domingo, 9 de fevereiro de 2014

Abraços

                                



Acordei cedo, como sempre, mas por ser domingo, havia menos barulho na rua. 
Não tinha o barulho dos caminhões fazendo manobras e nem os gritos dos trabalhadores que se cumprimentam, perguntam se tem café e comentam sobre o futebol, principalmente o Curinthia, claro.
Decidi ficar um pouco mais na cama e em poucos minutos estava rodeada pelos meus lindos felinos: Branca Maria, linda e charmosa; Bellatrix, sapequinha; Ébano Nêgo Lindo, manhoso, lindo e cara de pau... E a gataiada ao meu lado.
Adormeci.
Ando por corredores, subo escadas, abro portas, encontro alguns professores, converso com estudantes e me vejo em um hospital. Quero sair dali o mais rápido possível.
Levo comigo minha mala do hospital, que está aberta e eu tento pegar tudo e colocar de volta, mas a pressa de sair ou fugir dali é maior e fico meio perdida e atrapalhada.
Um médico vem falar comigo e aponta para uma sala com novos equipamentos de Radiocirurgia/Radioterapia e lá trabalha um médico já meio idoso; fico sabendo que é um cientista que pesquisa doenças raras e desenvolveu um novo tratamento. Fico brava, assustada e quero fugir.
Nos equipamentos está colada a bandeira de um país nórdico (Noruega, Dinamarca, Finlândia, Suécia e Islândia), país de origem do médico idoso.
Países frios, gélidos e por onde passei durante o coma. 
Sente-se muito frio quando se está em coma, quando passa-se por umbrais e quando faz-se a passagem dessa vida para outra. Frio, fome, medo, tristeza, solidão, abandono, frio...
Olho por uma janela quebrada e vejo uma placa de rua; estou na área dos principais hospitais: Servidor Público Estadual, Hospital São Paulo, AACD, Hospital do Rim e Hipertensão...
Eu quero sair dali!
Não quero ver nem falar com aquele médico idoso que trabalha tão compenetradamente em sua pesquisa e novos equipamentos.
Corro, subo escadas, abro portas e encontro mamãe com meu avô Paipreto; não devo ter medo. Mamãe e meu avô me abraçam demoradamente, fortemente, docemente...  É um abraço tão bom, tão protetor, tão forte, tão bonito, meu Deus.
Acordei bem e com uma sensação de paz, amor e proteção.
Agradeci e pedi a Deus que de vez em quando permita que mamãe, meu avô e meu povo antigo e querido venha me ver, me abraçar...
Mas eu fiquei encucada com o médico do país nórdico. Confesso que fiquei.
Dias melhores virão.
É isso.


                                   


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