terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Igreja Santa Rita de Cássia e os pães

                                            


Quando chegamos a São Paulo moramos por um mês na casa do tio Manoel Gomes, irmão de mamãe, e depois nos mudamos para nosso bairro.
Éramos vizinhos da Igreja Santa Rita, que na época estava em construção ou reforma; não sei dizer exatamente. 
Sei dizer que brinquei muito debaixo da igreja e sobre os montes de areia da construção.
Lembro que o piso da igreja ficava a mais ou menos meio metro do chão e as pessoas passavam por uma rampa para poderem entrar no recinto.
Hoje está tudo nivelado com a rua, mas naquela época o bairro sofria com as enchentes e a igreja está sobre um terreno que outrora fora charco e área de muitas chácaras, por isso a altura entre o chão e o piso da igreja.
Mãevelha e eu íamos sempre às missas e ela gostava de levar suas flores para o altar. 
Íamos sempre à missas dominicais, mas na época da Páscoa íamos a todas as missas que tivessem durante o dia. O motivo era a distribuição de pães.
Havia cestos de vime cheios de pães e o padre os abençoava e no fim da missa os distribuía às pessoas presentes.
Morávamos num barraco simples e muitas vezes esperávamos mamãe voltar do trabalho para sabermos o que iríamos jantar. Mamãe sempre dava um jeito; pedia emprestado a um vizinho ou a algum parente que morasse próximo.
Voltávamos com os pães para casa e papai ainda brincava: "E vocês vão pra missa de novo é? Vão ver o padre ou vão buscar pão?"
Mãevelha, sempre muito séria e religiosa, não gostava dos comentários engraçadinhos de papai e o recriminava: "O Dedé, tu deixe de graça, visse? E tu bem que come do pão, num é? Me arrespeite, homi".
E os pães da Igreja Santa Rita aliviaram nossa fome muitas vezes, graças a Deus.


                                           





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)