segunda-feira, 18 de março de 2013

Menino Bonito

                               



Sonhei que estava em um lugar cheio de gente; havia crianças e adultos e todos num frenético vai e vem. Todos estavam muito ocupados e ninguém parava.
Reparo em um menino solitário, cabisbaixo e triste e que era ignorado por todos que passavam apressadamente por ali.
Era um menino bonito, de pele claríssima e cabelos lisos e escuros. 
Me aproximei do menino triste e bonito e o abracei bem forte. Ele me abraçou fortemente e disse, sem palavras, que me pertencia, mas eu também era culpada por não deixá-lo vir ao mundo.
Foi um turbilhão de sentimentos confusos, controversos, tristes e bonitos.
Fiquei mal por deixar aquele menino tão só, mas não podia mais trazê-lo comigo.
Acordei com a sensação de culpa, tristeza e preocupação.
Dizem os mais evoluídos que nem sempre vêm ao mundo aqueles que esperavam ter nascido e outras vezes alguns nascem mas ficam por aqui só por alguns minutos, horas, dias, meses ou anos.
Talvez esse menino me pertencesse; não como um objeto, mas como uma vida que deveria ter saído de mim, mas eu não permiti. Ou o tempo e as circunstâncias não o permitiram.
Sempre pensei em estudar, me formar e só depois de algum tempo ter filhos. Mas foi tarde demais. Quando me vejo bem, descubro a Acromegalia e já não dava mais.
Conheço acromegálicos que têm filhos, mas o tiveram antes de descobrir a doença e quando ainda eram muito jovens. Eu não queria ter filhos aos vinte e poucos anos, é cedo demais. Acredito que uma pessoa de vinte e poucos anos ainda é imatura para ser pai ou mãe. 
Vejo tantos pais e mãe jovens, irresponsáveis e imaturos que apenas têm os filhos e os largam aos cuidados dos avós.
Eu quis fazer tudo certo, mas deu tudo errado.
Esperei demais e não contei com a infame presença da Acromegalia que colocou um ponto final nos meus sonhos maternos.
Eu sempre quis uma filha, Mariana, mas queria um menino também e escolhia os nomes mais simples e bonitos para ele: Artur, Heitor, João, Francisco, José, Pedro...
Nomes simples e bonitos e sem excesso de letras dobradas e estranhas ao nosso vocabulário. Nada de nomes com K, W, Y, LL, NN, TT e por aí vai.
Mas nem Mariana nem o menino bonito, não veio ninguém.
É isso.


                                  
                   
                                


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