segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Saudades e Vontades

                                      



Demorei a pegar no sono. 
Acho engraçado esse termo, "pegar no sono". Queria tanto pegar de verdade no sono e só largá-lo após umas boas oito horas dormidas, descansadas, precisas. 
Cachorrada da rua que cada vez aumenta mais e, com isso, aumenta também o barulho.
Vizinho irresponsável e "miserávi", diria mamãe, que não leva a cachorrinha para castrar; a desculpa é que não tem tempo. Tá.
Mas o que fazem a esposa meio descompensada e fraca das ideia e a filha rabuda, taluda e fogosa? Na boa.
Não dá para separar um dinheiro e levar a cachorrinha ao veterinário? Acham legal ver a pobrezinha tentando se desvencilhar da cachorrada tarada e ao mesmo tempo tentando proteger os dois filhotes dos ataques desses caninos grandes e fortes?
Adormeci.
Acordei às cinco da manhã com os barulhos típicos dos caminhões que começam a fazer suas manobras. O vizinho abestado que chega dando gritinhos, o povo que passa... os sons do dia que chega.
Depois da muvuca vem um pouco de silêncio; adormeço.
Acordo com um "soco" na nuca e a cabeça latejando: pressão alta. Mas eu estava tão bem ontem? Por quê?!
Levanto, tomo os remédios, alimento a gataiada, abro a porta para que possam ir ao quintal, vejo a linda luz dourada do lindo dia que inicia.
Estou tonta e vou para a sala. 
Ligo a TV e deito no sofá e lá vem a ciumenta, amorosa, linda e possessiva Branca Maria. Vem também meu Ébano Nêgo Lindo; charmoso, sensual, manhoso, dengoso, cheio de lundu e encantos.
Vêm os pequenos terríveis, destruidores de lares e plantas inocentes. Minha Rosinha, minha Boreal, a mãe zelosa... e lá vem todo mundo que, sabe Deus como, percebem que não estou bem.
Com a forte dose que tomei e com o sono sempre interrompido e atrasado, adormeci mais uma vez e tive bons sonhos, graças a Deus. Acordei me sentindo tão bem. Só posso agradecer.
Sonhei preparando bolos e guloseimas com minha sobrinha Beatriz.
Sonhei com mamãe, minha avó Mãevelha e eu cuidando das plantas.
Sonhei, vestida toda de branco, em um hospital e calçando belos sapatos de salto alto. Eu estava bem. Eu podia sair. Eu podia ir embora calçada naqueles belos sapatos e andar sem problemas.
Não tinha Acromegalia, não tinha dores articulares, não tinha coluna e joelhos doloridos e gastos pela osteoartrite. 
Não tinha dores de cabeça. Não tinha tumor.
Graças a Deus!
Mas de tudo isso, o que mais me encantou foi poder calçar novamente sapatos em tamanhos normais. Eu não tinha mais que comprar tênis pretos masculinos ou procurar um sapateiro que fizesse sapatos sob encomenda. Bastava ir a qualquer loja de calçados e escolher o modelo que quisesse.
É uma bobagem, eu sei, e todo mundo faz isso, menos eu.
Pode até parecer fútil, bobagem, sei lá, mas a gente nunca liga para as coisas que estão sempre ali, que são certas no sentido de sempre serem e estarem ali, de sempre existirem. Comprar sapatos é uma dessas coisas.
Acordei mais aliviada e as "marteladas e socos" na nuca haviam amenizado, graças a Deus.
Senti fome e comi granola com iogurte. Bellatrix adorou granola com iogurte.
Assisti a um programa de artesanato e outro de culinária, meus favoritos, e me deu vontade de fazer um bolo gelado de coco. 
Mas eu só tenho aquele coco "farinha", gosto mesmo é do coco em flocos, pedaçudo, grande. Gosto também daquele coco em fita, que fica com a beiradinha marrom e sempre acho lá na Rua Caquito, no meu querido bairro da Penha. Tem que encomendar antes.
Acho que vou fazer um bolo simples e regá-lo com leite condensado diluído em leite de coco e usar o coco ralado "farinha" mesmo.
Quero também fazer daquelas tortas bonitas que vi no Via Brasil do Globo News. São tortas feitas pelas comunidades de descendentes eslavos, polacos, russos, germânicos, italianos... lá do Paraná da tia Filomena e do tio Francisco.
Saudades e Vontades.
É isso.


                                         

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