não encontro muitas opções.
Às vezes eu queria falar apenas sobre amenidades, sobre a novela, sobre um acontecimento, sobre qualquer coisa; o que eu queria mesmo era falar com alguém, ser ouvida de verdade e não ser julgada ou criticada. Mas nem sempre isso é fácil ou possível.
As pessoas andam tão apressadas, ocupadas, impacientes e às vezes, sem querer querendo, acabam nos magoando ainda mais. Melhor deixar o telefone no gancho e falar com os gatos, as plantas, ouvir Rock, escrever, ler, cozinhar, encarar o trânsito caótico de São Paulo...
É madrugada. São três e meia da manhã e nada de o sono chegar. Estou na fase da insônia de novo, graças a Deus. Trabalhei o dia todo pela casa para me cansar bem e assim poder dormir de noite, mas não deu certo.
Hoje tenho muita coisa a fazer: pagar contas, separar o dinheiro para pagar a moça que vem fazer a limpeza, comprar mais ração, comprar meus remédios...
Faço a limpeza mais leve e a moça faz a parte pesada.
Eu acho que até abuso e faço demais para quem tem uma coluna podre e joelhos idem.
É isso.


                                        



domingo, 29 de setembro de 2013

É a vida

                                


Pretendia escrever/falar sobre outras coisas, mas o assunto acabou descambando para refrigerantes antigos.
Talvez não quisesse naquele momento falar sobre outras coisas. Sei lá...
Não queria falar sobre a Acromegalia.
Não queria falar sobre refrigerantes, gatos, frio, estradas...
Falar sobre sentir-me só, esquecida, desimportante...
Eu que já fui tão forte como touro; que já segurei touro na unha, que passei por trancos e barrancos, que fiz coisas e assumi responsabilidades muito sérias para uma criança de seis, sete, onze anos...
Eu que me dei, me entreguei e me dediquei aos outros e esqueci de mim. Me deixei de lado na certeza de que um dia me retomaria e seguiria em frente com a minha própria vida; livre, leve e solta.
Mas nem tudo é como planejamos.
O que ganhei de anos de responsabilidades, dedicação, seriedade? Apenas um bom caráter, uma coluna ruim e cheia de parafusos e uma doença besta de nome estranho e que ninguém nunca ouviu falar: Acromegalia.
Acro = extremidades, altura.
mega = grande.
lia - doença.
Mas nem tudo pode ser totalmente bom ou totalmente ruim nessa vida.
A Acromegalia me deixou mais fraca, cansada, isolada, desolada, esperançosa pela cura ou pelo menos por uma solução.
Por me deixar mais fraca, a Acromegalia me afastou de gente que só me via como a solução de seus problemas. Gente que me sugava as forças, a vitamina, as energias.
Há males que vêm pra o bem, já diziam os antigos.
Sinto-me mais aliviada e até mais alegre por estar livre de compromissos e obrigações que não eram meus. Livre de passar o dia inteiro rodando pelo caótico trânsito paulistano a serviço de pessoas que se julgavam melhores e mais merecedoras que as outras.
Não sou de ferro.
Cansei, estou cansada. 
Minhas forças não são as mesmas de antes.
Estou me afastando e me libertando aos poucos e isso é bom.
Pena? Culpa? Já tive/senti demais, mas quem sentiu de mim?
Ninguém é tão frágil que não possa andar com as próprias pernas. Se vira malandro, tu não é quadrado!
Eu me viro com andador, bengala e cadeira de rodas quando a espera é grande e estou mais ou menos bem, obrigada.
É preciso mudar, deixar, barrar a pena e a culpa que são bem traiçoeiras e dramáticas e nos impedem de ver quem e o que nos fazem mal.
Mas por outro lado é preciso ter força, coragem, garra, gana para lutar e viver.
Têm dias que bate um desânimo danado. Vem uma tristeza, um sentir-se só em meio à multidão, um sentir-se um nada, um estranho em meio a desconhecidos familiares.
Meio louco tudo isso.
Parece que tudo pesa, tudo é mais complicado e difícil quando não estamos bem de saúde.
Com saúde fica tudo mais fácil; não incomodamos ninguém, não somos evitados nem esquecidos.
Com saúde cuidamos de nós mesmos e do que é nosso.
Mas têm momentos que encontro certas injustiças por parte dos saudáveis, dos normais e magnânimos para com os doentes e imperfeitos.
Nenhum doente quer que seu fardo seja carregado pelo outro, ele quer apenas companhia em sua jornada, respeito, carinho e compreensão, por mais errado ou louco que esteja ou seja.
Críticas, julgamentos e cobranças não vão melhorar o bem estar do doente, só irão fazê-lo sentir-se pior ainda.
Eu pensava que um dia ficaria livre, poderia de me dedicar ao meu trabalho e à minha educação, às minhas coisas, aos meus gatos, livros, plantas e, resumindo: à minha vida simples, básica, íntegra e honesta.
Mas não.
Deus ou Vida ou ambos juntos decidiram me sacanear e quando pensava eu em simplesmente viver minha vida por mim mesma, lá vem uma doença estranha e me toma tudo.
Eu até havia pensado em fazer mudanças no visual. Olha só!
Mas a Acromegalia já o fez. Adiantou-se e fez mudanças para pior, claro.
Agora com corpo e carão acromegálicos o peso da vida fica quase insustentável.
Eu disse quase. Estou viva e sou guerreira.
Com dias bons ou ruins, frios ou quentes, solitários ou acompanhados, eu sou guerreira, estou habituada a lutar.
Acho que nasci para isso, para lutar.
Têm dias que dói bastante, outros menos... mas dói.
É a vida.

                 
                                         






domingo, 16 de junho de 2013

Ciclo

                                


Detesto domingos e adoro ficar só; juntei os dois e tive uma tranquila tarde de domingo.
Fez uma tarde bonita; ensolarada e fria. Arrumei as plantas, plantei milho para os gatos, coloquei roupas na máquina, sentei-me na cadeira com Rosinha no colo. Observei o comportamento dos gatos: Aurora perseguindo Boreal, Cássio querendo pegar os pássaros que pousam no paredão da empresa vizinha, Ébano Nêgo lindo querendo pegar Léo Caramelo, os dois não se entendem de jeito nenhum.
Foi uma tarde pacífica e silenciosa, os vizinhos barulhentos foram visitar alguém, graças a Deus. 
Foi uma tarde sem música ruim, sem gritaria, sem exageros vocais, sem barulho.
Apenas a tarde, o sol, o frio, a solidão e o silêncio. Paz.
Até os malditos moleques que tanto atazanam a vida da gente resolveram tirar o dia de folga. Louvado seja Deus Nosso Senhor Jesus Cristo!
Gosto de ficar só e em silêncio, detesto barulho. 
Mas amanhã tudo recomeça: caminhões, música ruim dos vizinhos, molecada na rua. Afe!
Retorno ao médico amanhã para tomar injeções, meu joelho direito, meu pé esquerdo e a coluna doem que só. As dores de cabeça também voltaram e me incomodam há duas semanas.
É assim, sempre assim. Fico boa um tempo, fico ruim outro tempo. É o ciclo da vida, das visitas aos médicos, hospitais, laboratórios...
E por falar em ciclo, plantei milho para os gatos para evitar que comam o matinho sujo e poluído que cresce nas calçadas. Os veterinários e o povo que gosta de gatos dizem que é mais seguro e saudável o bichano comer a plantinha do milho, que é mais limpa e fácil de plantar.
Joguei alguns caroços de milho e em alguns dias teremos um pequeno milharal.
Aliás, é uma das mais doces e fortes lembranças que tenho, caminhar pelo milharal com meu amado avô Paipreto.
Eu gosto das coisas simples
É isso.



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Assim Assim

                                

Estava pensando de mim para comigo mesma, será que só eu sou assim ou tem mais gente igual?
Que pensa igual, que sente igual...
Folheava meus preciosos livros e encontro respostas nas palavras de Kafka, Fernando Pessoa, Goethe, Nietzsche...
Os medos, angústias, a solidão, o sentir-se só em meio à multidão, o sentir-se esquecido, abandonado por aqueles para quem um dia fomos muito úteis.
Não importam as épocas, somos todos humanos. E com nossa humanidade carregamos nosso preconceito, medos, temores, tacanheza, crueldade, falsidade; carregamos coisas boas e ruins.
Sei lá, ando meio assim assim ultimamente, seja lá o que isso significa.
Tive um manhã tranquila, graças a Deus. Sem campainha, sem telefone, sem barulho, sem encheção de saco, sem música dos vizinhos. 
Os gatos espalhados pela casa, Aurora e Branca deitadas ao meu lado.
Paz.
Ontem tive um dia estressado. 








domingo, 2 de dezembro de 2012

Solidão, Escrever, Palavras...

                                                          


Eu nem ia escrever, mas escrever é exatamente o que me deixa melhor, me faz bem, é minha válvula de escape, é meu refúgio.
As palavras nem sempre são ditas do modo correto ou interpretadas do modo correto. Muitas vezes queremos dizer uma coisa mas as pessoas entendem outra e daí originam-se os mal entendidos, os conflitos e outros problemas.
Como já disse, sou melhor com palavras escritas e sou quase sempre mal interpretada com palavras faladas.
Melhor escrever mesmo e assumir meu título de antissocial, arrogante e solitária. Não sou arrogante, não tenho motivos para isso, mas se as pessoas sábias e donas da verdade acham isso...
Sou solitária por opção e isso não é crime, como querem crer os adeptos de ter milhões de amigos.
Meus bons amigos podem ser contados nos dedos de uma mão e isso me basta.
Uma leitora do meu blog, Maria Clara, uma pessoa amante de gatos e muito bacana, enviou-me um texto fantástico sobre solidão e o transcrevo a seguir...



Solidão e Solitude - OSHO

Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós. A solitude é nossa verdadeira natureza, mas não estamos cientes dela. Por não estarmos cientes, permanecemos estranhos a nós mesmos e, em vez de vermos nossa solitude como uma imensa beleza e bem-aventurança, silêncio e paz, um estar à vontade com a existência, a interpretamos erroneamente como solidão.

A solidão é uma solitude mal interpretada. E uma vez interpretando mal sua solitude como solidão, todo o contexto muda. A solitude tem uma beleza e uma imponência, uma positividade; a solidão é pobre, negativa, escura, melancólica.

A solidão é uma lacuna. Algo está faltando, algo é necessário para preenchê-la e nada jamais pode preenchê-la, porque, em primeiro lugar, ela é um mal entendido. À medida que você envelhece, a lacuna também fica maior. As pessoas têm tanto medo de ficarem consigo mesmas que fazem qualquer tipo de estupidez. Vi pessoas jogando baralho sozinhas, sem parceiros. Foram inventados jogos em que a mesma pessoa joga cartas dos dois lados.

Aqueles que conheceram a solitude dizem algo completamente diferente. Eles dizem que não existe nada mais belo, mais sereno, mais agradável do que estar só.

A pessoa comum insiste em tentar se esquecer de sua solidão, e o meditador começa a ficar mais e mais familiarizado com sua solitude. Ele deixou o mundo, foi para as cavernas, para as montanhas, para a floresta, apenas para ficar só. Ele deseja saber quem ele é. Na multidão é difícil; existem tantas perturbações... E aqueles que conheceram suas solitudes conheceram a maior das bem-aventuranças possíveis aos seres humanos, porque seu verdadeiro ser é bem-aventurado.

Após entrar em sintonia com sua solitude, você pode se relacionar. Então, seu relacionamento trará grandes alegrias a você, porque ele não acontecerá a partir do medo. Ao encontrar sua solitude, você pode criar, pode se envolver em tantas coisas quanto quiser, porque esse envolvimento não será mais fugir de si mesmo. Agora, ele será a sua expressão, será a manifestação de tudo o que é seu potencial.

Porém, o básico é conhecer inteiramente sua solitude.

Assim, lembro a você, não confunda solitude com solidão. A solidão certamente é doentia; a solitude é perfeita saúde. Seu primeiro e mais fundamental passo em direção a encontrar o significado e o sentido da vida é entrar em sua solitude. Ela é seu templo, é onde vive seu Deus, e você não pode encontrar esse templo em nenhum outro lugar.

OSHO



sábado, 24 de novembro de 2012

Horas

Meu lindo e vesgo Léo Caramelo

Gosto de levantar cedo. Desligo a lâmpada que fica acesa durante a noite; mamãe dizia para sempre dormirmos com uma luz acesa, pois assim os anjos encontrariam nossos lares para levar nossos pedidos e trazer-nos as bençãos divinas. Já falei sobre isso aqui em postagem anterior.
Bom...
Vi uma entrevista do cantor com bela e poderosa voz, Zé Ramalho. Ele disse que todo nordestino gosta de se levantar cedo, e eu concordo. Também pudera, num calor arretado daquele não tem como o cabra ficar mais tempo na cama não!
Levanto, apago a luz, vou ao quintal, dou bom dia às coisas da Natureza, agradeço por mais um dia de vida, coloco ração para os gatos e os peixes, arrumo e limpo o quintal dos bichanos, pego o jornal na garagem, ligo a TV e tento assistir aos telejornais matinais.
Tomo meus remédios e alguns deles me deixam sonolenta e com tontura; volto para a cama e tento assistir TV.
A gataiada, que já dormira a noite toda ao meu lado, volta de barriguinha cheia e começa a disputar o espaço mais próximo a mim. Branca Maria deita-se no travesseiro ao lado e encosta a cabeça na minha; muito lindo. Aurora e Alice disputam o velho edredom, Morena Rosa deita-se aos meus pés, Léo Caramelo ronrona e encosta em minha barriga e Ébano Nêgo Lindo fica em frente à TV, impedindo que eu veja alguma coisa. Eles querem atenção total e irrestrita e eu lhes dou.
Fico assim por algumas horas, cercada de gatos manhosos, ciumentos e lindos  e tentando assistir TV.
O chamego é tão bom e o amor, carinho e confiança são recíprocos.
Li em algum lugar que pessoas que têm muitos gatos são solitárias, não sei se concordo. Sou solitária por opção, gosto do meu canto, do meu espaço, do meu sossego.
Sou normal, embora não pareça; saio, interajo com as pessoas, me arreto com os olhares de estranhamento dos ignorantes, embora não diga nada, sou educada, mas quando volto para casa, quero paz. Minha tão almejada paz.
Passo minhas horas cuidando do meu jardim, das minhas lindas plantas; adoro sentar-me no chão e folhear meus amados livros enquanto tiro o pó de suas preciosas páginas, adoro ver as fotografias da minha grande família, dos lugares lindos por onde passei, adoro ouvir minhas músicas em um volume que não incomode ninguém, bem ao contrário dos meus vizinhos.
Pego o telefone e tento falar com alguém, mas as pessoas estão tão ocupadas, apressadas, sem tempo... E eu queria falar sobre um livro que li, um filme que vi, uma notícia, uma coisa, qualquer coisa... Volto para minha solidão...
Vou até a cozinha, faço chá agora, o café me dói o estômago; faço bolos, pudins e outras guloseimas apreciadas por minha gulosa e "zoiuda" família.
Pego meu laptop, que decidiu funcionar por um pouco mais de tempo, e escrevo. Adoro escrever.
Estou bem assim, vivo bem assim. Não é porque gosto do meu espaço que sou antissocial, arrogante ou outros adjetivos pelos quais me chamam.
Sou boa pessoa, apenas gosto de ficar só por algumas horas.
Adoro estradas, caminhos e estou doida para pegar uma estrada sem destino. Já fiz muito isso. Enchia o tanque e saía sem destino e descobria lugares lindos, cidadezinhas graciosas...
É disso que eu gosto. Coisas simples, sem barulho, sem riscos, sem bebedeira, sem baladas. Deixo isso para os jovens sem juízo que acham que podem tudo e que são imunes aos problemas e perigos.
Eles são jovens e um dia aprenderão. Espero.
É isso.


Minha terrível Aurora
Morena Rosa, minha Rosinha no meu lindo jardim