terça-feira, 24 de julho de 2012

Endereços & Bairrismo

                                                 


Já disseram que brasileiro adora tudo o que é de fora, tudo o que é estrangeiro, fashion, in, da hora, última moda etc e tal.
Conheço gente que paga dez vezes mais o valor de um produto que poderia ser comprado por preços populares em lojas mais simples, mas essas pessoas fogem ao simples e ao popular, elas querem ser importantes e adoram ostentar.
E parece que essa moda se adéqua também aos nomes de ruas, avenidas e afins.
Têm muitos endereços aqui em São Paulo que só Jesus. São endereços complicados de falar, pronunciar, dizer, ler, escrever... São nomes de ruas cheios de letras dobradas, cheias de Y, W, K, cheias de frescura.
Imagina a dificuldade que as pessoas mais simples têm para pronunciar esses nomes!
Já falei aqui que perguntei ao motorista do ônibus se ele passaria pela Avenida Roland Garros (Rolan Garrô), ele pensou um pouco e disse: "Pela 'rolândigárro' passa".
Lembro do professor Oswaldo de Língua Portuguesa, aquele que lia textos, poemas e poesias nas aulas. Eu estava na sexta série, tinha doze anos e já ouvia críticas dos professores em relação à adoração ao estrangeirismo exacerbado corrente em nosso país varonil.
Imagino se eles vissem como está tudo hoje. Vixe!
Claro, entendo que muitos nomes de ruas são para homenagear pessoas importantes de uma determinada época, mas pergunto: "Por que não homenageiam personagens de nossa cultura e literatura? Por que fazem tanta questão de homenagear estrangeiros? É mais chique?".
Na boa e com todo o respeito a todos os que fazem parte de nossa História, afinal o Brasil é um país multicultural, graças a Deus. Mas o que dizer de ruas com nomes impronunciáveis como: Yervant Kissajikian, Ioshifumi Utiyama, Ushikichi Kamiya, Marrey Jr., Melvin Jones e por aí vai.
Mais uma pergunta: "Será que nossos adorados estrangeiros também nomeiam suas ruas em homenagem a ilustres brazucas?". Já pensou em ruas chamadas " Anhaia Mello, Araritaguaba, Transguarulhense, Guirá-Acangatara..." lá nos cafundó de algum outro país? Será que conseguiriam pronunciar esses belos nomes tupi-guarani?
Repito: Com todo o respeito a todos e com certo bairrismo assumido, mas o Brasil tem uma cultura tão rica, tão bela e tão vasta que não precisa ser "baba ovo de ninguém".
E por que não ruas como nomes de nossa rica literatura? Machado de Assis, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Jorge Amado... E até mesmo representantes da literatura estrangeira que gosto tanto: Kafka, Oscar Wilde, Eça de Queirós, Faulkner, Mark Twain... (seria até mais chique por serem estrangeiros).
Não me levem a mal.
É isso.
                                                       

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)