terça-feira, 16 de setembro de 2014

Fios

                           



Ontem fez um calor infernal, 34º (trinta e quatro graus). Honestamente, odeio calor! E tudo piora quando ficamos presos no trânsito de São Paulo.
Dormi mal, como sempre, mas a péssima educação dos vizinhos colabora para tal.
Vizinhos que adoram conversar e falam pelos cotovelos até a uma hora da manhã. Muito legal para quem tem que levantar à cinco.
Vizinhos cujo filho de menos de dois anos já manda e desmanda. O menino faz o que quer, quando quer e como quer e a mãe, do outro cômodo, só grita: "Cauãaaaaaaaaaaaaaa!"
Tanto nome simples e bonito...
O menino aprendeu a ligar o aparelho de som e a aumentar o volume e nessa brincadeira temos que ouvir Patati Patatá, Balão Mágico, O Pintinho Piu uma dezena de vezes ao dia. Acaba, continua, acaba, continua...
Isso começa às sete da manhã, mesmo aos fins de semana, e vai até onze horas da noite, meia noite...
O pai acha graça e a mãe só grita. E nessa brincadeira inocente, o menino cresce com todas as regalias, sem limites e sem educação. Com o passar do tempo se tornará um adolescente folgado que manda os pais ou quem quer que seja a lugares nada educados; vejo isso na escola.
E falando em escola...
Estamos desde sexta-feira passada sem serviço de telefonia e Internet. Já chamamos os técnicos e ninguém conseguiu solucionar o problema, mas descobriram hoje que tudo foi causado por falta de cabos de conexão. Os "nóias" sobem no muro, apoiam-se na árvore e voilá. Nem pra levar um choque, malditos! Ainda tive que ouvir de uma pessoa sonsa, marcha lenta e acomodada: "Noooooooossa! Pra que tanto ódio no coração?"
Não é ódio é indignação. E também não é ela que terá que trabalhar que nem uma cavala para por em ordem todas as pendências quando a Internet voltar. O pior é que tem gente, tanto dentro como fora da escola, que acha que é má vontade nossa quando dizemos que estamos sem Internet.
Estou tão cansada, andei tanto ontem.
Tive que ir ao departamento de perícia médica e, como é de se esperar em São Paulo, não encontrei vaga perto e estacionei longe. Andei, parei, descansei e assim foi até concluir. As pernas fraquejaram e me apoiei no carrinho de vendedor de açaí. Comprei açaí com cupuaçu, para disfarçar. Gosto de frutas exóticas.
Um calor do cão para ajudar, um trânsito terrível...
Fui trabalhar meio a pulso e espero que amanhã já tenham resolvido pelo menos esse problema da conexão.
Nem vou falar do sinal, do terreno cheio de mato e rato, de gente folgada...
Cansei.
É isso.


                                   


domingo, 14 de setembro de 2014

Perdendo

                                 


Algum tempo atrás escrevi sobre meu cemitério particular. Volto a falar dele e volto a cavar suas terras para "enterrar" mais "falecidos".
É tanta arrogância, empáfia, nariz empinado e falta de educação mesmo... é gente tão "julgosa", como dizia mamãe.
Gente que julga e se julga. Gente que se acha melhor que o outro, que se acha mais rica, bonita, importante e mais certa que o outro.
Falei ontem sobre o falecimento da senhora tacanha e morbidamente apegada ao dinheiro; ela não levou nada daqui!
As pessoas se esquecem disso e seguem se achando a última bolacha do pacote, mas a última bolacha está quase sempre quebrada!
A vida continua e seguimos em frente e se não somos importantes e não fazemos falta para essas pessoas, para que e por que insistir?
Entrega nas mãos Deus e siga sua vida, diria mamãe.
É o que tenho feito ultimamente e muito! Depois eu que sou a antissocial, amarga, que não procuro a família, que estou assim porque não procuro Deus, que isso que aquilo. Melhor ouvir que ser surdo? Sei não...
Não sou antissocial, apenas gosto de ficar no meu canto e detesto exageros.
Não sou amarga, sou doce até demais, minha glicemia disparou essa semana, mas está tudo bem agora.
Tenho minha Fé, que é muito forte, e não preciso berrar aos ouvidos divinos, Deus não é surdo! Também não preciso, supostamente, falar em línguas que mais parecem itens de um cardápio de restaurante árabe: esfiha, kibe, tabule...
Não julgo vãs as outras fés, crenças e religiões como se a minha Fé fosse a mais certa e não acho certo quando fazem o mesmo para com minha Fé e a dos outros.
Eu fico na minha. Não sou de bate boca, de barraco e essas coisas, só me irrito quando quero ficar quieta no meu canto e lá vêm esses malditos cabos eleitorais me encher a paciência no aconchego do meu lar!
Mas é difícil, se não impossível, fazer essas pessoas entender que eu tenho o direito a ter minhas próprias escolhas, sejam elas políticas, religiosas etc... Que eu não vou mudar para satisfazer a vontade de ninguém e, assim como eu procuro respeitar as opções dos outros, que eles também respeitem as minhas!
Se eu estou assim, com a saúde não muito boa, é por conta de uma série de problemas: diabetes, hipertensão, osteoartrite sistêmica, Acromegalia... 
A solução é simples: fico na minha, "enterro" mais alguns no meu cemitério particular, não me fazem bem ou falta. Tentei, mas não deu, infelizmente.
Sigo com minha vida, sigo com minha importância desimportante, sigo com minha Fé, sigo em frente.
Não vou bajular, paparicar ou puxar o saco de ninguém só para ser aceita, o que eu duvido, e como dizia bisavó Maria Higinia, dona Gina: "Quem se abaixa demais, o rabo aparece! Quem faz de cachorro gente, fica com o rabo no dente! Engulo um boi com as pontas (chifres) e não me entalo, já um mosquito me entala!'. 
Sábia bisavó!
Tenho me entalado tanto!
A gente fica chateada e até triste, mas esses sentimentos são normais em dias de enterro.
É isso.



                                              



                                       




sábado, 13 de setembro de 2014

Todos

                             


O assunto da semana foi sobre a onda de racismo no país. Muitos pensam que o Brasil é um país livre de preconceito, não é!
Negros, nordestinos e gays são as maiores vítimas de intolerância, preconceito, raiva e muitos outros sentimentos negativos.
Outros grupos também sofrem com a ignorância dos "perfeitos" e donos da verdade, como lixeiros, por exemplo.
Assisti ao programa do jornalista Roberto Cabrini e falou-se exatamente sobre o tema. Fiquei revoltada com todos os casos e me pergunto o que passa na cabeça de um idiota que o leva a chamar um homem negro de macaco. Ridicularizar um casal só porque a moça é negra e o namorado é branco.
Fiquei revoltada também com a atitude de certas pessoas para com os lixeiros. No caso relatado, os lixeiros disseram que não são bem vistos e aceitos em restaurantes, quando vão comprar o almoço, quando precisam passar com o enorme caminhão em ruas estreitas e o mais ridículo: uma senhora de um rico bairro paulistano os viu almoçando sentados em sua nobre calçada e pediu-lhes que não deixassem resto de comida no chão para que seu totó de madame não comesse, pois poderia morrer!
Tenho visto, presenciado e me revoltado com o atendimento à pessoas mais simples, humildes e com pouca educação. Os "educados" demonstram prazer em humilhar uma pessoa sem estudo e muito humilde.
Essas pessoas preconceituosas se esquecem que um dia iremos todos para debaixo da terra? Que ninguém leva nada dessa vida? Orgulho, preconceito, riquezas, beleza... Fica tudo aqui!
Essa semana morreu uma senhora que era famosa por sua tacanheza, seu apego mórbido e doentio ao dinheiro e que adorava reclamar da vida. Estava sempre sem dinheiro, cheia de problemas, uma lástima! Mas não era bem assim.
Essa senhora tinha posses, muitas posses, mas vivia choramingando e reclamando de tudo; reclamava tanto que dava vontade de comprar uma cesta básica para ela! Cadê? Morreu essa semana e todos os bens tão chorosamente defendidos e protegidos ficarão agora para os herdeiros que se estapearão para ver quem fica com mais.
Nem apego e nem desapego demais. Aproveitar enquanto está vivo porque desse mundo, o que se leva é a vida que se leva (levou).
Respeitar os outros como eles são: negros, brancos ou de qualquer cor, porque o sangue que corre em todas as veias é vermelho!
Ponto final.
É isso.



                                     

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Desapontamento

                               


Vi reportagem sobre uma escola que apresenta problemas; os alunos fotografaram e enviaram as imagens para a emissora. 
A escola está localizada na Zona Norte da cidade e fica em um bairro próximo ao nosso e alguns professores trabalham tanto na escola onde trabalho e na mencionada na reportagem.
Os alunos reclamam de banheiros quebrados, piso da quadra de esportes com defeitos e outros... Ironicamente, quem destrói a escola são os próprios alunos, desculpem.
Além de quebrar vidros das janelas, soltar bombas dentro da escola e desrespeitar professores e outros funcionários, os alunos desperdiçam alimento. Já falei sobre isso aqui.
Fazem guerra de frutas, pisoteiam bolachas, caixinhas de suco...Em casa comem ovo e na escola desperdiçam a oportunidade de comer alimentos bons.
Bom...
A escola onde trabalho apresenta outros problemas além do habitual comportamento errático dos alunos.
- Falta pessoal para trabalhar: hoje ficamos apenas eu, o vice diretor e uma inspetora de aluno para uma escola grande como a nossa!
- Falta comunicação: ficamos sabendo sobre datas de reuniões, eventos etc...por acaso, quando alguém comenta, ou quando o fato em si já está ocorrendo. É uma situação chata, pois já ouvi pais dizendo: "Tá dentro da escola e não sabe o que está acontecendo?!". Pois é... se a comunicação existisse...
- Falta respeito e consideração em vários aspectos: Já falei uma centena de vezes sobre o sinal que está quebrado desde o início das aulas, em janeiro desse ano. Estamos há três meses de 2015!
A senhorinha da cozinha nos ajuda a bater o sinal, fazer entrada e saída de aluno e nos quebra galhos, mas nenhuma dessas funções é dela. (nem vou colocar mais ponto de exclamação!).
Já falei sobre gente que trabalha e gente que enrola. Que faz o que quer, quando quer e como quer. Que se veste de maneira inadequada para o local de trabalho; parece que vão ao baile funk ou à praia.
Gente incompetente e atrapalhada, que não faz seu trabalho como deve ser, deixa para última hora e no fim larga tudo nas mãos de outras pessoas/funcionários. Faz lambança, burrada mesmo, e depois sobra para quem pensava que estava tudo em ordem, pois confiou demais.
Gente que só reclama da vida, nunca chega no horário e sai na hora que bem entende.
Gente saudável que está em forma física muito melhor que a minha, mas que cochila na sala de leitura, que faz-se de burra para  não aprender novas atividades e não ter que trabalhar de verdade: "Não sei fazer", é o mantra desse povo. Fica fácil assim.
Eu também não sabia fazer o serviço da secretaria, mas aprendi! Oh que lindo!
Observei, perguntei, pedi para ser ensinada e pronto. Se eu, com minhas limitações físicas, trabalho "que nem uma cavala", por que essa mulherada saudável e frescurenta não aprende?
A parte complicada, como já falei, é o senta-levanta, chamar o coordenador, levar documentos para a direção assinar etc... Mas evito fazer isso e peço para alguém fazer por mim.
Os alunos não respeitam ninguém, nem mesmo quem anda com dificuldade e com o apoio de uma bengala. Eu tenho que parar para que passem e não me derrubem. Deveria ser o contrário.
Além da falta de funcionários, a escola carece de gente séria, com vergonha na cara, com sangue nos "zóio", que trabalha de verdade, que não enrola, que respeita hierarquia, que colabora e que não se faz de morta.
Está uma situação desagradável, de muita cara de pau, de muita "panelinha", de muito "mimimi".
São tantos problemas... Nem vou falar do imenso terreno cheio de mato e rato e onde poderia ser construída a biblioteca, meu sonho de consumo, e eu poderia trabalhar com o que gosto de verdade: alunos e livros.
Mas os livros, meus amados livros, estão empilhados em uma sala empoeirada. Que pena.
É isso.


                                 



                                     



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Segunda-feira

                               



O dia foi bom hoje, ao contrário do que dizem da segunda-feira.
Ganhei livros e ganhei uma caixa com doze latinhas de patê para gatos, claro.
Foi um brinde da loja onde sempre faço a "feira da gataiada". O bom dessa loja é que eles entregam o que compramos, pois eu não tenho condições físicas de carregar sacos de dez, vinte quilos ou até mais.
Se mamãe estivesse aqui, diria: "Mas tu amanhecesse com o ganhador aberto!"
Reguei as plantas; estão tão bonitas.
É isso.


                               


Bom Dia

                                   


Fez uma manhã bonita hoje. Saí para o trabalho, paro no farol e observo a beleza dos ipês amarelos; dei bom dia a eles.
Estava meio frio, mas depois esquentou. Ventos fortes e mornos anunciam chuvas. Tomara meu Deus, tomara.
Sonhei com um passarinho tão pequeno. Eu tentava protegê-lo de todos os perigos e me perguntava como e por que eram enviados problemas tão grandes a um ser tão pequeninho.
Desde criança tenho tido sonhos assim: estou protegendo crianças, bebês e animais. Sonhava também com a morte de mamãe e acordava chorando, agoniada e preocupada, mas ficava feliz ao vê-la deitada na cama ao lado. Algumas vezes levantava no meio da noite, sempre fui insone, e ia ver se mamãe estava respirando. Sempre tive a sensação de que mamãe nos deixaria muito cedo e assim foi.
Têm coisas que não dá para entender ou explicar, só sei que são assim.
Estou cansada, dolorida e sonolenta.
É isso.


                                 

sábado, 6 de setembro de 2014

Preparar

                               


Melhorei hoje, graças a Deus.
Evitei tomar mais opiáceos, que só me fazem mal, e tomei os remédios certos.
Fiquei sonolenta e me deitei para uma suposta madorna (soneca) de alguns minutos e acabei dormindo pesadamente.
Os gatos sempre ao meu lado, me olhando com ar preocupado, ronronando e pedindo carinho.
Ébano Nêgo Lindo deita-se e coloca a patinha no meu peito, parece que ele quer me proteger, dizer que está ali ao meu lado e tudo ficará bem. Lindo.
Branca Maria deita-se no travesseiro, coloca a patinha sobre minha cabeça e "diz" o mesmo. Linda.
Bellatrix, Loretta, Alice Maria, Léo... Todos naquele sobe e desce, a miar, a me olhar...
Fiquei bem, me levantei e cuidei deles.
Estava com vontade de comer bolo e fiz um pão de ló, bolo sem leite. Sinto falta das minhas coisas para preparar guloseimas: leite condensado, creme de leite, coco ralado, leite de coco, chocolate em pó e em barra...
Gosto de ficar em casa com meus gatos, cuidando das plantas, folheando meus livros, ouvindo o bom e velho Rock 'n'Roll e na cozinha preparando bolos, tortas, pudins, pavês...
Quero voltar a fazer tudo e estou com vontade de fazer a torta de banana que vi em um programa de culinária.
A situação vai melhorar e vou fazer tudo isso e muito mais. Amem.
É isso.


                                    

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Ópio

                                 


Não estou me sentindo muito bem; pressão sempre alta e dores incapacitantes nos ossos e articulações.
Precisei tomar um opiáceo, remédio à base de ópio. Só tomo remédios fortes quando as dores estão insuportáveis.
Tive dois "pirepaquezinhos" essa semana enquanto trabalhava, mas ontem foi um "pirepaquezão". 
Não me dou muito bem com remédios fortes, sempre afetam meu estômago e que causam vômitos, mas ontem foi preciso.
Não fui trabalhar hoje, não tinha condições. Ainda pensei que, se as dores amenizassem, eu levantaria cedo e seguiria minha rotina, mas levantei para tomar remédio; ainda estou mole.
Liguei para avisar que não iria ao trabalho hoje e está mais do que na hora de colocar aquela mulherada saudável, robusta e cara de pau para trabalhar! Se eu aprendi, elas também podem aprender a fazer o trabalho que faço na secretaria, oras bolas! É uma com dorzinha aqui, outra com dorzinha ali, outra com medinho e frescurinha...Pelo amor de Deus! 
E eu trabalho mesmo com toda a dificuldade advinda de minhas dores grandes e entrevantes.
Bom...
Tomei café com bolo de mandioca que minha irmã me deu; Loretta e Blue adoraram o bolo. Gataiada zóiuda!
Acho que vou para a cama e permita Deus que eu me levante melhor. Amem.
É isso.


Papoula, de onde é extraído o ópio;
                                

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sofá

                           
   

Cheguei exausta do trabalho, me deitei no sofá e adormeci.
Fazia uma tarde tão bonita.
Acordo com o toque da patinha de Branca Maria, continuei deitada com ela ao meu lado.
Levantei, cozinhei arroz e feijão, tomei muita água e depois assisti à programação infantil da TV Cultura; adoro Shaun, o Carneiro.
Minha cabeça dói.
Vou me deitar.
É isso.


                                   

Uma casa no campo

                               



Trabalhei a pulso hoje, como diria papai. Estou muito dolorida e entrevada e o jeito vai ser mesmo procurar os médicos e voltar à velha rotina de exames, remédios etc...
Trabalho na secretaria da escola e fico sozinha na parte da manhã; falta pessoal. Alguns funcionários pediram remoção para outras escolas e ninguém pediu remoção para a escola onde trabalho; está complicado.
O problema que é os colegas de trabalho confiaram a mim uma função que não é minha, mas que aprendi rapidamente. Têm gente que não sabe nem acessar o próprio e-mail! E é essa gente saudável, que anda muito bem pra lá e pra cá, que dá seus passeios pela escola, que enrola, que não sabe nem ligar o computador e fica enchendo a paciência quando o trabalho a fazer é muito. 
Tem gente que alega um problema para justificar sua impossibilidade de comparecer à escola nos horários da manhã, que chega às dez e sai às duas da tarde, que falta, que fica por isso mesmo, mas é essa mesma gente que dança, que bate os quatro cantos do mundo, que é bem esperta; até demais. E eu trabalhando com minha mobilidade reduzida e toda entrevada. Estou fazendo exatamente o contrário do que diz o laudo médico: evitar esforço repetitivo. Mas eu dei uma reduzida e chamo quem estiver por perto para abrir as gavetas pesadas do arquivo, para levar documentos para a direção assinar etc...
Não dá! Faço até mais do que minha capacidade física permite e quem está se prejudicando sou eu!
Não sei quais critérios os médicos peritos usam para negar ou conceder o benefício ao professor doente; já falei sobre isso aqui. Professores que tiram licença saúde porque estão com dor de cabeça, a pressão um pouco alta ou um simples resfriado! Aí eu vou à perícia com laudos, exames e o caramba e os médicos me olham como se eu fosse uma espertalhona que não quer trabalhar! É dose!
O professor que trabalharia comigo na sala de leitura teve um AVC (acidente vascular cerebral) e teve o benefício negado! Está recorrendo e aguardando o resultado. Ridículo! 
Por que professores com problemas sérios de saúde têm dificuldade para conseguir uma licença médica enquanto professores com um resfriadinho conseguem tão facilmente?!
Que porcaria de avaliação é essa que esses médicos peritos fazem?! Se baseiam em que, na aparência do periciado? Se for bonitinho, consegue, mas se for feinho, tá lascado.
Bom...
Eu pretendia faltar amanhã ao trabalho mas não será possível. O coordenador não virá porque tem um compromisso na DE (diretoria de ensino), esse cara trabalha de verdade, e a espertinha com supostos problemas de saúde não virá amanhã também porque tem médico. Ela tem médico quase todos os dias e nunca cumpre o horário. 
É muita proteção e muito passar de mão na cabeça e isso não é justo! Essa moça tem um leve retardamento, é infantil, mas é muito inteligente, aprende rápido e conhece muito bem a rotina da secretaria.
Na minha cabeça ninguém passa a mão.
Tive um mal estar semana passada e outro hoje; pressão desembestou e a glicemia também. Tomei muita água e esperei passar um pouco, pois não dava para dirigir desse jeito e mesmo morando no mesmo bairro da escola.
Irei amanhã, mas se não me sentir bem, voltarei para casa. Sou humana e não posso carregar o mundo nas costas, ainda mais um mundo cheio de gente esperta demais para meu gosto.
Não dá! E não sei até quando vou aguentar, mas minha saúde não está boa. Hipertensão que não baixa nunca, glicemia que sobe e desce igual a montanha russa, dores e entrevamento articulares.
Sou boa pessoa, sou profissional, respeito a todos, mas há situações em que excesso de bondade, profissionalismo e respeito nos tornam suscetíveis a espertos e expertos.
Fiz e faço minha parte: trabalho, trato a todos com educação, já falei e relatei problemas e possíveis soluções, mas me foram dados ouvidos moucos. É hábito nesse país reclamar, cruzar os braços, reclamar e nada fazer.
Cansei. 
A escola fica, os problemas ficam e se eu não me cuidar, quem não fica sou eu!
Sou de carne, osso e muitos parafusos. Sou humana, demasiado humada.
Eu quero uma casa no campo. Plantas, fores, livros e animais.
É isso.



                                  


                                      


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Limoeiro

                                 


Moramos em um pequena casa com um enorme quintal de terra. Tinha um pé de cana, tinha a pequena horta de mamãe e tinha muitas outras plantas: crótons, dália, folhagens...
Sonhei com papai e mamãe nessa casa e eles estavam ocupados em algo. Vi que no quintal tinha vários barracos de madeira, desses que as pessoas constroem para guardar ferramentas, objetos etc...
Os barracos estavam enfileirados nos dois lados do quintal e eram separados por um pequeno espaço de terra entre eles. 
Fiquei brava com papai e mamãe; por que tiraram as plantas tão bonitas que estavam ali antes?
Eles apontavam para um limoeiro pequeno, meio torto e carregado de limões. A planta estavam fincada em terra seca e dura e entre dois barracos. Eu fiquei brava de novo e dessa vez porque ninguém cuidava do pobre limoeiro.
Fui pegar água e ferramentas de jardinagem para cuidar do pé de limão e ao passo que caminhava, via mais limoeiros.
"Por que tanto barraco, mãe? É para sua felicidade, filha!", respondia papai.
É o segundo sonho com papai e mamãe em que falam sobre minha felicidade.
Parece que eles trabalham para isso lá nos campos celestiais. Papai e mamãe não param; casalzinho arretado!
A situação ainda continua periquitante, mas minha saúde é e está mais preocupante que minha situação financeira. Estou muito entrevada, com muita dificuldade para andar e com muitas dores na coluna e no joelho direito.
Papai e mamãe nasceram em Limoeiro, uma cidade de Pernambuco. 
Quero conhecer Limoeiro.
É isso.