terça-feira, 1 de julho de 2014

Quartinha

                                   


Estava uma tarde tão bonita e ensolarada, mas agora esfriou bastante.
Como diz minha irmã Rosi, os gatos são termômetros precisos e, se ficam quietinhos e procuram um cantinho quente para ficar, é porque está frio mesmo.
Minha gataiada está espalhada pela casa e alguns ao meu lado e atrás de mim, deitados no encosto do sofá e apoiando os corpinhos peludos nas minhas costas. São folgados e gostam do quentinho.
Falei agora a pouco com minha tia Dolores, saudades!
Tia Dolores tem a voz e o tipo físico igualzinho ao de mamãe e quando ela fala "Oi, filha", até dá um baque no coração, como diz tia Antônia. Haja coração!
Terminei de falar com a tia e me abateu uma saudade mesclada com melancolia... Por que as coisas não são como a gente quer?
Por que mamãe teve que ir tão cedo e tão repentinamente?
Por que perdi minha saúde?
Por que não sou como antes? Eu fazia tanta coisa e tinha pique para muito mais.
Hoje ando com auxílio de uma bengala e têm épocas que entrevo bastante e preciso de ajuda para levantar, andar... 
Saudades do tempo em que fazia minha caminhadas aos fins da tarde, era tão bom, tão bucólico, tão bonito.
Têm horas que me revolto, fico brava e até xingo sozinha. Quero levantar para atender ao telefone e/ou a campainha, mas até chegar lá, a pessoa já desligou ou foi embora.
Já falei para família e conhecidos que quando for assim, liga em seguida ou aguarda mais um pouco na calçada que eu vou atendê-los. O percurso do quintal até o telefone na sala ou até a porta para ver quem toca a campainha equivale a uma curta maratona para mim. Chego ofegante e não encontro mais ninguém.
Sou ágil, lépida e fagueira como uma tartaruga manca.
Mas tem gente que parece não entender; não tem paciência e vai embora logo em seguida e depois reclama que não me achou em casa ou que não atendi ao telefone. Se a pessoa esperasse um pouco mais...
O tempo passou rápido hoje. Não saí de casa, mas resolvi bastante coisa pelo telefone, que está uma porcaria, diga-se de passagem. A telefonia nesse país está muito fraca e falha e não pagamos nada barato pelos serviços porcamente prestados.
Vou tirar a roupa do varal, parece que vai chover. E permita Deus que chova mesmo, estamos precisando de chuva, de água.
Estamos recebendo água do "volume morto" e é uma água escura, espumante, estranha. Nem coloquei essa água esquisita para meus gatos, coloquei água da moringa, que no Nordeste chamamos de "quartinha".
Acabou meu amaranto e hoje vou fazer mingau de aveia.
É isso.


                                   



                                      


                                      


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