domingo, 2 de junho de 2013

Líquor

                               


Líquor, líquido cefalorraquidiano ou fluido cérebro-espinhal, tem a aparência e o gosto de lágrima e sua função é proteger o sistema nervoso central.
Fístula liquórica é uma complicação que ocorre em cirurgias de base de crânio, já falei sobre isso aqui, e pode acarretar em problemas graves, como infecções e até meningite.
Bom.
Eu comentava com minha irmã que passei a maior parte do ano passado longe dos hospitais, mas ia sempre aos consultórios médicos e fazia os exames. Mas esse ano parece que as "férias hospitalares" estão acabando e a necessidade de encarar os fatos faz-se bem presente.
Tive uma gripe bem forte na segunda metade do mês passado e iniciei esse mês de junho com mais uma gripe que começa bem forte também.
Uma forte pressão na nuca e fortes dores de cabeça somadas à hipertensão fazem com que haja uma perda de líquor. Comecei a perder líquor há duas semanas.
Estou anotando todas as mudanças em meu quadro clínico para levar ao neurocirurgião.
Tenho ido muito ao hospital para tomar remédios para a dor e tenho também ido muito ao consultório do ortopedista para o mesmo fim.
É sempre assim, já existe um padrão bem definido: passo uma temporada no hospital, recebo alta, fico bem, volto a trabalhar toda animada e acho que dali pra frente tudo vai ser diferente, vou aprender a ser gente. Mas...
Eis que começa tudo de novo: uma dorzinha aqui, outra dorzinha ali, consultas, exames, remédios e o quadro clínico piorando.
Parece que a saúde e a doença brigam para que cada uma possa manter seu espaço e garantir sua vez de agir e ficar e isso atrapalha a vida.
Eu tenho tanta gana de viver, tenho vontade de fazer tanta coisa. Coisas até simples e bobas para quem tem saúde e nunca parou para pensar que um dia desses qualquer lá nos surge um tumor no cérebro que arrebenta com nossa vida.
Até mesmo coisas singelas e que muita gente detesta como é o caso dos afazeres domésticos. Faço o que posso na medida do possível e foram-se os dias em que eu podia arrastar móveis pra lá e pra cá e fazer tudo o que uma pessoa saudável faz.
É como uma ampulheta ou uma bateria, começam cheias e aos poucos vão se esvaindo, acabando a energia. Para recarregar, é preciso parar e me deitar, se eu tentar ignorar e forçar a barra, acabo me dando mal.
Tenho estado bem cansada ultimamente; tudo me cansa mais que o normal. 
Fiquei feliz ao caminhar pelas ruas de ladeiras de Santana de Parnaíba, fui e voltei numa boa, mas quando chegamos à casa de minha irmã Rosi para tomarmos café, tive que me segurar. Estava tão cansada e não via a hora de ir para casa.
Dei graças a Deus ao chegar ao meu cafofo e me deitei com a gataiada que sente e sabe quando não estou bem. Dormi profundamente e foi como se um enorme peso tivesse sido tirado do meu corpo.
Adoro fazer pequenas viagens e adoro pegar estradas, mas agora está um pouco mais difícil de fazer isso só ou sendo a única motorista. Eu fico muito dolorida e muito cansada.
Às vezes penso em chamar as pessoas para fazer essas viagens comigo, mas nem todo mundo pode; alguns têm compromissos daqui e de lá e não podem adiá-los.
Às vezes sinto e acho, posso estar errada, que as pessoas me evitam ou recusam minhas propostas turísticas porque têm vergonha de sair comigo; têm vergonha de mim porque não sou bonita, ando com dificuldade e com a ajuda da bengala e ainda por cima tenho essa carão acromegálico. Ferrou!
Bom, o que eu sei com cem por cento de certeza é que todos viraremos comida de minhoca ou cinzas, no caso dos cremados.
Bonitos e feios, saudáveis e doentes, corinthianos e palmeirenses, todos terão o mesmo destino.
Já marquei algumas consultas e penso em pedir afastamento para fazer os exames e não ficar faltando ao trabalho e pegar muito atestado. O pior é ouvir comentários bestas: "Foi viajar?"
Dá vontade de falar: "Fui sim. Fui com teu marido, @#$%!".
É isso.

            
                                   


                                 


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