Sempre ouvimos dizer, desde criança, que Deus sabe o que vai acontecer com as nossas vidas mesmo antes de nascermos.
Já para outras correntes religiosas, nós fazemos nossa vida e a modificamos o quanto bem entendermos, mas fiquemos atentos ao que fazemos de bom ou ruim, pois há a Lei do Retorno.
A vida faz as contas e no fim vem nos cobrar por aquilo que fazemos aos outros e a nós mesmos.
Deus, Vida, Destino, Fortuna...
Fortuna aqui não trata-se de valores materiais, dinheiro ou riqueza, mas trata-se na verdade do Destino.
Fortuna era a deusa romana da esperança e da sorte, seja ela boa ou má. A deusa carregava uma cornucópia e um timão (Vai Corinthians!), que simbolizam a distribuição de bens e o destino dos homens.
Fortuna tinha os olhos vendados, assim como a Justiça, para que não cometesse erros ou injustiças ao distribuir suas bençãos.
Deve ser por isso que uns têm tanto e outros tão pouco; sejam em termos de bens materiais, de beleza, caráter, sorte, inteligência...
Escrevo sobre o tema porque estava a conversar a sós com meus botões, e com meus gatos, e me perguntava sobre coisas que ainda não estamos prontos para entender. Ou a vida é tão complicada e a complicamos mais ainda que nos impossibilita ver e fazer o mais simples. Sei lá.
Se temos o tal do Livre Arbítrio, então isso quer dizer que temos o controle de nossas vidas e podemos vivê-la como a planejamos. Será?
Mas as coisas nem tão boas também parecem ter o tal do arbítrio e escolhem atrapalhar aquilo porque e por quem lutamos tanto e queremos tanto.
A vida é feita de escolhas; não escolhi ser pobre.
Não escolhi ser acromegálica. Não escolhi ter uma doença estúpida que me rouba aos poucos a vida e a saúde.
Têm tantas coisas que não escolhi ter ou viver, mas que parece que foram escolhidas para mim sem respeitarem meu Livre Arbítrio.
Acho que a vida é simplesmente arbitrária.
Sei lá.
Mexia na minha papelada na faculdade e encontrei textos das aulas de Língua e Literatura Latinas. Adorava as aulas de Latim.
Encontrei A Cantata Carmina Burana, musicada pelo compositor alemão Carl Orff.
A cantata fala sobre a Roda da Fortuna, que está sempre girando e trazendo boa e má sorte; como a vida humana, que está sempre mudando e tem dias bons e outros nem tanto.
Sei lá o que me deu hoje. Acho que estou ficando velha.
Carmina Burana - O Fortuna, Imperatrix Mundi
| Em Latim | Em Português |
| O Fortuna, | Ó Sorte, |
| Velut Luna | És como a Lua |
| Statu variabilis, | Mutável, |
| Semper crescis | Sempre aumentas |
| Aut decrescis; | Ou diminuis; |
| Vita detestabilis | A detestável vida |
| Nunc obdurat | Ora oprime |
| Et tunc curat | E ora cura |
| Ludo mentis aciem, | Para brincar com a mente; |
| Egestatem, | Miséria, |
| Potestatem | Poder, |
| Dissolvit ut glaciem. | Ela os funde como gelo. |
| Sors immanis | Sorte imensa |
| Et inanis, | E vazia, |
| Rota tu volubilis | Tu, roda volúvel |
| Status malus, | És má, |
| Vana salus | Vã é a felicidade |
| Semper dissolubilis, | Sempre dissolúvel, |
| Obumbrata | Nebulosa |
| Et velata | E velada |
| Michi quoque niteris; | Também a mim contagias; |
| Nunc per ludum | Agora por brincadeira |
| Dorsum nudum | O dorso nu |
| Fero tui sceleris. | Entrego à tua perversidade. |
| Sors salutis | A sorte na saúde |
| Et virtutis | E virtude |
| Michi nunc contraria | Agora me é contrária. |
| Est affectus | Dá |
| Et defectus | E tira |
| Semper in angaria. | Mantendo sempre escravizado |
| Hac in hora | Nesta hora |
| Sine mora | Sem demora |
| Corde pulsum tangite; | Tange a corda vibrante; |
| Quod per sortem | Porque a sorte |
| Sternit fortem, | Abate o forte, |
| Mecum omnes plangite! | Chorai todos comigo! |
- *** Fortuna é um falso cognato em latim para o português. Fortuna=Sorte, Fortunae=Riqueza Material.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)