sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pão

                                         


Sonhei com papai essa noite e acordei chorando.
É um desespero tão grande, meu Deus.
Eu quero ficar com eles e não quero que partam, mas ainda não é o momento.
Sempre acordo chorando quando sonho com mamãe, meu Paipreto, minha Mãevelha e meu povo antigo. Hoje foi papai.
Eu estava no bairro da Lapa aqui em São Paulo e caminhava por uma rua cheia de gente que andava pra lá pra cá. Sigo em frente e olho para trás; vejo uma cabeça branca ao longe e que se aproxima: é papai! Papai sorria, conversava alegremente com algumas pessoas e segura uma baguete (antes chamávamos de bengala) em suas mãos. Papai parte o pão ao meio e me dá uma metade e fica com a outra. Papai vai embora. Eu grito, eu chamo, eu choro, mas papai não me ouve, não volta, não olha para trás.
Acordei chorando.
A dor da separação é imensa, brutal, desesperadora.
Mas quando eu me refaço do sonho eu entendo que não posso ficar com papai, mamãe, meu Paipreto, minha Mãevelha. 
Eu entendo que eles também não podem se demorar muito por aqui; a visita é rápida, mas é tão boa meu Deus.
São momentos e minutos que parecem uma eternidade de tão boa; um aconchego, um amor, um bem querer tão grandes.
Uma eternidade rápida. Uma rapidez eterna.
Que papai tenha paz, saúde, alegria. Que papai possa sorrir de verdade, que todo aquele peso que papai carregava em seus ombros seja aliviado e que ele possa caminhar tranquilamente e sorrir.
Que assim seja, meu Deus.
Amém.


                                            

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