sábado, 28 de julho de 2012

Meninos

                                             


Estava em casa e ouço a campainha tocar. Vou ver quem é e vejo o vizinho acompanhado por um rapaz e três meninos: um de oito anos e gêmeos de cinco.
O vizinho me apresenta ao amigo e diz que ele trabalha com ração animal. (Existe ração humana e acho isso tão estranho).
Bom...
Falamos sobre preços, tipos de ração, preferências felinas e caninas etc e tal.
Tudo isso sob os olhares atentos dos meninos, principalmente dos gêmeos terríveis.
O vizinho diz: "Meu amigo perguntou se você teria interesse em conhecer a ração que ele vende e perguntou quantos gatos você tem, eu disse que uns sete ou oito".
"Sete ou oito não, né? Assim também já é demais! Tenho apenas seis gatos".
Rimos.
Entrei em casa para pegar os sacos vazios de ração e mostrar os tipos que compro e um dos gêmeos pergunta: "O que tem aí?"
"É reciclagem. Eu separo o lixo comum do lixo reciclável: papel, vidro, metal, plástico. Sua mãe recicla o lixo? É muito importante, sabia?"
Entraram em minha casa, perseguiram os gatos, fizeram perguntas, comeram chocolate e tomaram iogurte. 
"Você tem filhos? O que é isso aqui? É você nessa foto? Seus gatos obedecem? Seus gatos são bonzinhos? Aquele gato roxo não obedece!"
Gato roxo? Eles falavam de Morena Rosa, minha siamesa marrom chocolate de belos e vesgos olhos azuis.
Descobriram o pote com lápis de cor e disseram: "Eu quero pintar... Eu também".
Desenharam um coelho que mais parecia uma girafa e o pintaram de verde. Terminaram de usar os lápis de cor e colocaram de volta. Agradeceram.
Meninos muito educadinhos e terríveis.
O pai e o irmão chamaram: "Vamos embora, está na hora".
Não quiseram ir. Queriam pintar, desenhar, se lambuzar com chocolate, perseguir os gatos e fazer perguntas.
E entregaram o irmão também: "Sabia que meu irmão coloca cortante na linha do pipa pra cortar os meninos?"
Fingi espanto e disse: "Cortar os meninos? Não pode não!"
Eles riram e disseram: "Não! Cortar as linhas dos pipas!".
"Ah bom! Que susto!".
Mais perguntas: "Por que seu sobrinho não veio aqui pra me ver? Cadê ele?"
Os danadinhos foram embora meio na marra e sob protestos; o pai agradeceu e pediu desculpas pela "invasão".
Fiquei feliz com essa visita surpresa, por não causar tanto estranhamento nos meninos e por fazê-los feliz. 
O mais danadinho dos gêmeos me olhou, fez perguntas e me testou. Viu que sou legal e "invadiu" minha casa.
Que mais invasões como essa aconteçam.
Amém.


                                            

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