terça-feira, 15 de outubro de 2013

Será que errei?

                              



Falava com acromegálicos brasileiros de uma página destinada a pacientes lusófonos (que falam a Língua Portuguesa).
Trocamos muitas informações e experiências e foi por meio disso tudo que consegui contato com uma médica especialista em doenças raras e conheci um paciente que é músico e toca Rock & Blues em uma banda aqui em São Paulo.
Assisti ao depoimento desse colega acromegálico, li as histórias de outras pessoas com Acromegalia e suas batalhas até terem o diagnóstico correto.
Provavelmente iremos ver esse colega tocar com sua banda em um bar; ele já havia nos convidado antes, mas eu ainda não pude ir.
Bom...
Estou verificando informações sobre o bar, como endereço, telefone, média de preços etc..., quando uma moça de um grupo de acromegálicos de Língua Inglesa puxa conversa comigo.
Até aí tudo bem, falo quase que diariamente com acromegálicos norte americanos, africanos, britânicos e geralmente falamos sobre remédios, procedimentos, sintomas e tudo o que envolve a Acromegalia. Mas de repente essa moça começa a fazer perguntas estranhas e a mostrar um comportamento estranho; eu, hein!
Ela fala sobre morte, diz que tirou o tumor e a hipófise há dois meses e que, segundo soube, quem faz esse tipo de cirurgia tem apenas nove meses de vida. Discordei dela!
Fiz a cirurgia há quatro anos, depois fiz mais duas correções de fístula liquórica e uma Radiocirurgia (Gamma-Knife) e estou bem viva, obrigada.
Ela reclamou da ubíqua falta de energia que nós acromegálicos sentimos, do cansaço, do desânimo e de outros sintomas que compartilhamos. Tudo bem até aí.
Mas percebi que ela estava fora de si, meio desesperada, ou talvez solitária ou ainda sob efeito de drogas ou álcool. Ela não me parecia nada normal.
Respondi à suas perguntas de modo educado e pedi licença. 
Achei estranho o fato de ela puxar assunto comigo, que falo outra língua e sou de outro país. Ela tem amigos mais próximos que moram no mesmo país ou estado e falam a mesma língua.
Muito estranho tudo isso.
É claro que a cada dia que passa ficamos mais velhos e obviamente ficamos mais próximos da morte, mas não do modo estranho com o qual ela falou.
Como dizem os jovens: "Me inclui fora dessa!".
Procuro ser sempre educada, compreensiva e respeitar o problema dos outros, mas ainda não tenho formação acadêmica ou elevação espiritual suficientes para lidar com esse tipo de gente ou situação.
Divido minhas experiências e histórias nesse blog e sempre que alguém me procura com dúvidas e receios eu respondo com educação, atenção e respeito, mas eu acho que essa moça gringa extrapolou.
Ou talvez eu não estivesse preparada para ajudá-la uma vez que eu mesma batalho há mais de duas semanas com a pressão alta, dores articulares e uma certa melancolia, confesso.
Acho que têm certas coisas só nossas que devem ser mantidas dentro de nós e só dividida com quem temos confiança e intimidade. Nem tudo deve ser posto e exposto na Internet.
Será que errei?


                                  


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