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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Pássaro Preto

                               



Sempre vou à costureira levar roupas para ela arrumar e enquanto aguardo ser atendida, brinco com seu simpático e inteligente pássaro preto.
Ela tem um canário também.
Amo animais e detesto vê-los em jaulas e gaiolas, em circos e em rodeios.
Execro toda forma de abuso animal, mesmo eles estando confortavelmente instalados nas aparentemente inocentes gaiolas e nos violentos rodeios.
Muita gente diz que rodeio é esporte, mas eu nunca vi um atleta com a genitália amarrada ao praticar sua modalidade esportiva! Por que bois e cavalos têm que passar por essa humilhação, dor e violência?
Bom...
Mas eu falava sobre o pássaro preto da costureira.
Assim que caminho pela garagem e entro na casa ouço uma espécie de chamado escandaloso, era o pássaro preto. Ele pulava pra lá e pra cá, abria as asas, cantava lindamente e se aproximava da grade para me chamar.
Me aproximei, falei carinhosamente com ele e fiz-lhe carinho. O pássaro deitou-se no chão da gaiola e virou a cabecinha para que lhe fizesse carinho.
Dei-lhe muito carinho, muita atenção e muito amor e enquanto caminhava meus dedos longos por sua cabeça lindamente negra, ele fechava os olhos e relaxava.
Disse-lhe em pensamento: "Dorme. Sonha com tua liberdade em campos verdes".
Fiquei assim um bom tempo enquanto aguardava uma mulher chata, mão de vaca e fraca das ideia discutir o preço de um vestido de festa que deveria ser feito pela costureira. A doida queria pagar a enorme quantia de cinquenta reais pelo vestido de festa! Isso não paga nem a linha!
E ainda queria desconto!
Como mamãe dizia, tem muita gente que é besta ou se faz de besta nesse mundo.
A infame foi embora, graças a Deus.
Finalmente pude dizer o queria, fazer a barra das calças da minha sobrinha Beatriz, coisa de alguns minutos. Ufa!
Fiquei mais um pouco com meu amigo alado e entendi o que ele queria e ele sabia que eu o entenderia e podia confiar em mim.
Contei isso para minha irmã Rosi que só fazia "hum..." enquanto me ouvia. Ela diz que sou maluca e se o for, não me envergonho disso. Sou maluca beleza, uma maluca do bem, graças a Deus.
O Homem, o bicho homem, se acha muito sabido e dono da verdade e alguns muitos doutores da espécie dizem que animais são estúpidos; só comem, defecam, dormem e procriam. Conheço bicho gente que adora fazer isso, mas ainda não procriou, louvado seja Deus Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Bom...
Pássaros têm cérebros pequenos e por isso seriam estúpidos, pouco inteligentes, incapazes de pensar e toda essa baboseira de verdade absoluta.
Discordo.
Quando estou zanzando pela casa fazendo alguma coisa e Boreal não me vê, fica miando desesperadamente e me procurando e quando me acha, me olha com seus olhinhos de alívio e alegria.
Quando paro as artes domésticas e me sento para escrever, ler ou ver TV, ele e os outros se aconchegam perto de mim.
Quando saio de casa e volto algumas horas depois, estão todos me esperando atrás da porta, e se trago sacolas de compras já sabem que ali tem alguma coisa gostosa para eles. 
Os peixes sobem à superfície da água dos aquários improvisados ou nadam para perto da posição em que estou em relação a eles, sabem que vou dar-lhes comida.
Se animais fossem estúpidos, atenderiam ao nosso chamado quando os chamamos por nomes que nós mesmos lhes demos?!
Saberiam quando estamos chegando em casa e correm todos para detrás da porta?
Brigariam por atenção e carinho?
Pediram comida? Olhariam para geladeira e para mim quando quisessem tomar seu leitinho antes de dormir? Como sabem que é na geladeira que está o leite sagrado de cada dia?
Comportamento repetido? Instinto?
Animais não são robôs, são vidas inteligentes que sentem medo, tristeza, alegria e confiança naquele/a que cuida bem deles.
A reação do pássaro preto ao me ver foi inesperada e bonita.
A comunicação entre o pássaro e eu foi inteira e entendemos o que o outro queria.
Tudo nesse mundo velho de meu Deus está conectado e nada nem ninguém está totalmente só.
Enfureço-me quando vejo ou sei de pessoas super-hiper-mega-power-plus religiosas e que não saem da igreja, mas maltratada animais. Leia a Bíblia, abestado/a e lá está que Deus criou todas as coisas, inclusive os animais.
Fiquei e ainda estou meio aturdida com a reação do pássaro preto ao me ver e   estou feliz por proporcionar alguma alegria e liberdade àquela criatura tão linda, mas que vive presa em uma gaiola triste.
Se pudesse o compraria, mas ninguém quer vendê-lo. Duvido que se eu chegasse com uma boa grana os donos deles não o venderiam para mim!
Dinheiro compra tudo, até mesmo pássaros pretos lindos, inteligentes e superiores à essa gentalha que os prende em gaiolas.
O que Deus estava pensando no dia em que criou esse animal bestial a quem deu o nome de Homem?!
É isso.


                     

                                      






domingo, 28 de outubro de 2012

Pertencer

                                


Domingo muito quente, temperatura acima dos trinta graus, dá não.
Segundo turno das eleições para prefeito e fui votar. No primeiro turno minha seção ficou no térreo, mas nesse segundo turno tive que subir escadas.
Eu pensei que nada mudaria e eu poderia votar no mesmo lugar de antes, mas como diz meu irmão Naldão: "Si ferrei!".
Subi degrau por degrau e me apoiei na parede, não havia corrimão. A coluna e os joelhos reclamaram, doeram.
Votei e voltei para o carro e saí à procura de um lugar para almoçar, cheguei aos restaurantes lá pelas dezesseis horas mas fui informada que o local acabara de fechar e só abriria de noite, que falta de sorte. Nesse ínterim desaba uma chuva forte com ventos poderosos e furiosos. Lindo espetáculo da Natureza.
Aguardei a chuva passar para eu poder sair à procura de um lugar aberto para poder almoçar. Tenho o péssimo hábito de não comer de manhã, só tomo café preto, puro e forte.
Observei a chuva, os ventos balançando as árvores, o céu cinzento e lindo. A chuva despede-se e um sol tímido esconde-se atrás das nuvens ainda cinzentas e carregadas; que coisa linda!
Às vezes acho que não sou desse planeta, não pertenço a esse mundo. Acho que sou de outra dimensão, outro plano, outra galáxia... sei lá.
Sou sempre incompreendida, quero dizer uma coisa e tento explicar mas algumas pessoas não entendem e pensam que as estou desmerecendo ou duvidando de sua inteligência. Não é isso não.
Tenho esse hábito de explicar, acho que é pelo fato de ser professora, não tenho a intenção de chamar, pensar ou dizer que as pessoas são burras, longe disso.
Às vezes acho que caí de paraquedas nesse mundo, fui jogada aqui por acaso e à própria sorte e sempre acompanhada pela minha fiel companheira, a solidão.
Sempre fui muito responsável por coisas, pessoas e situações que não deveriam ser jogadas nos ombros de uma criança; nasci uma criança velha.
As cobranças, críticas e defeitos. Nada nunca estava bom.
As responsabilidades...
Fiz e faço quase tudo sozinha, vou pra lá e pra cá sozinha, não tenho um/a personal acompanheitor sempre à disposição... Não gosto de incomodar, atrapalhar, sou muito na minha.
Bom...
Mas eu falava da chuva, do céu e dos ventos...
Acho que não sou daqui, não pertenço a esse lugar.
Um dia irei caminhar pelas terras frias do sol da meia noite, vou com os ventos anunciar chuvas e tempestades, vou andar pelo meu Sertão, vou caminhar pela praia de mar azul, vou voltar a conviver com as coisas da Natureza, de onde devo ter saído meio sem querer e sem saber.
Acho que é isso, não sou daqui e por isso sou incompreendida.
Afasto-me e aguardo o dia de voltar para onde pertenço.
Sou normal, embora possa não parecer. 
Só estou cansada.
E a vida segue.
É isso.

                                 

                                 

                              

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Educação

                                             


Educação vem de berço, já diziam os antigos.
Os pais educam, ensinam a respeitar, a cumprimentar as pessoas quando estas vão visitá-los ou são visitadas.
Os pais ensinam os filhos as palavrinhas mágicas e básicas de uma boa educação: "Olá, Com licença, Desculpe, Obrigado/a, Tchau".
Li um artigo na revista Veja onde o autor relata a visita de uma mãe e seu pimpolho ao seu apartamento. O autor tinha um brinquedo de infância guardado na estante e que virou objeto de desejo do pimpolho mal educado.
O menino quis porque quis o brinquedo e a mãe, sem pedir licença e autorização, pegou e deu ao filhinho mimado e sem educação. Na hora de ir embora, o autor esperou que a mãe dissesse para o filho devolver o objeto, mas ela disse: "Quando o fulaninho pega uma coisa, não larga mais!".
Quem está errado, o filho ou a mãe? Quem dá o exemplo? Quem educa? Quem impõe limites?
Fui ao Carrefour da Vila Guilherme/Vila Maria e, pra variar, pouquíssimo caixas abertos, muitos caixas fechados e filas enormes. Só fui ao hipermercado porque estava mesmo na região e precisava comprar ração para meus gatos. A ração acabou e eles se recusaram a comer a ração baratinha que comprei para emergências como essa; ninguém quis comer e todos se uniram e fizeram greve de fome. Quem disse que os animais não têm inteligência?! Os meus são gênios!
Bom...
Estavam na minha frente na fila uma moça com sua filha de sete anos e uma bela moça de nome Renata. A menina me olha, cutuca a mãe, cochicha no ouvido e em seguida ambas se viram em minha direção e me olham demoradamente. Estou absurdamente acostumada com isso, mas igualmente cansada, invocada, de saco cheio mesmo!
Não sou membro de nenhum circo dos horrores (freak show), não sou tão estranha assim. Sou?
Essas pessoas que me devoram com o olhar faminto por defeitos e imperfeições não têm elas mesmas defeitos e imperfeições?!
Que saco!
Sou educada, mas hoje, por alguma razão que só Freud explica, decidi parar de fingir que não percebo os olhares que tanto me incomodam; disse à mãe da menina: "Se você e sua filha quiserem perguntar alguma coisa, perguntem. Ficar olhando não é educado".
A mãe não gostou: "Quem tá olhando? Eu?! Magina! E minha filha só tem sete anos, é uma criança!"
"Pois é, a educação começa cedo".
Não sou de barracos, confusões e afins e procuro me aproximar e falar de uma forma educada e respeitosa, mas as pessoas não pensam e não agem assim antes de me magoarem!
Conheço acromegálicos que se recusam a sair de casa, que ficaram depressivos e com síndrome do pânico. Eu respeito e entendo perfeitamente bem essas pessoas, não é fácil ser celebridade às avessas, ser observado com uma espécie rara de animal.
Eu fico muito triste muitas vezes, mas não vou deixar de sair de casa, resolver meus problemas só porque ignorantes julgam sem se preocupar em conhecer o problema dos outros.
Pânico tenho eu quando não consigo pagar minhas contas no dia do vencimento; os juros são de dar medo!
Pânico me causa a Sociedade consumista, egoísta, autocentrada, fútil e ostensiva que temos hoje. Gente cuja maior preocupação é o status, o exibicionismo, a arrogância e se achar melhor que o outro. São tão vazias.
Como diz o ditado: "Comem mortadela e arrotam caviar".
E eu não gosto de nenhum dos dois.


                                         

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Reinações de Beatriz


Recebi esse e-mail da minha irmã Rosi, mãe de Beatriz.
Já falei que Bibi é inteligentíssima, lindíssima, espertíssima e muitos outros "íssimas".
Falo tudo isso sem exagero, pois apenas falo a verdade e nem sou tão coruja assim!

                                              


Oi Rejane,

Uma da Bia, mais umas!

Passava o comercial sobre a série “As Brasileiras”.  Algumas atrizes ela conhece de outros trabalhos, por exemplo: “Olha mãe, a Cláudia da novela Aquele Beijo”, é a Giovanna Antonelli. A Norma da Insensato Coração, é a Glória Pires, a Chiara(novela do Totó) é a Maria Ximenes, enfim.....
Aí ela sai com essa ideia, eu adorei só falta agora avisar pra Globo! “Mãe por que eles não fazem “Os Brasileiros” ??? Não seria legal?” Pergunta Beatriz.
Respondo que sim, séria ótimo, afinal porque só contar histórias sobre mulheres né!? E pergunto se ela teria sugestões de nomes de atores, pra testar se ela também conhece/associa algum como faz com as atrizes.
Bia responde: “O Selton Mello do filme O Palhaço que a gente assistiu, e o Rodrigo Santoro, porque ele é bonito né mãe?! Claro que eu concordo! Pouco depois passa um comercial de escola de inglês com quem? Rodrigo Santoro. E Bia fala: Olha lá mãe o Rodrigo Santoro. E o pai dela pergunta: “Desde quando você sabe quem é Rodrigo Santoro menina???. E Bia não se deixa abater: Ué pai, não lembra que a gente foi ver o filme “Reis e Ratos”? Tem ele, o Selton Mello e o Jorginho da Novela!, lembra?
E o pai olha pra mim com cara de incrédulo e orgulhoso. Nossa precoce brasileirinha já tem lá suas, boas, preferências.
Aliás, o Jorginho da Novela também daria um ótimo brasileiro, Cauã Reymond!

Essa é sua sobrinha.

Ontem ela perguntou sobre a palavra “Bravo”. Dei o significado mais próximo ao nosso dia a dia: bravo, chateado, nervoso... Aí ela deu o exemplo de um desenho em que alguém chama outro de “bravo cavaleiro!. Expliquei que aí significa corajoso, valente.... Mãe, mas nem um desses combina com o que o Cebolinha e o Cascão falaram quando acabou a exibição de um filme no episódio em que eu assisti no meu DVD da Turma da Mônica? Eles batem palmas e gritam “Bravo, bravo...”
Ahhhh, disse eu, aí significa ótimo, bom, gostei do filme, legal,.......
Nossa mãe! Como uma palavrinha só pode significar tanta coisa né!?
Pois é, filha! É a sua língua, vai se acostumando. Ela ri, e fala “língua, que engraçado”
Lá vamos nós pra outra explicação.............!

Muito legal ver a Beatriz descobrindo o mundo, e a Língua Portuguesa. Não tem preço!


Beatriz
                                           

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Saber

Aurora, a dona do pedaço
Aurora no meu ombro
                                            


Muita gente diz que os animais não pensam e agem apenas por instinto. Eu discordo.
Animais são inteligentes, espertos, manipuladores e não se limitam apenas a comer, beber, dormir, defecar, procriar e morrer. Não exatamente nessa ordem.
Como dizia meu povo antigo: "Os bichos têm saber sim". Saber = inteligência.
Toda madrugada, um pouco antes do dia amanhecer, Alice me acorda com seu miado delicado e pede para eu abrir a janela; se demoro a acordar, Alice toca em mim com seu braço longo.
Pego as chaves para sair e Aurora percebe e me segue pela casa, ela quer sair também. Vai até a calçada e come o matinho que nasce encravado no cimento. 
Quando está com frio, Aurora mia e pula na cama e olha para o seu edredom favorito; eu levanto o edredom e ela se enfia debaixo dele.
Aurora faz arte e terrorismo contra Morena Rosa e sabe que fez arte e que levará umas broncas; Aurora se enconde em um cantinho e me olha disfarçadamente com seus enormes olhos de gato selvagem.
Ébano é outro com muito saber. Mandei colocar grade no portão para evitar que fossem para a rua, mas Ébano descobriu um jeito de escapar; ou pula por cima do portão ou enfia a cabeça pela tela e se contorce até conseguir sair. Ébano calculou a distância, o diâmetro, a altura e a dificuldade envolvida em seu plano de fuga temporária. Ébano está de olho na gata da vizinha. Ébano andou assistindo a reprise dos filmes do MacGyver.
Quando volto para casa e abro o portão da garagem ouço o miado estridente e escandaloso de Aurora e os miados mais delicados de Ébano e Léo Caramelo. Estão todos atrás da porta a me esperar impacientemente porque associaram minha saída à ração molhada. Cheiram as sacolas, miam, procuram, olham para mim com olhos pidões e eu balanço o sachê de ração e eles correm animadamente atrás de mim.
Quando chegam visitas alguns deles correm e se escondem, outros procuram carinho.
Estão sempre ao meu redor e sabem a hora de dormir; vou para o quarto e todos vão comigo. O problema é o espaço na cama, o que gera certa intolerância, impaciência e até violência. 
Aurora é meio sacana e faz questão de marcar território e mostrar que é ela quem manda no pedaço; invade a área dos outros mas se um deles deitar em seu lugar aí o pau come.
Esse mês completa um ano que Aurora surgiu em minha vida e depois vieram os outros.
Estão todos saudáveis, lindos, amados, mimados e terríveis. 
E com muito saber.