quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Réstia De Sol

                                


Fim de tarde.
Observo uma luz que passeia pelos meus livros na estante e muda lenta e gradativamente de lugar até sumir por completo. É uma réstia de Sol.
Sorri e viajei de volta ao passado. 
Fim de tarde no meu Sertão pernambucano; minha avó atarefada com os afazeres da casa, meu avô Paipreto sentado no alpendre nos observando brincar, chão de terra, cheiro de chuva, tarde bonita.
Mãevelha nos manda entrar, é hora de tomar banho e se aquietar em casa, pois sair no sereno da noite pode ofender (fazer mal) e nos deixar constipados.
Exageros de vó.
Banho tomado. Olhamos pela janela o por do Sol e esperamos por mamãe que ainda não chegara do trabalho.
O Sol entra pelas frestas da casa simples e percorre um caminho dourado até desaparecer; a noite chega com os grilos cantando. 
Mamãe chega, que alegria!
Jantar pronto, nos sentamos à mesa e saboreamos cuscuz, sardinha seca assada na brasa, jerimum cozido, café.
É tudo tão simples, tão bom e tão delicioso.
Aos poucos o movimento da rua vai diminuindo e ouve-se só os ruídos da noite.
Mais um dia que se vai, mais um dia que vem e no fim da tarde a réstia de Sol passeará pelas paredes da nossa casa simples.
É isso.


                                  

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