domingo, 15 de julho de 2012

Pelas ruas que andei

                                       


Detesto fins de semana, principalmente os domingos.
Para mim representam lentidão, solidão, esquecimento, abandono... sei lá.
Eu antes tinha o hábito de andar pelas ruas do bairro nos fins de tarde; adorava.
Hoje não dá para fazer mais isso, meus joelhos inchados e gorduchos e minha coluna cheia de parafusos dificultam minha mobilidade, que ficou reduzida após tudo isso.
Deitei no sofá e liguei a TV, mas estava difícil ouvir, os vizinhos disputavam a potência de seus aparelhos de som: um tocando sertanejo-romântico-de-dor-de-corno e outro tocando pseudo forró. Sou radical nesse ponto, assumo. Forró para mim é Dominguinhos, é Luiz Gonzaga e não esse povo entalado que se esgoela sobre o som irritante, repetitivo e imutável do sintetizador. 
Levantei-me, coloquei a gataiada para dentro e saí sem destino.
Era uma tarde belíssima; céu azul, sol, nuvens branquinhas.
Gosto de fazer isso, gosto de dirigir sem destino.
Subi a ponte Aricanduva, entrei na Assis Ribeiro e fui até o fim dela, beirando a linha de trem; romântico, melódico, coisa simples e antiga. As casas simples, umas em cima das outras, a urbanização sem projeto, feita ao sabor da necessidade e sem nenhuma preocupação com o trânsito, a segurança, nada. 
Alguns trechos me lembraram cidades do Nordeste. Saudades.
Termina a Avenida Assis Ribeiro e começa a Avenida São Miguel, depois a Avenida Amador Bueno da Veiga, na minha querida Penha. Dei um rolê pela ZL (zona leste).
Voltei para a ZN (zona norte) e subi as íngremes ruas da Vila Medeiros e do Loretto. Fui a um mercadinho de uns portugueses velhos e comprei vinho português, claro, queijo, pão e azeitonas. 
Voltei para casa e no caminho encontro meu irmão Rogério; levei-o ao trabalho, no Mercadão da Penha.
Voltei para casa com meus joelhos doloridos e as pernas adormecidas: "Parei por hoje".
Tomei um banho e depois saboreei as delícias portuguesas com certeza.
Assisti depois ao Globo de Ouro e me diverti com a breguice das roupas e dos cabelões da época. Angélica gorducha e cabeluda, Lulu Santos com as calças debaixo do peito e acima dos tornozelos, outros cantores e grupos que eu nem lembrava que um dia existiram.
Fui para a cama. Dormi. Acordei com cor de cabeça e de estômago; haja água de coco até o dia dois de agosto quando finalmente passarei em consulta. Amém.
Amanheceu um domingo frio e cinzento. 
Fiquei em casa. Fiquei mais tempo na cama com meus gatos encolhidos e aconchegados sobre e sob os cobertores.
Amanhã a correria recomeça e é disso que eu gosto.
Estou cansada.




                                   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)