segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Água

Açude com pouca água
                                               


Estávamos no ano de 1971, ano de muita seca.
O açude da fazenda estava secando. O gado tinha sede. Nós também.
Papai e mamãe faziam o que podiam, mas não era o suficiente.
A água era necessária para saciar a sede do gado e a nossa.
Papai andava léguas em busca de água.
Mamãe estava grávida de Naldão; Rogério e eu éramos pequenos.
Um dia não havia mais água; o açude estava seco e os potes também.
Papai e mamãe vão até a fazenda de um vizinho que ainda tinha água em seu açude e pedem um pouco do precioso líquido, mas mesmo vendo o barrigão de mamãe, ele nega a água.
Papai e mamãe voltam para casa e esperam anoitecer; eles têm um plano. 
Pegam latas vazias e caminham em direção à fazenda do vizinho; embrenham-se no mato, agachados, tentando não serem vistos. Passam por baixo de cercas de aveloz, planta cheia de espinhos.
Estão na beira do açude enchendo suas latas d'água, escutam um ruído e uma voz que grita. O ruído era um tiro, que passou de raspão por mamãe e a voz que gritava era a do dono do açude que expulsava os ladrões de sua água.
Papai e mamãe voltam para casa, amanhã seria outro dia. Tentariam de novo.
Mamãe dizia: "Nada como um dia depois do outro e uma noite no meio. Deus não há de desamparar os filhos Dele".


Aveloz
                                          

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