sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ditos Populares Nossos

                                             

Somos nordestinos e mesmo há muitos anos em São Paulo ainda conservamos nossas tradições, cultura, língua etc...
Mamãe sempre manteve seu forte sotaque pernambucano, mesmo estando aqui há algumas décadas.
Um hábito nosso é usar ditos populares que usam animais como exemplo; fábulas nordestinas ficaria bem, acho eu.
Por exemplo:
Se uma pessoa não guarda segredo é chamada de "bucho de piaba". Piaba é um peixe de água doce.
Se uma pessoa come muito rápido, engole quase sem mastigar é chamada de "socó". Socó é uma ave que pesca e engole o peixe inteiro.
Se uma pessoa sente-se solitária e esquecida pelos outros, diz: "Estou igual a guaiamum, todo mundo tem um pai e eu não tenho nenhum". Guaiamum é uma espécie de caranguejo.
Outra envolvendo o crustáceo é: "Caranguejo por causa de amigo perdeu a cabeça".
Quando há uma briga ou confusão dizemos: "Bafafá e c... de boi"
Se a família tem filhos adultos preguiçosos e acomodados que não querem trabalhar, dizemos: "Quem cria filho barbado é gato", ou "Quem cria filho com cabelo no c... é cebola, e eu não sou cebola!", já disse papai muitas vezes do alto de sua santa "inguinórança".
Se a pessoa é muito boa e coloca os interesses dos outros à frente dos seus, dizemos: "Anu emprestou o rabo e ficou sem nenhum".
Um ditado que eu achava - ainda acho - machista é: "Prendam suas cabras que meus bodes estão soltos". É uma referência à moças e rapazes que despertam interesse romântico um no outro. O interessante é que os meninos podem ficam livres, mas as meninas não. Machismo puro.
Têm muitos outros. Colocarei à medida que lembrar.
É isso.

                                 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mal estar

                                               


Fui à casa da minha irmã Rosi para levar ração e água de coco. Ração para Alice e água de coco para Beatriz, respectivamente.
Tomei o forte e amargo café da minha irmã, conversei um pouco, marquei alguns pedidos no catálogo da Avon e fui embora; eu ainda ia temperar o peixe e cozinhar feijão.
Estou aguardando o farol abrir e um senhor negro (afrodescendente) aparentando estar alcoolizado oferecia doces a um real o pacote/cartela; comprei para ajudar ao simpático senhor.
Sigo em frente paro em outro farol.
Aguardo abrir e de repente tudo escurece e penso que não vai demorar a chover.
A escuridão dissipa e percebo que não era chuva e sim um mal estar repentino que me afeta; tenho suores frios, transpiro muito, minhas mãos ficam trêmulas e sinto-me muito cansada.
Paro o carro em uma rua e espero um pouco, lembro do doce comprado e como um; começo a melhorar. Ligo para minha irmã e pergunto o que tinha no café dela. Brincadeira.
Chego em casa e deito. Estou muito mole, dolorida e cansada. 
Ainda estou.
Devo ter tido uma descompensação diabética; muitas horas sem comer e o forte café contribuíram para tal.
Minha irmã disse que eu vivo fazendo bolos, sorvetes, cheesecakes... Mas eu faço porque adoro cozinhar e sempre que faço distribuo entre a família; não como tudo sozinha, não dá.
Sou normal.
Quando como algum doce, minha cunhada Preta puxa o coral: "Ete, Ete, Ete, Olha a Diabete".
Vou descansar.
Amanhã é outro dia e será melhor.
Amém.


                                            

Mulheres de Atenas... João & Maria

Ânfora Grega
                                                 
Ouvia "Mulheres de Atenas" de Chico Buarque e imaginava um grupo de mulheres vestidas em trajes típicos das deusas gregas caminhando até uma vila e carregando ânforas cheias com água e vinho e todas elas tinham antenas.
Achava que a música era "Mulheres de Antenas"
Ouvia "João e Maria" nas vozes de Chico Buarque e Nara Leão e achava estranho eles cantarem "Agora eu era o rei e o meu cavalo só falava inglês...E pela minha lei a gente era obrigada a ser feliz".
Imaginava reinos, princesas, cavalos falantes, pessoas felizes...
Cavalo falando? E ainda em inglês?!
Eu e minha rica imaginação.
Gostava da voz frágil e pequena de Nara Leão.
Gosto das composições inteligentíssimas de Chico Buarque.




Chico Buarque & Nara Leão
                                          





João e Maria - Chico Buarque e Nara Leão

Veterinária

Morena Rosa
                                              
Levei Morena Rosa à clínica veterinária.
Ela está com quase seis meses e já despertou o interesse romântico dos dois machos da casa: Ébano Nêgo Lindo e Léo Caramelo.
Conheço pessoas que não têm animais, que assumidamente não gostam de animais, mas que acham uma maldade castrar animais. Mesmo?!
Maldade é deixar a bicharada criar descontroladamente, deixá-los sofrer por fome, doenças, maus tratos etc...
É melhor um pequeno sofrimento passageiro mas que garantirá uma vida longa, saudável e sem problemas.
Eu fico preocupada, chateada, mas é o melhor para todos nós: eu e minha gataiada. 
Tenho seis gatos, agora imagina se as quatro fêmeas cruzassem e dessem cria de seis gatinhos cada uma?!
Alguém viria limpar o quintal? Trocar a areia sanitária? Comprar ração? Remédios? Ter os gastos que eu tenho? Ajudar com um pacote de ração? Com um real?
Falar é fácil, fazer é que são elas!
Expliquei à Morena Rosa que é para o bem dela e logo logo ela estará de volta e poderá deitar-se em cima de mim para nosso cochilo matinal após assistirmos ao Globo Rural.
Pedi a Deus e ao Povo lá cima que tudo transcorresse bem e que Morena Rosa fique boa. 
Mais um dia e ela voltará para casa, se Deus quiser.
Por enquanto não vou castrar os machos; o dinheiro está curto, graças a Deus.
E também acho meus machos muito mais frágeis que minhas fêmeas e além do mais, não sei se conseguiria dormir sem a pata preta, fofa, peluda, macia e gostosa de Ébano Nêgo Lindo. Ele deita-se ao meu lado e coloca a patinha em minha mão e assim adormecemos.
Amor, confiança, respeito, aconchego, lundu, chamego, 
É isso.


Ébano Nêgo Lindo
                                         

Sorvete Caseiro

Receita do sorvete caseiro feito com creme de leite:


2 potes de iogurte natural
1 lata de creme de leite
1 colher de suco de limão (ou mais, caso goste bem azedinho)
açúcar a gosto.
Misturar tudo e levar ao freezer.
Muito simples e gostoso.
É isso.




                                              

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Graças a Deus

                                             


Final de mês, dia do pagamento que demorava a chegar, as coisas acabando, mamãe coçando a cabeça e dizendo: "Está acabando tudo, graças a Deus".
Dia do pagamento, dinheiro, supermercado, compras, cozinha abastecida, graças a Deus.
Mamãe abre as embalagens, se concentra, reza, agradece por aquele alimento, pede que nossa mesa seja farta, graças a Deus.
Algumas pessoas estranhavam esse hábito de mamãe de agradecer a Deus pelas coisas que acabavam, pelas dificuldades, por tudo.
Uma vez mamãe abriu a embalagem do pó de café, despejou o conteúdo no pote e riscou o fósforo e tocou fogo no pacote vazio. Conversava, mamãe falava pelos cotovelos, preparava o café, acendia um cigarro e não percebe o plástico quente a pingar. 
Alguém teve a brilhante ideia de dizer a mamãe que queimar embalagens vazias de alimentos traziam sorte. Tá.
Mamãe seguiu o conselho mas se esqueceu de queimar a bendita embalagem em um lugar seguro e longe dos seus próprios pés!
Um pingo cai sobre seu pé e forma uma bolha com uma queimadura que demorou semanas para cicatrizar. 
Demos uma bronca em mamãe: "A senhora parece piolho, vai pela cabeça dos outros! Nunca vi isso de queimar as coisas pra dar sorte. Oxe! Cada coisa que o povo inventa! E o pior é que a senhora acredita".
Mamãe parou com o ritual piromaníaco, seu pé melhorou e ela continuou agradecendo pela tempestade e pela bonança. Graças a Deus.


                                               


                                               
                              
                                           

Carestia, Compras, Dicas e Receitas

Pinhão
                                          
Fui ao Atacadão para as compras do mês, como dizia mamãe: "Está acabando tudo, graças a Deus".
Estou no corredor dos azeites e óleos e estranho o preço caro do óleo de soja.
Vou ao corredor do leite e estranho agora o preço do leite de soja.
Estranho o preço do café, do feijão, do arroz e de outros produtos e alimentos.
Estou no corredor do leite condensado e creme de leite e vejo uma promoção do creme de leite Nestlé na embalagem de um litro; pego duas caixas e percebo uma moça a me observar. Eu sorrio e ela pergunta: "O que a senhora vai fazer com esse creme de leite?"
As pessoas me julgam por minha aparência durona-nada bonita-acromegálica, mas eu as derrubo com um sorriso. É minha arma: o sorriso.
Eu digo que vou fazer sorvete caseiro e ela pergunta como se faz, quanto rende, se fica bom, que ingredientes e todos os detalhes pertinentes à uma receita.
Estou com a lista de compra em mãos e uma caneta; rasgo a lista ao meio e passo a outra metade e a caneta para a moça anotar a receita do sorvete caseiro com creme de leite.
Ela ficou animada com a facilidade e simplicidade da receita e disse que faria quando chegasse à casa.
Um moço galego de olhos azuis, gordinho e muito simpático também entra na conversa.
Vou ao setor de frutas, verduras e legumes e vejo pinhão. Adoro.
Minha irmã Rosi não gosta de pinhão, jaca, pinha, abacaxi, banana e muitas outras coisas boas. Acho que ela é adotada ou sofre de algum distúrbio gastronômico. 
Volto ao corredor do leite para pegar leite de vaca para meus bolos, pudins e afins e um senhor reclama da carestia das coisas: "Mas tá muito caro demais! Num tá, moça?"
Esse me chamou de moça, gostei dele.
Digo: "Está sim. O senhor viu o preço do feijão e do óleo de soja? Caro demais! O Brasil produz tanta soja, eu vi no Globo Rural, e o óleo e o leite de soja são tão caros".
Termino as compras e vou à lanchonete do Atacadão; lá tem um ótimo, forte e quente café que tomo acompanhado de um pão de queijo bem grandão. Adoro!
Faço meu pedido e encontro o simpático galego gorducho que me dá dicas de como cozinhar o pinhão, que em Atibaia onde mora tem pinheiros e ele atira pedras com estilingue para derrubar os pinhões, que o pessoal do Sul assa o pinhão na brasa, mas aqui em São Paulo nós cozinhamos com água e sal, que tem um mercadão que vende produtos mais baratos, que o saco da batata custa tanto, que o guaraná tal custa tanto...
Tomo meu café, me despeço do prestativo tagarela e me direciono ao caixa que acha interessante os pacotes de ração seca e molhada para gatos. Ela me conta um causo seu sobre gatos e conversamos enquanto os produtos passam pela esteira. 
Pago as compras, coloco no carro e vou para casa.
Descarrego as compras, guardo e me canso.
Os gatos ficam alvoriçados e doidos pela ração, abro o pacote, coloco nos seus pratinhos, eles olham, cheiram, olham para mim e miam, como quem diz: "Que porcaria de ração é essa?"
Comprei uma ração básica e uma Whiskas mais os sachês de ração molhada também Whiskas.
Comeram a ração favorita.
Eles gostam de Whiskas, Cat Chow, Friskies e uma ração pastelzinho que é em forma de nuggets. 
Gataiada enjoada essa minha. É como diz meu irmão Naldão: "Do lixo pro luxo".
É isso.


                                              

Passeio

                                         


Beatriz foi a um passeio da escola; foram à uma fazendinha em Cotia, São Paulo.
Beatriz conta que tirou leite da vaca, andou de charrete, pintou um vaso de barro, passou por sobre uma ponte, almoçou, comeu tudinho e ainda fez pão. Ufa!
Foram muitas novidades excitantes, exceto pelo fato de que Beatriz já sabia fazer pão: "Eu já sei fazer pão, faço pão com minha tia".


                                         

Jornalista

                                           


Minha irmã Rosi é jornalista formada pela Universidade São Judas.
Meus sobrinhos Marcos Paulo e Demétrius eram pequenos e observavam tudo que a tia Rosi fazia, dizia, comentava...
Rosi fala sobre a formatura e Marcos Paulo pergunta: "Tia Rosi, você vai ser jornalista?"
"Vou sim, Marquito".
"Então você vai ter uma banca de jornal?"


               
                                          

terça-feira, 22 de maio de 2012

Tigela

                                             


Tigela é um utensílio culinário.
Tigela tem forma arrendondada e é usada para preparar, guardar, cozinhar ou servir alimentos.
Em inglês tigela é "bowl".
Tá. E o kiko? Kiko tenho a ver com isso?
Pois é.
O Brasil é colônia cultural americana e copiamos/imitamos o menos interessante, infelizmente.
Deveríamos copiar os hábitos de respeito ao trânsito, coleta de lixo e reciclagem, por exemplo.
Bom.
Assistia a um programa de receitas culinárias e a nada simpática chef diz que para a tal receita vai usar duas bowls de cozinha; a bowl maior e a "bowlzinha".
Palavra formada por hibridismo: quando palavras de idiomas diferentes entram para formar uma nova palavra. Bowl (inglês), zinha (sufixo diminutivo da língua portuguesa).
Vejo ofertas em lojas de utensílios domésticos que vêm no jornal de domingo: bowl de cozinha. O preço não é nada "inho" e por ser bowl de cozinha é mais carinha. Se fosse uma simples e inocente tigela seria mais barata.
Não seria mais fácil se a chef dissesse tigela e tigelinha em vez de bowl e bowlzinha?
Bom...
Vou fazer um cheesecake, talvez um marble cake e usar minha bowl de cozinha.
Afe!


                                   

Bacia e Tecido

                                            


Deveria estar na terceira ou quarta série e teríamos aula de geografia onde estudaríamos bacias hidrográficas, lençóis freáticos, rios, floresta...
Abro o livro e vejo mapas coloridos de rios, lagos, cursos d'água etc...
Fico encucada com aquilo, pois imaginava que se tratava de bacias de metal, daquelas que mamãe colocava a roupa para quarar. Achava que lençol freático era o lençol que cobria a cama e imaginava um enorme lençol cobrindo uma enorme bacia para ser quarado ao sol no meio da Floresta Amazônica!
Era cada viagem! Deveria ser efeito dos inseticidas em nossas cabeças para matar os piolhos.
Leio o livro, estudo os mapas e entendo que se tratava dos meios hídricos do Brasil. 
Tinha medo e vergonha de perguntar à professora e lá em casa também.
Na aula de ciências estudamos tecidos, formação de órgãos, sangue...
Eu olhava para a figura representando um tecido e achava aquilo muito estranho e não tinha nada a ver com os tecidos que tia Antônia costurava em sua máquina, que Mãevelha remendava, fazia barras, colocava elástico no cós. Tecido para mim era para fazer roupa, lençóis, toalhas, cortinas...
Hoje eu sei.
Ainda bem.


Tecido do corpo humano

Tecido para costura



                                               
                                   

Lagarta

A lagarta e seu casulo em meu quintal

Reparei que as folhas das minhas plantas estavam murchas e enroladas; culpei meus gatos, principalmente Léo Caramelo e Ébano Nêgo Lindo.
Eles têm a mania de sentar em cima das plantas e adubá-las naturalmente.
Estou estendendo as roupas no varal e percebo uma fila indiana de pequenas lagartas saindo das plantas e indo em direção à parede da área de serviço. Elas procuravam um cantinho seguro e aconchegante para construir o casulo e dar início à metamorfose, serão borboletas.
Fotografei um dos casulos e todos os dias observo para acompanhar a transformação.
Tenho um pequeno jardim que é visitado por abelhas, borboletas e outros insetos, o problema são meus gatos que praticam salto em distância para alcançar os inocentes bichinhos.
Observando o casulo lembrei de um livro que li quando estava na quinta-série, "O caso da borboleta Atíria", e me encantei com a metamorfose dos insetos.
Meus primeiros livros tinham animais e outros elementos da Natureza como personagens principais: O peixinho sonhador, A abelhinha feliz, Meu pé de laranja lima, O caso da borboleta Atíria, O escaravelho do Diabo, A Ilha perdida...
A maioria dos livros era da Coleção Vaga-lume da Editora Ática, assim como os livros do peixinho e da abelhinha.
Bom, tomara que do casulo da lagarta devoradora de folhas saia uma bela borboleta.
É isso.