segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Carão Acromegálico

                          


Sonhei com minha avó Mãevelha, mãe de mamãe.
Mãevelha era trazida por uma parenta nossa, uma jovem senhora hipocondríaca e neurótica.
Nossa parenta não dizia nada mas minha avó reclamava de algumas coisas e dizia que estava tudo errado. Ela tirava uns parafusos de sua sacola e os jogava sobre a cama e dizia: "Isso presta não. Carece de trocar".
Continuo indo ao consultório do ortopedista e continuo com as dores.
Hoje pela manhã sonhei com Mãevelha de novo e a encontrei sozinha em um quarto.
Ela estava sentada na cama e queria ligar a TV mas os controles estavam todos longes dela. Peguei o controle certo e reclamei, perguntei porque havia tantos controles se só um era necessário. Reclamei porque deixaram minha avó sozinha. Dei o controle para ela e me despedi. 
Iríamos em grupo a algum evento, mas quando saio do quarto de minha avó e chego ao quintal, todo mundo já havia saído. Fiquei chateada e me senti traída, pois tudo estava combinado e todos sairíamos juntos para o bendito evento.
Via os carros cheios de gente saindo e ainda tentei correr atrás para tentar sinalizar e fazê-los voltar. Todos seguiram em frente e eu fiquei só. 
Às vezes nos sentimos sós, meio largados, ignorados, esquecidos.
Às vezes nos sentimos desimportantes, desnecessários, não bem vindos, como se atrapalhássemos algo ou se fizéssemos as pessoas sentirem vergonha de nós.
Sei lá.
Procuro não fugir, não me esconder das pessoas que tanto me olham e me julgam por minha aparência acromegálica; como se isso fosse culpa minha.
Mas não é fácil e sinto como se não pertencesse àquele grupo de pessoas, lugar ou situação. Pessoas bonitas ou não, mas com rostos "normais", sem acromegalia.
Às vezes penso que é isso, que sou evitada, ignorada, esquecida devido ao meu carão acromegálico. Deve ser desagradável para os "normais" ficar diante de uma pessoa assim como eu quando podem ter o prazer de desfrutar da companhia de pessoas com seus rostos bonitos e agradáveis, ou pelo menos normais.
Posso estar errada, mas meus sentimentos, cismas e desconfianças raramente me enganaram ou enganam.
Não sou antissocial, como dizem que sou, simplesmente por querer, o carão acromegálico já diz tudo.
Lembro da música "Creep", da banda inglesa Radiohead, que define bastante o que sinto:

"But I´m a creep. I´m a weirdo
What the hell am I doing here?
I don´t belong here..."

"Eu sou uma aberração. Eu sou um esquisito.
Que diabos estou fazendo aqui?
Eu não pertenço a esse lugar"



                                    


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