sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Acromegalia: Preconceito

                                                


Fui hoje cedo ao laboratório para fazer os exames pré operatórios pedidos pelo neurocirurgião. Parece que dessa vez essa bendita cirurgia vai acontecer. Amém.
Tudo vai dar certo, se Deus quiser. Tenho sempre gente boa comigo.
Eu costumava fazer meus exames no laboratório CDB na unidade Tatuapé. O laboratório foi recomendado pelo Dr. Sandro, meu endócrino.
Fiz exames nesse local durante muitos anos, mas agora não posso mais. O motivo é que "planos do tipo do da senhora não vão mais estarem sendo aceitos. A senhora deve estar procurando outros laboratórios".
Liguei para vários e foi sugerido que eu fizesse um tipo de exame em um laboratório diferente. Perguntei porque não poderia fazer tudo em um só e foi-me dito que nem todos os exames são feitos ali. Tá.
Vou à CPA (Centro de Procedimento e Apoio), uma unidade da Unimed Paulistana na Avenida Celso Garcia, Tatuapé. Lá tem o laboratório Lavoisier
Chego ao local, vejo doze guichês e apenas uma pessoa atendendo aos pacientes. Pego a senha e espero. Senha número 481. A senha que estava sendo atendida era a senha 479. A espera demorou 15 minutos.
Me pergunto: Pra quê tantos guichês se só uma ou duas pessoas trabalham? São para enfeite?
Uma ou duas trabalham enquanto as outras conversam, tomam um cafezinho, riem...E os pacientes pacientemente esperando.
Finalmente sou atendida e faço exames de sangue. Vou ao outro balcão e entrego a guia para fazer Raio X de tórax. Sou encaminhada à sala de espera e aguardo ser chamada.
Pela porta do corredor vejo se aproximar a moça da limpeza empurrando seu carrinho de trabalho. Ela para bruscamente, como se tivesse levado um susto, olha para mim, me encara, faz cara de nojo e diz: "Credo em cruz, o que é isso?!". Ela entra numa sala acompanhada por outro funcionário e diz: "Olha só pra aquilo!".
Ambos me encaram e devolvo o olhar; pergunto: "Pois não. Algum problema?"
O rapaz desviou o olhar para a faxineira como se só ela estivesse a me olhar e a dita cuja saiu da sala empurrando o carrinho enfurecidamente.
Fiz o exame e fui ao balcão de novo e perguntei quem era o responsável pelo local. A atendente me pergunta qual o motivo de eu querer saber e se tive problema com o atendimento ou com o exame. 
Não.
Expliquei o ocorrido e ela me deu um papel com o número de telefone para "estar ligando".
Disse a ela que vou fazer mais. Vou ligar, colocar nas redes sociais e no meu blog.
Já estou farta de olhares e comentários cruéis de gente que se acha perfeita e que não deve ter problemas. Se tivesse, não cuidaria da vida dos outros.
Sou Acromegálica e não pedi para ser. Aconteceu.
Vou encarar minha sexta cirurgia e me machuca muito mais o preconceito e ignorância das pessoas do que o procedimento em si. 
Para dores físicas temos remédios, tratamentos e até cura. E para o preconceito, tem remédio?


                                                

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