segunda-feira, 15 de abril de 2013

Professores e Alunos

                            

Iniciei a semana mais animada, graças a Deus.
Fui à escola e lá chegando não consigo abrir o portão do estacionamento, é preciso reconfigurar os códigos dos controles.
Alguém me diz que o portão agora é manual, na mão mesmo. Capaz que eu vou empurrar aquele portãozão pesado!
Entro e vou para a sala dos professores e lá encontro alguns comentando os acontecimentos recentes. 
Dali a pouco bate o sinal e vou para sexta A, terrível. Eles ainda me disseram: "Professora, a senhora vai ficar com nóis? A professora fulana não quer nóis mais não. Ninguém quer nóis".
Por que será? Perguntei-lhes.
Converso com eles e falo sobre o projeto de leitura e me surpreendi com o número de alunos que gostam de ler livros, ou revistas, gibis...
Levei a revista Galileu e o livro "Diário de um banana" e a maioria conhecia o livro e o filme, mas não conheciam a revista.
Perguntei quais revistas gostavam de ler e as respostas foram unânimes: Capricho, pelas meninas, e gibis de Mangá pelos meninos.
Depois fui para a quinta E, Jesus!
Danados demais e espertos também. Perguntaram como é que se diz o nome deles em inglês e eu disse que o que muda é o sotaque e a pronúncia, o nome é o mesmo.
Um aluno brinca de jogar luz nos olhos dos outros colegas com um chaveiro estranho e quando vou atender a uma aluna que me chamara, a luz bate bem nos meus olhos. Aquilo incomoda.
Fiquei com náusea e dor de cabeça e estou até agora. Coincidência estranha, eu falava justamente ao telefone com minha amiga Cleusa sobre isso; vou ao oftalmologista a cada seis meses e sempre saio de lá com náusea e dor de cabeça. O médico diz para eu tomar bastante água para hidratar após ter aplicado alguns colírios para fazer os exames.
Estou meio ruim até agora e vou fazer um chá pra ver se melhora.
Falei com o aluno para não trazer esse brinquedo para a escola e ele desculpou-se.
Volto à sala dos professores e decido preparar mais aulas para o projeto de leitura, mas esqueci os óculos que somados aos sintomas que eu apresentava naquele momento, tornava-se inviável a leitura e a escrita.
Tomo cafezinho e dali a pouco vejo a senhorinha que é inspetora de alunos entrar desarvorada e chorando. Ela trabalha nessa mesmíssima escola há vinte e dois anos e como eu, tem visto a olhos nus a decadência do ensino público.
Ela estava na sala de aula aguardando o professor chegar e ao mesmo tempo segurando as feras; um aluno simplesmente bota a mochila nas costas, abre a porta e sai.
A inspetora foi atrás dele e o infeliz só não a chamou de santa! Ela foi à direção pedir um apoio e cobrar uma atitude, mas necas de pitibiriba.
A pobre tremia e chorava de nervoso e nós tentávamos acalmá-la.
Bobagem ela se desgastar e ficar à beira de um ataque de nervos por causa de um inútil que não quer nada com a vida. Ela morre e o desgraçado fica vivo por aí aprontando das suas.
Agora eu lhe pergunto, por que esse animal fez isso? Porque sabe que ninguém poderá fazer nada contra ele. Porque sabe que a lei o protege e ele ficará impune. Porque várias escolas o expulsaram, mas a mamãe foi ao Conselho Tutelar que obrigou a escola garantir a vaga ao aluno aplicado.
As leis nesse país protegem o vagabundo, o bandido, o "de menor" que pode votar, abrir conta em banco e trabalhar mas não pode responder pelos seus atos, pois é criança ainda.
Que @#$%! é essa?!
Que @#$%! de leis são essas?!
Parece que o legal é ser bandido e o ilegal é ser honesto e trabalhador.
Os alunos, a maioria, vão para escola só por ir, só porque são obrigados. As mães querem algumas horas de paz e sossego e deixam aos cuidados da escolas os monstros de sua própria criação, parafraseando Renato Russo.
Eu trato os caras numa boa e não vou correr atrás deles caso deixem a sala de aula. Nem andar direito eu posso, quem dirá correr.
A parte boa é que posso trabalhar com os pequenos e talvez educar uns três ou quatro, Deus permitindo. Assim seja.
Esses pequenos me ajudam a carregar minhas coisas e seguram minha mão para me apoiar. 
Fazem isso por bondade e por esperteza também, pois os danadinhos usam a desculpa de que estão me ajudando só para sair da sala de aula e dar uma voltinha pela escola.
Mamãe dizia: "Grita por São Bento antes que a cobra morda!".
Já mordeu e deixou sua peçonha espalhada pela Educação, Governo e todo o Sistema.
Infelizmente.
É isso.


                                   
                         



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