quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O primeiro passo

                                



"... Chove chuva, chove sem parar..."
Há uma semana que chove em São Paulo, meu Santo São Paulo.
O frio diminuiu um pouco, mas, segundo as previsões meteorológicas, voltará a esfriar mais a partir de amanhã.
Fim de semana e feriado de paulista é assim mesmo, sol de segunda à sexta e chuva e frio nos finais de semana.
Acho que é por isso que o pessoal do Rio de Janeiro, do Norte, Nordeste e Centro-Oeste é mais alegre, festeiro e animado; eles têm sol e calor o ano quase todo!
Não que paulistas e paulistanos não sejam animados, eles são sim, mas a tendência é mais para a seriedade, a pressa, o trabalho.
Paulistano corre tanto pra ficar parado no trânsito da Marginal Tietê, Radial Leste, Vinte e Três de Maio...
Isso sem contar os "busão lotado", o Metrô e o trem.
Mas eu amo essa cidade, principalmente em dias cinzentos, frios e chuvosos com o dia de hoje. 
Vai falar isso "pros mano e as mina" que estão presos no trânsito!
Mas eu tinha outro assunto em mente...
Queria falar sobre o bem que me fez e faz esse blog; o bem que faz o ato de escrever.
Sinto-me útil, viva, inteligente, apta a ajudar com o conhecimento e experiência que tenho com/sobre a Acromegalia.
Explico.
Quando comecei esse blog eu nada ou pouco sabia sobre Acromegalia e à medida que fui escrevendo e relatando minha história com a doença, fui descobrindo que, sem querer, ajudava muita gente que também tinha dúvidas como eu.
O bacana do conhecimento é o poder dividi-lo e como dizia meu amado avô Paipreto: "Não há riqueza maior no mundo do que o conhecimento".
Isso dito por um analfabeto cultíssimo que conhecia munto (muito) das coisas do mundo.
Tenho recebido muitos e-mails de pacientes e/ou parentes e amigos de pessoas que se descobrem acromegálicas mas que não sabem como reagir, o que fazer, que médicos procurar...
Respondo a todos os e-mails com prazer, divido minha experiência e meu conhecimento sobre a Acromegalia porque conheço bem a dúvida, o medo e até o desespero que o descobrir-se com essa doença pode causar.
Não é fácil não.
Recebi e-mail de um jovem que desconfia ter Acromegalia mas que tinha certa dificuldade em ser ouvido e acreditado por seu medico. Já passei por isso e sei bem como é. É uma enorme sensação de fraqueza, injustiça e impotência.
Médicos não são Deus, embora haja muitos que pensam que são.
Médicos deveriam ouvir os pacientes, prestar atenção às suas queixas, olhar os exames com atenção e não tentar bancar a Mãe Diná e simplesmente nos dizer: "Está tudo bem".
Se estivesse tudo bem por que nos submeteríamos a exames, alguns invasivos e dolorosos? Por que perderíamos nosso tempo com laboratórios, consultas e exames?
Recebi e-mail de uma moça cujo pai passará por cirurgia para remoção de tumor de hipófise na próxima segunda-feira. Ela estava apreensiva, preocupada com o pai e queria saber como a cirurgia é feita. 
Leio desabafos de mulheres que foram abandonadas pelos maridos, namorados, ficantes, Ricardões, peguetos (masculino de peguete) e afins quando souberam que elas estavam doentes.
As pessoas agem como se nunca fossem envelhecer ou ficar doentes e é nessas horas que conhecemos de verdade aqueles que nos cercam.
E foi também por meio do meu blog e da minha escrita que conheci outros acromegálicos que com suas valiosas informações me ajudaram a encontrar um tratamento mais eficaz. Ainda estou no aguardo, mas o primeiro passo foi dado e isso é o mais importante: o primeiro passo.
Acho que essa é minha missão nessa segunda chance de vida que recebi. 
Às vezes desanimo, sinto-me triste, esquecida e sem vontade para nada, mas aí lembro de tudo o que passei e digo para mim mesma: "Vamo acordar pra vida aí, mano! Tu não ganhou a segunda chance de graça não"!.
Tem que valer a pena.
E tudo começa com o primeiro passo.
É isso.





                            










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