quinta-feira, 12 de julho de 2012

Toque

Meu jardim
                                            


Meus gatos têm fixação por água.
Sobem no tanque e ficam longos minutos a observar a água que sai da mangueira da máquina de lavar e escorre pelo ralo.
Quando lavo o quintal, é a mesma coisa; ficam olhando a correnteza formada pela água que escorre das plantas.
Léo Caramelo e Ébano Nêgo Lindo tentam pegar a água com suas patinhas fofas. Já falei para eles que não dá para pegar água, ela escorre.
Termino minhas tarefas e sento próximo à porta e observo meu quintal com minhas plantas cada vez mais bonitas e viçosas; a luz do sol e depois o ocaso deixam a tarde mais bonita.
A noite vem e é hora do leitinho morno de Ébano. Ele me segue pela casa, fica se esfregando em minhas pernas quando estou à pia da cozinha. Pergunto: "Você quer seu leitinho, é meu Nêgo Lindo?". Ele me olha com seus lindos olhos cor de mel e eu dou-lhe o leite morno e gostoso. Já tentei dar a ele leite de soja e de baixa lactose, mas não gostou. Ninguém gostou.
Cansaço.
Vou para a cama, estou muito cansada do meu "pra lá e pra cá" do dia a dia do cotidiano diário (!). Lembrei-me da conversa que ouvi de alguém aconselhando o amigo que estava com uma tosse braba: "Olhe, tu tem que tomar esse remédio todo dia diariamente, visse? Aí tu fica bom".
Insônia.
Insônia somada aos fogos pela vitória do Palmeiras, campeão brasileiro.
Leio. Concluo a leitura de Fahrenheit 451. 
Penso em ligar a TV, mas nesse horário não tem nada que preste: canais religiosos, canais de vendas de produtos e serviços, filmes chatos, e programação chata.
Vou até a cozinha e tomo suco de maracujá. São três e meia da manhã. Adormeço, graças a Deus.
Acordo com as vozes dos garis que varrem a rua.
Tento me mexer na cama mas fica difícil: a gataiada em volta, em cima de mim, na minha cabeça.
Morena Rosa encosta seu queixo quadrado em meu rosto, Ébano Nêgo Lindo coloca a patinha em minha mão, Léo Caramelo esfrega sua cabeça de leãozinho e abaixa para que eu a beije; Aurora encostada em mim, Alice em cima de mim e Branca me olhando com seus olhos coloridos, um de cada cor.
Todos me tocam e eu retribuo o amor, a confiança e o carinho deles com mais carinho.
A bicharada me faz muito bem. 
As pessoas não entendem.
Estou melhor, mas com muita dor ainda. E não apenas dores físicas, mas para estas têm remédios.
É isso.
Lá vou eu esperar um mês e meio para uma consulta com o médico.
Lá vou eu bater os quatro cantos de São Paulo; talvez só bata dois cantos, estou meio a pulso, como dizia papai.
Vou ficar bem.


Léo Caramelo, meu leãozinho
                                          

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