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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Cântaro

                               Resultado de imagem para cântaros pintados




Muito calor.
Há uma semana as temperaturas estavam congelantes, mas agora estão sufocantes.
Tive um dia chato ontem; foi um dia pesado, arrastado, difícil.
Estou ansiosa, aguardo autorização para realizar mais um exame e terei que pagar por outro. É o jeito.
Liguei para o laboratório hoje e o jeito é aguardar. É um exercício de paciência e uma pequena grande sacanagem da Vida para comigo.
Uma angústia somou-se à ansiedade, medo, revolta, fúria.
Por que tudo isso de novo?
Sonhei em uma enorme casa de madeira e parecia abandonada. Alguém havia morado ali, mas isso foi há muito tempo. Muita poeira, teias de aranha e outras marcas do tempo.
Móveis e objetos antigos. Um cântaro dentro de uma bacia igualmente bela sobre um móvel antigo. A pessoa que viveu ali era idosa; um senhor idoso.
Eu pegava uma vassoura e não sabia por onde começar a limpeza; olhava pela janela e fazia um dia cinzento e triste.
Mamãe se aproximava, segurava uma vassoura e eu dizia: "Mãe, a casa é muito grande, está muito empoeirada e eu não sei se vou conseguir limpar tudo isso sozinha. É muita coisa pra mim".
"Eu te ajudo, filha".
Acordei.
Não acreditei no silêncio que fazia. Que bom! Que alívio!
Levantei, fiz café, liguei a TV e comecei a fazer as coisas pela casa no meu passo de tartaruga manca. Muito calor, as pernas pesam, os pés incham e ardem; parei.
Fiz outro café.
Amanhã tem mais.
É isso.


                                Resultado de imagem para flores azuis



                                  

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Setembro

                              Resultado de imagem para avô e neta



Falta pouco para o final do ano e hoje é o terceiro dia do mês de setembro. 
Gosto dos dias ensolarados e ventos frios ao entardecer; céu azul e um quê de melancolia no ar. Os dias de setembro.
Tem feito muito frio e isso afeta minhas articulações. Essa madrugada minha perna direita doeu muito e estava tão pesada.
Ontem fui me deitar mais cedo, eu estava exausta e muito dolorida, mas tentar dormir antes da meia noite ou uma da manhã nos dias de semana é perda de tempo. E tentar dormir antes das três ou quatro da manhã aos fins de semana e feriados também. Muita conversa dos vizinhos, que falam pelos cotovelos e resolvem discutir os problemas justo à noite.
Bom...
Fui para a cama antes das dez da noite e peguei pesado no sono, mas fui acordada pela musiquinha do Whatsapp e logo em seguida pela tagarelice dos vizinhos que tinham retornado de algum lugar.
Acho muito deselegante e muita falta de educação ligar ou enviar mensagens barulhentas para as pessoas antes das dez da manhã ou depois das oito da noite; a não ser que seja algo sério e urgente, claro. Mas as pessoas seguem com seus comportamentos "tô nem aí" e haja falta de educação e noção.
Dormi, acordei, dormi de novo e recebi um abraço fofo, macio e dengoso de Branca Maria. Dormi abraçada à ela e tive um sonho bom.
Papai e mamãe me ajudavam a cuidar de animais abandonados em uma ONG criada e dirigida por mim. Papai saía para comprar alguma coisa e mamãe voltava para casa enquanto eu ia à feira para comprar frutas e legumes.
Um feirante cortava pedaços finos de um melão que tinha um formato muito estranho e eu dizia que a fruta não tinha gosto de nada. Eu levava tomates, mamão e abacaxi. O que me chamava a atenção é que os tomates e o mamão estavam amassados.
Chegava em casa e mamãe estava lavando louça e pondo água para esquentar para fazer café e me dizia: "Seu avô está com sua irmã no quarto arrumando suas coisas". 
Que estranho!
Fui ao quarto e vi todas as minhas coisas, de livros a roupas e objetos pessoais, jogados em cima da cama enquanto minha irmã separava sob a supervisão do meu avô João, meu Paipreto. Ele dizia: "Esse pode botar pra doação, ela não vai precisar mais. Esse livro ela gosta, não bote pra doação não".
Minha sobrinha brincava enquanto minha irmã e meu avô separavam minhas coisas.
Antes de eu dizer qualquer coisa, meu avô dizia que era importante fazer mudanças, limpar os armários e gavetas e se livrar daquilo que eu não usaria ou precisaria mais. Abracei meu avô demoradamente e chorei. Aquele choro doloroso de saudade, de amor, de querer bem, de coisa boa.
Como são boas essas visitas e como são bons esses abraços!
Acordei soluçando, como sempre, e Branca Maria não estava mais comigo na cama. Acho que ela veio apenas abrir o portal; animais têm esse dom, principalmente gatos.
A perna ainda doía, mas eu me sentia bem e até mais disposta. 
Sentei-me na cama, agradeci ao Criador e aos Amigos de Luz por permitirem essas visitas tão queridas, esses abraços tão necessários e bons.
Minha saúde não está muito boa e creio que terei que tomar algumas decisões, me desfazer de algumas coisas, não sei. Tudo em prol da minha saúde e de tudo o que puder ser feito para melhorá-la.
Posso viver sem alguns livros, tomates ou mamões, mas o que está representado neles é o que me preocupa.
Vou para a cama, a tagarelice parece que parou, graças a Deus.
É isso.



                                      Resultado de imagem para flores

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Tristonho

                                   Resultado de imagem para dia triste



Tem chovido muito.
Deito e levanto ao som da chuva; gosto muito.
Verão com cara de outono; gosto muito.
Há alguns dias o sol não aparece e o cinza predomina por essas paragens paulistanas.
Com o friozinho leve que tem feito, a gataiada escolhe um cantinho quente e passa o dia encolhida. De noite também.
Sou acordada por patinhas fofas tocando meu rosto e às vezes por disputas pelo lugar mais quentinho. Com esse pelo todo e ainda sentem frio?
Tive um sonho bom; uma realidade que outrora fizera parte da minha vida, da minha rotina.
Andava segurando livros e cadernos e me dirigia à secretaria de uma grande universidade. Queria saber sobre cursos, datas e afins e um simpático cavalheiro me dizia que as aulas começariam no próximo semestre, mas tinha um curso cujas aulas eram somente aos sábados e se eu estaria  interessada. Sim. Estava interessada sim.
Toda feliz em meio a livros, cadernos e anotações. Essa era minha realidade, tanto de aluna como de professora. Amava tudo isso e ainda amo muito.
Acordo mais leve, mas ao me levantar a realidade me mostra o peso doloroso de ossos e articulações, a dificuldade para me mover, o risco de cair, a raiva, a frustração.
A Vida continua me punindo e tirando de mim o que eu mais amava: caminhar, estudar, lecionar, dirigir, cuidar das minhas coisas, da casa, das plantas... coisas tão simples.
O simples ato de estender uma roupa no varal tem se tornado uma atividade de alto risco; vivo caindo.
Hoje consegui lavar o banheiro. Só tirei o "grosso" mesmo, não dá para esfregar paredes e azulejos.
Falta muita coisa ainda, mas eu vou devagar e tenho que respeitar meu tempo e minhas limitações. Isso me deixa com raiva.
Vou fazer um café, esse friozinho cinzento pede. Queria ir ao mercado para comprar frutas e legumes que tanto gosto, mas peso as consequências. Tirar o carro da garagem, descer para fechar o portão, ver e ouvir os outros motoristas reclamando da demora, dirigir com essa perna "morta" e fraca, ter que segurar a perna para manter o pé sobre os pedais... isso é arriscado e perigoso.
Empurrar o carrinho do supermercado é outra dificuldade.
Vou fazer meu café e talvez uma tapioca ou um pão de ló. Acabou meu pão integral e minhas bolachinhas. Aliás, está acabando tudo por aqui.
Siameses deitadas sofre o edredom. Nunes Boreal, a terrível, e Ébano Nêgo Lindo, o charmoso, disputam meu colo enquanto escrevo.
Bom...
Vou fazer umas poucas coisas pela casa e depois vou apreciar o dia frio, cinzento e tristonho com uma boa xícara de café e um livro. 
Entendo bem sobre dias cinzas e tristonhos.
É isso.




                                            Resultado de imagem para dia triste

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Solar Amarelo

                                 


Uma noite tranquila, graças a Deus.
Como sempre, não consigo dormir uma noite inteira e tive que lidar com as dores nas pernas e coluna, mas não tive sonhos ruins. Que bom.
Sonhei que estava em um prédio alto e tive que descer para pegar alguns gatinhos cinzentos que estavam abandonados. 
Vi minha Aurora também, ela protegia os gatinhos.
Desci, fui para a rua e na hora de voltar não sabia qual era meu prédio. Andava pela rua de areia e que ao longe ficava o mar. Ao lado do prédio tinha um solar, casarão antigo, amarelo e que parecia ser um lugar de descanso para pessoas. Algumas pareciam estar em outro mundo, desligadas, alienadas...Todos me olhavam como se eu fosse maluca também. 
Deve ser porque estou lendo o livro "O Capa Branca".
Acordei mais leve e com a gataiada faminta e bagunceira à minha volta.
É isso.


                                  

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Ninhos

                             


Mamãe dizia que a gente apanha a primeira vez é porque não sabia, mas se apanha a segunda vez e pelo mesmo motivo, então o safado é a gente mesmo!
Eu achava engraçado quando mamãe dizia essas coisas e só tempos depois é que consegui entender a essência e o significado dessas frases.
Vivemos numa época muito melindrosa, me parece, onde as pessoas se dizem tão meigas, amigas, maravilhosas etc e tal, principalmente nas redes sociais, mas na realidade são pessoas intolerantes, arrogantes e muito donas da verdade.
E essa mesma gente quer ser muito paparicada, só quer receber, mas retribuir...
Bom...
Não tive um dia bom ontem, tanto por conta das dores físicas como das emocionais. É a vida, e é bonita, é bonita...
Fui para a cama mais cedo, demorei a pegar no sono, mas quando adormeci, tive um sonho bom.
Estávamos papai, mamãe e eu deitados em redes na varanda de uma casa de fazenda. Um por do sol muito bonito e, ao olhar para cima, víamos ninhos de pássaros com muitos ovinhos. Eram dois ninhos feitos bem perto do telhado e pássaros pretos iam e voltavam em um belo voo.
Acordei me sentindo melhor, graças a Deus.
Dia abafado e muito o que fazer. Tem que aproveitar enquanto tem água.
É isso.


                                      

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Caminhar em paz

                                 


O dia está meio lento, bonito, mas lento.
Parece estar em um estado onírico, uma luz de um dourado onírico. 
Percebo coisas, se é que sejam coisas, que pessoas práticas e "normais" não percebem e até acham que tudo isso seja coisa de gente doida. Pois se assim for, doida sou e doida serei!
Não estou muito bem fisicamente, o entrevamento deu uma piorada e minhas pernas ficam duras, fracas e formigam.
Tive sonhos, meus sonhos simbólicos de sempre. Sonhos que sempre me mostram algo mas que eu nem sempre comento ou, se comento, não revelo tudo. As pessoas não entendem e me julgam. 
Como acontece até mesmo com pessoas "normais", esquecemos boa parte do que sonhamos e nos lembramos aos poucos no decorrer do tempo. Acho que é para entendermos melhor o que está acontecendo.
Uma gata preta e branca pedia abrigo para ela e seus filhotes e pessoas em volta jogavam caroços de frutas e outras coisas estranhas na e para a gata; eu intervia e colocava ração para ela. Gente mais besta!
Papai entrava em casa com a gata e os filhotes e eu cuidava deles. Pessoas próximas me criticavam por ter pego a gata e recebo críticas por isso na "vida real" também. 
Eu segurava um gatinho amarelinho e alguém me dizia uma estupidez sem tamanho, mas que me deixou pensativa tanto no sonho como aqui, na nossa vida real.
Andava pelas ruas com os cabelos ao vento e a sensação de paz e liberdade era imensa! Estava descalça, vestida de branco e os ventos brincavam com minhas roupas e meus cabelos. 
Eu andava normalmente, sem bengala, sem dores e sem entrevamento. Eu era livre!
Sem amarras, sem doenças, sem críticas, sem cobranças e sem as mazelas da vida.
Era apenas vida, saúde, liberdade, tranquilidade e paz.
Acordei com o barulho infernal dos motores de caminhão. Com tanta tecnologia e modernidade, será que ainda não descobriram um jeito de produzir/fabricar coisas, objetos, aparelhos, veículos, o raio que os parta, que não façam tanto barulho?!
Tudo é barulhento, de um simples liquidificador a um motor de caminhão... de busão também. As pessoas também são barulhentas, e muito!
Fiquei com o sonho na cabeça... Tinha outras coisas nem tão agradáveis assim, mas prefiro ficar com o caminhar em paz.
É isso.



                                        

sábado, 9 de agosto de 2014

Tão bom

                                


Tenho sonhado muito com mamãe.
Mamãe está sempre presente, sempre ocupada, apressada, mas carinhosa, protetora, amorosa, mãe.
Mamãe me abraçou mais uma vez hoje e foi tão bom. 
É sempre tão bom.
É isso.



                                      

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mar bonito

                                        



Sonhei com o mar. Estava revolto, bravio, espumoso, bonito.
Caminhava por uma rua de ladeira e ia até uma avenida estreita que beirava o mar. Estava tudo fechado pelas autoridades; o mar bravio invadia as ruas e avenidas.
Uma moça caminhava apressadamente, tentava sair logo dali e o mar se aproximava cada vez mais. Logo atrás da moça vinha um jovem e ele não tinha boas intenções. Fiquei preocupada com a moça e reduzi o passo.
Eles passaram e eu fiquei observando. Tudo em paz.
O mar furioso se lançava contra as pedras, as ruas e avenidas. Era um mar tão bonito, tão bravio, tão furioso.
Acordei com uma vontade imensa de ver o mar, com saudades do mar.
Eu irei ver o mar. Vou só, mas irei.
A vida é curta e cheia de problemas. Se for esperar para quando tudo der certo, para quando um dia tudo melhorar, a vida e o tempo terão passado por nós.
Eu quero simplesmente ver o mar e isso não pode ser tão difícil ou complicado assim.
Irei.
É isso.




                                              
                                        

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Abandono

                               


Muito frio. 
Noite passada foi a noite mais fria do ano em uma década; congelante.
Segundo a meteorologia, as temperaturas continuarão a cair ainda mais nos próximos dias; "Ave Maria! Vai congelar todo mundo!", diria mamãe.
Sonhei com mamãe.
Primeiro, íamos ver uma casa que estava para alugar e era uma casa simples, nos altos, cômodos iluminados, cozinha pequena e uma pequena área de serviço com pia e churrasqueira!. Muito legal.
O que me chamou a atenção foi a cor das paredes da cozinha; uma tinta a óleo num tom verde bandeira nada discreto, bem ao estilo de pintura de papai.
A pia e a churrasqueira lembravam uma época antiga. A casa ficava nos altos e adorávamos ver a cidade iluminada. É o segundo sonho que tenho indo para uma casa com papai, mamãe e meus irmãos.
Acordo com Rosinha defendo seu espaço debaixo dos cobertores e Aurora querendo se enfiar debaixo deles. Foi uma noite muita fria.
Volto a dormir e sonho de novo com mamãe que dessa vez está muito brava comigo. Estamos eu e minha irmã Renata sentadas em um banco de madeira enquanto aguardamos mamãe entrar por uma porta e vir diretamente em minha direção. Penso que ela vai me abraçar forte, como sempre faz, mas não, ela me dá broncas: "O que você está pensando da vida? Por que você abandonou o tratamento? Você não percebeu que está emagrecendo rápido demais? Você não está levando a sério um problema que é sério demais! Vamos, se aprece que ainda dá tempo!"
Acordei confusa e olhando em volta, pois tive a impressão de que alguém acabara de sair do quarto. 
Volto a dormir e tenho outros sonhos estranhos, com criaturas estranhas, com pessoas fazendo coisas estranhas. Me vejo em um laboratório maluco com cientistas malucos fazendo experiências estranhas com criaturas estranhas.
Ave Maria!
Ligo para minha irmã Rosi e falo para ela sobre o sonho.
Ligo para minha amiga Cleusa e falo para ela sobre o sonho.
Ambas têm a mesma opinião: eu dei uma abandonada no tratamento, meio que larguei de mão os médicos, exames, laboratórios e afins.
Bom, não larguei de tudo, apenas parcialmente.
Cansa, é chato, é triste, é desgastante ir sozinha e voltar sozinha de consultas e exames. É doloroso física e emocionalmente ter agulhas enfiadas pelo corpo á procura de veias e para aplicação de medicamentos.
Mas...
Como diziam mamãe e meu povo antigo: "Não cai uma folha de mato sem que Deus não queira", "Deus nunca desampara os filhos Dele", "Não tem nada como um dia após o outro e uma noite no meio".
Amanhã agendarei os exames pedidos e consultas.
Tenho que estar bem para ver meus sobrinhos formados e ver Beatriz tocando muito Rock do bom.
Verei. Se Deus quiser.
É isso.


                                      
                                        

sábado, 6 de julho de 2013

Sono

                                     


As dores de cabeça voltaram e estão há uma semana a me atormentar. Gosto de ficar na cama de manhã, de assistir aos telejornais matinais e aos programas de culinária, mas hoje não deu.
Nem para cochilar deu. O infame do vizinho tocou suas músicas horrendas em um volume ainda mais alto que o de costume. Coisa chata!
Levantei, coloquei o lixo para fora, coloquei roupas na máquina, concertei os varais, limpei o quintal dos gatos e fiz meu café forte e doce na medida.
Lá pelas onze horas comi granola com iogurte de soja e pão de aveia. Delícia.
Meu irmão Fubá passou rapidamente com a pequena Rafaela, que ficava brava com os gatos que se recusavam a atender seus chamados. Tão linda.
Fiquei zanzando pela casa, fazendo as coisas, deitando um pouco, levantando... e assim foi o dia.
Agora à noite a dor de cabeça apertou legal e tomei os medicamentos e me deitei de novo no sofá. Alice agora pegou essa manina de se deitar em cima de mim e seus cinco saudáveis quilos pesam bem. 
Tenho dormido pouco, meu sono é muito inquieto e agoniado; tenho tido sonhos fortes e intensos. Algo está por vir. 
Vou tomar meu banho noturno e tentar dormir. 
Boa noite a todos.


                                     

domingo, 20 de janeiro de 2013

Deus

                             


Era 2004 e nossas aulas do Curso de Letras iniciavam-se. Não conhecíamos ninguém, tudo e todos eram novos para nós.
Aos poucos a sala de aula fica cheia e ainda não temos amizades, apenas dizemos "Boa noite" quando chegamos.
Como boa CDF, sento-me nas primeiras carteiras e a turma do fundão instala-se no lugar de praxe para suas idiotices, para atrapalhar as aulas e a atenção de quem realmente quer estudar.
Um dia me arretei com a infantilidade estúpida de adultos que estavam ali para estudar e um dia ser professores,mas em vez disso, enchiam a paciência com suas tolices; me irritei e disse: "Vocês estão desperdiçando dinheiro! Vocês pagam mensalidade para não estudar?! Melhor vocês comprarem cestas básicas com esse dinheiro e ajudar a quem precisa!"
Pronto, virei a CDF chata da sala.
Os grupos e panelinhas se formam e no meu grupo de alunos mais sérios e dedicados estão minhas amigas Claudia, Marileide, Elisângela, Daniela e o maluco do Chico, que nos fazia rir com suas imitações dos professores. Era hilário.
Tenho saudades dessa época e de nossa turma de Guis, "Os Guinorantes", como nos chamava o  Chico.
Mas logo no início das aulas observo uma moça bonita que chora enquanto olha repetidas vezes para páginas com imagens e textos tirados de sites de pesquisa e vejo que trata-se de uma doença.
Eu não a conhecia e não sabia seu nome e fiquei com receio de perguntar porque ela chorava, mas tomei coragem e perguntei: "Desculpe, posso ver essas folhas?"
Ela me entregou e vi que se tratava de algo sério. Deixei que ela se acalmasse e tomasse a iniciativa de falar, eu não tinha coragem de perturbá-la em sua dor.
Ela disse que a irmã mais velha fora diagnosticada com câncer e estava no início do tratamento, as duas eram muito amigas e se davam muito bem.
Eu a confortei, disse que isso seria só uma prova pela qual a irmã dela passaria e sairia bem. Está vendo esses papeis? Tudo bobagem, sua irmã vai vencer essa batalha!
Nosso curso seguiu, a irmã teve melhoras e pioras e até engravidou de um menino lindo; chegou o fim do nosso curso e o stress e correria com estágios e TCC (trabalho de conclusão de curso). Ela engravidou e eu a ajudei com o seu TCC.
Nos formamos e seguimos nossas vidas, mas sempre mantendo contato por telefone ou por redes sociais.
Em 2009 fiz a fatídica cirurgia de remoção de adenoma (tumor) de hipófise, não deu certo e fiquei em coma. Em alguns momentos eu abria os olhos, mas não falava e demorava a reconhecer as pessoas. Mas em um dia de visita vejo uma moça bonita ao lado do meu leito e aos poucos a reconheci pela voz. Ela me deu forças, me animou, perguntou se eu me lembrava da irmã e disse que eu também sairia dessa como ela.  Minha amiga e colega de faculdade saiu da UTI chorando.
Recebi mais uma visita sua e eu estava sentada em uma poltrona ao lado do leito, me recuperava aos poucos.
Saí desse sofrimento, graças a Deus e quando estava em casa, liguei para ela para agradecer e perguntei pela irmã; estava tudo bem.
Esses dias sonhei com essa amiga e ia escrever para ela, mas fiquei naquela de depois eu faço, não fiz.
Insônia braba, levanto e decido escrever, mas antes passo pelas redes sociais e vejo uma mensagem dela, dizendo que a irmã se fora, e me oferecendo alguns remédios para dor que a irmã usava.
Fiquei muito triste e preocupada. Duas mortes recentes logo no começo do ano. A americana Tanya Angus, acromegálica como eu e a irmã da minha amiga que lutara tanto por sua vida e saúde.
Tomei hoje mais uma dose do remédio que controla essa doença infame que me consome e me rouba a liberdade e às vezes até o gosto de viver.
Dias melhores virão, meu Deus.
Deus e o Povo lá de Cima, receba essas duas moças e que elas tenham paz.
Amém.