domingo, 7 de julho de 2013

Trovejar

                                      


Assistia à previsão do tempo no telejornal e me lembrei de como reagíamos ao chover, trovejar e relampear.
Os raios rasgavam os céus, os trovões estrondavam e nos deixavam com muito medo e nossa avó Mâevelha andava apressada pela casa a nos dar ordens, a cobrir as imagens dos santos, a virar quadros e espelhos, a nos proibir de pegar ou chegar perto de objetos de metal, a nos mandar ficar quietos para que os raios e trovões passassem logo.
Segundo ela, quanto mais barulho e movimento fizéssemos,  mais fortes e barulhentos seriam os raios e trovões. Era melhor ficar todo mundo quietinho e caladinho, preferencialmente debaixo da mesa.
Nosso avô Paipreto balançava a cabeça e sorria.
A chuva passou, os raios e trovões se acalmaram e nossa avó abria cuidadosamente a parte de cima da porta para espiar lá fora. Estaria seguro? Será que choveria mais? Será que os raios e trovões voltariam?
Olhávamos e esperávamos ansiosos pelas respostas a perguntas não feitas, apenas pensadas e sentidas.
Nossa avó chamava mamãe e dizia: "Pode desvirar os quadros, descobrir os santos, o céu quilariô (clareou). Os meninos já podem ir para o terreiro (quintal) brincar".
Íamos, mas a qualquer sinal de chuva, raio ou trovão, corríamos para dentro de casa e nos escondíamos debaixo da mesa; estaríamos mais seguros lá.
Coisas nossas.
Às vezes dá sôdade (saudade).
É isso.

                
                                     


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