quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

José

                                    


Um senhor magro, de óculos, ralos cabelos brancos, roupas e jeito simples e segurando uma sacolinha plástica se aproxima do guichê: "Bom dia, gostaria de fazer a matrícula do meu filho".
Abre a sacolinha plástica e retira os documentos necessários. 
Confiro a documentação e entrego-lhe a ficha para que possa assinar; ele ajeita os óculos, segura a caneta e concentra-se por um momento no pequeno espaço destinado à assinatura.
A mão trêmula desenha lentamente as letras que compõem seu nome: José.
Fez me lembrar de papai.
É mais um José como papai. É mais um nordestino como papai. 
O jeito simples, o modo de ajeitar os óculos, os documentos levados em uma sacolinha plástica... Tudo me lembrou papai.
Deu uma saudade! Doeu uma dor boa, dessas que doem sem machucar, sabe?
Documentos entregues, assinatura feita, matrícula concluída: Está tudo certinho, o senhor pode ir.
Meu menino já pode vim pra escola hoje mesmo?
Pode sim.
O Senhor José agradeceu e partiu e eu fiquei com os olhos marejados de saudades, de lembranças, de memórias.
A gente é besta demais da conta, né não?
É isso.


                                      

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