segunda-feira, 2 de julho de 2012

Motivo, Sapatos, Arrumação

                                         


Arrumava a casa. 
Limpa daqui, lava ali, tira pó, esfrega chão...
Arrumava o guarda roupa e encontro dois pares de sapatos que um dia usei; os guardei de lembrança.
Sapatos lindos. 
Adoro sapatos. E que mulher não gosta?
Sapatos de salto alto, sem salto, mas elegantes. Nada desses tijolos presos à tiras a que dão o nome de plataforma, coisa mais horrenda.
Acho que fiquei com trauma a partir do dia em que fui para a escola calçada nas sandálias plataforma e vestindo um paletó doado por uma patroa de mamãe; a molecada falava: "Deixou seu pai sem paletó? Legal seu cavalo de aço". 
As sandálias faziam um "poc poc" danado em contato com o piso de madeira da nossa sala de aula. E justo naquele dia fui chamada à lousa! Tentei disfarçar, mas não teve jeito, e lá fui eu vestida no paletó e calçada nas sandálias plataforma e o "poc poc" ecoou pela sala. Vixe!. Fui motivo de gozação por um bom tempo. Isso que dá se meter a ser fashion!
Cavalo de aço eram sapatos com saltos grossos e altos, tipo plataforma, muito usados e fashion nos anos 70. Era a moda das calças com cintura muito alta, modelo "santropeito ou tomara que se enforque" e bocas de sino. Jesus!
Acho que é por esse motivo, ou motivos, que criei certa intolerância a sapatos/sandálias plataforma.
Arrumava, gosto de arrumar. Parece que arrumamos não apenas a casa, o guarda roupa, mas arrumamos a nós mesmos... por dentro.
Olhei velhas fotografias. Vi pessoas que já se foram. Pessoas que estão em outros lugares distantes, tanto geograficamente quanto emocionalmente, espiritualmente e outros "mentes".
Saudades, certa melancolia, certa revolta, lágrimas certas.
Papelada velha, amarelada pelo tempo. Rasguei, joguei fora. A gataiada corria atrás das bolas de papel; corriam, pulavam, traziam na boca, brincavam...
Eu sorria, falava com eles e jogava mais bolas de papel. Ficamos assim por alguns momentos e ouvíamos a boa e velha MPB do rádio do vizinho, que compartilhava com o restante da vizinhança seu bom gosto musical e a potência sonora de seu aparelho de som.
Muito boa, por sinal.
Mas eu falava sobre sapatos...
Guardei dois pares de sapatos que um dia serviram quando meus pés eram normais, pés grandes, mas normais. Hoje são suas bolotas gorduchas, largas, inchadas, grandes e de fazer inveja ao Incrível Hulk.
Fui à uma loja que vende calçados de numeração grande; provei alguns pares e ficaram horríveis. O problema dos meus pés não é o comprimento, mas sim a largura e a altura. Os pés transbordam para fora dos sapatos, parecem bolo quando cresce demais e transborda para fora da forma. Não é nada confortável. Mas o vendedor insistia dizendo "Ai, ficou lindo!". Para vender fazem qualquer negócio, até mentem!
Fiquei triste, só um pouco.
Eu adoro sapatos e quando vou às lojas de calçados é só para acompanhar alguém que vai comprar, porque para mim não dá. Acho lindos os calçados vendidos pela Avon, mas...
Enfio meus pezões acromegálicos em tênis pretos masculinos número 43, mas é chato. No inverno e em dias de chuva ainda passa, mas não dá para usar tênis com tudo, não combina.
O jeito vai ser mandar fazer, mas só me falta um pequeno detalhe: dinheiro.
Mas isso é só um detalhe.





                                            



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