sábado, 6 de abril de 2013

Merenda Escolar

                              



Na minha época de escola a merenda resumia-se a café com leite ou achocolatado com uma fatia de bolo, sopa de "Bonzo" e macarronada; todos em dias alternados.
As coisas mudaram e o governo paternalista melhorou a merenda escolar. São frutas frescas, deliciosas, maravilhosas, desperdiçadas e usadas em "guerrinhas" pelos alunos, crias de uma geração idiota, mal educada, que espera que tudo caia do céu, que espera que o governo resolva tudo e dê tudo.
Uma geração que transforma a escola em um depósito de filhos problemáticos, preguiçosos, vagabundos, mal educados... Para dizer o mínimo.
Acredito que a causa desse comodismo, dessa cara de pau, dessa preguiça e de outras coisas foi a mudança radical de um sistema político castrador para um sistema mais liberal; até demais, eu diria.
Passamos de um lutar para conseguir o que se quer para um cruzar os braços, chamar a mídia, fazer cara de vítima e culpar o governo pela falta de material escolar, uniforme, leite, pelos bueiros cheios de lixos que transbordam durante as enchentes.
Como já disse aqui, na minha época não ganhávamos uniforme ou material escolar, nossos pais compravam e tinham um prazo para isso.
Era difícil para meus pais comprarem todos os uniformes e todo o material para cada um de seus seis filhos e o jeito dado foi esperar pela saída do irmão para pegar com ele o estojo com lápis, borracha, lápis de cor etc...
O uniforme do mais velho ia para o mais novo, crescíamos muito rápido e mamãe brincava dizendo que nossas calças estavam curtas iguais às do Michael Jackson. 
Hoje a vagabundagem anda livre, leve  e solta. Se esforçar pra quê, se o governo dá tudo?
Alunos mal educados, grosseiros, que falam palavrões, que mandam os professores a lugares inimagináveis à minha época de estudante.
Pais e mães que reclamam quando são chamados à escola: "Mas vocês me chamaram só por isso?!".
"Isso" significa alunos levando celulares com fotos pornográficas, alunos que ameaçam professores, alunos que ameaçam colegas, alunos que destroem a escola. Só isso.
Estudar que é bom, nem pensar.
Sentam-se em grupinhos nos fundos da sala e mostram os aplicativos de seus celulares e porcarias afins. Fones nos ouvidos e celulares nas mãos digitando freneticamente.
Uns três ou quatro interessados em aprender, mas que são atrapalhados pelo vai e vem de alunos que desfilam pela sala, que saem sem pedir autorização, outros que são de outra sala e vêm chamar os coleguinhas. Simplesmente abrem a porta e chamam o fulaninho ou a ciclaninha, isso sem pedir licença ao professor que está em sala de aula.
Voltei ao trabalho essa semana e confesso que desanimei. É dar murro em ponta de faca, é jogar pérolas aos porcos.
Bate o sinal do recreio e desce a boiada. Se não tomarmos cuidado, somos levados pela turba, é melhor esperar.
O que tem de lanche hoje? Fruta. Que m...
Começam a fazer "guerrinha" de frutas e muitos voltam para a sala de aula com o corpo roxo pelas pancadas das frutas jogadas.
Termina o recreio e lá fica o pátio coberto por maçãs, peras, goiabas, caquis, mexericas... Frutas que poderiam alimentar a quem tem fome de verdade, mas que são desperdiçadas por projetos de bandidos. Alguns já o são.
Tivemos reunião hoje e houve muita discussão sobre como atrair o aluno para a sala de aula, como identificar se o desgraçado tem problema, o que fazer para ajudá-lo e blá, blá, blá...
Uma professora sabe-tudo-dona-da-verdade-esganiçada-histérica e chata defendia com unhas e dentes os pobrezinhos dos alunos que não têm para onde ir para se divertir ou não têm nada para fazer nas horas vagas. A mulher não parava de falar! E falava alto que até doíam a cabeça e os ouvidos da gente.
Peraí, Madre Tereza de Calcutá! Não é bem assim não!
O bairro tem um núcleo que oferece vários cursos de aprendizagem para inserir o indivíduo no mercado de trabalho.
O bairro tem praças e campinhos de futebol que são depredados por esses "pobrezinhos".
Tem uma praça que foi restaurada e ficou muito bonita, mas que em pouco tempo foi destruída por esses vândalos. Tem um laguinho com peixes que são pescados por essa gentalha.
Inúmeras garrafas PET são deixadas espalhadas pela praça por grupos que fazem picknick.
Muito lixo que poderia ser reciclado mas que vai para os bueiros a entupi-los e  causar enchentes.
E os problemas se estendem assim como o bate boca do bem.
Eu sempre quis ser professora, achava lindo ser professora e me espelhava nos meus professores que tanto me inspiravam. 
Mas ali eram outros tempos, havia respeito, trabalho e compromisso.
Hoje só há comodismo, preguiça, desperdício de tempo, de material, de boa vontade, de dinheiro público...
Desanimei e não vou gastar minha pouca saúde com quem não quer nada com a vida.
Queriam que eu ficasse no sobe e desce entre as salas de aulas, recusei. Isso vai diretamente contra o que lutei tanto para conseguir, a readaptação.
Subo as escadas para ficar na biblioteca e só desço na hora de ir embora; se ficar no sobe desce serei prejudicada e sentirei as dores nas pernas, no joelho e na coluna. Ando com dificuldade e me apoiando nas paredes ou no que servir de apoio e às vezes algum professor me ajuda.
Uso bengala, mas tenho receio de ir para a escola com ela, o perigo desses alunos a pegarem e algo de errado acontecer é muito grande.
Já senti que está difícil e não vou conseguir aguentar por muito tempo. Volto para casa dolorida, cansada e desanimada.
É como um grande amor que acaba e tentar retomá-lo só piora as coisas. Acabou, acabou... O melhor é seguir em frente sozinho/a ou procurar um novo amor. 
Não estou querendo fazer a "caveira" da escola ou dos alunos ou me fazer de vítima, mas estou cansada, muito cansada.
Estão transformado o Ensino em um grande circo e os professores em palhaços tristes.
Infelizmente.

                             
                                  


                                       




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)