quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Gato, Promessa e Chororô

                                                    

Léo Caramelo tem as patas traseiras deformadas e mal suportam o peso do corpo quando ele tenta pular, mas ele tenta mesmo assim.
Os outros gatos pulam o muro, sobem no telhado e voltam depois, numa boa. 
Léo Caramelo quer ser igual aos outros gatos "normais".
Madrugada de sexta para sábado, levanto para ir ao banheiro e estranho a ausência de Léo, que não me acompanha como os outros. Penso que deva estar dormindo em cima das plantas, como gosta.
Manhã de sábado e nada de Léo aparecer, começo a me preocupar e ouço miados desesperados. 
Chamo o gato e ouço seu miado pedindo socorro; ele caiu no quintal de uma casa vazia com um muro altíssimo. E agora, minha Nossa Senhora?!
Ligo para os Bombeiros e ouço o seguinte: "Não fazemos esse tipo de resgate, senhora. A senhora deveria tomar mais cuidado e evitar que isso acontecesse".
Quis me virar no Jiraya, mas me segurei e educadamente disse: "Bom, meu caro bombeiro, o gato também é uma vida e eu não posso controlar os instintos animais. Como vou proibir um gato de subir em um muro?! Obrigada por sua ajuda. Bom dia".
Fio duma égua manca!
Andei pela vizinhança próxima e perguntei se haviam visto um gato claro, de olhos azuis, pernas tortas, rabinho curto e carinha de leão.
Pedi ajuda aos vizinhos mais próximos e um deles emprestou sua escada e os outros dois subiram para ver do outro lado do muro, mas o gato não estava no quintal. Desespero.
O vizinho chamou o cunhado para tentarem pular o muro e resgatar Léo, mas o cunhado dizia que o gato não estava na casa, que o muro era muito alto, que isso, que aquilo. 
Me estressei: "O  gato está sim!".
Tá não tá e nessa anoitece. Meu Deus, meu gato.
Chorei, me desesperei, me senti culpada, fiz promessas, pedi.
O miado continuava cada vez mais forte, desesperado, angustiado, agoniado. Era um pedido de socorro.
Meu Deus, proteja meu gato.
Não deixe o bichinho passar frio, não deixe o bichinho enfraquecer, não deixe o bichinho morrer. Deixe não! 
Estava preocupada com o miado cansado e agoniado do bichano.
Joguei ração por cima do muro e chorei, chorei, chorei.
Estou tão chorona, ando tão chorona. Será a idade? A Acromegalia? 
Não. 
Acho que sou bundona mesmo.
E que não fosse meu gato, mesmo que fosse qualquer animal de qualquer pessoa, eu me desesperaria. Ouvir o sofrimento do pobre animal e não poder fazer nada é desesperador e pedir ajuda aos Bombeiros e tê-la negada é de deixar o cabra arretado!
Vou pedir ajuda aos vizinhos... E se eles se negarem?
Chororô, desespero, promessa, orações, pedidos.
Manhã de domingo e o vizinho que não acorda. Já é quase meio dia!
Chamei o vizinho e me desculpei por tê-lo tirado de seu sono de beleza, mas era uma emergência. 
O vizinho pega a escada e sobe no muro com a ajuda do outro vizinho; pula para o quintal e diz: "O gato tá aqui não".
"Tá sim! Procure direito!"
Enquanto isso uma vizinha futriqueira observa toda a movimentação e pergunta: "O que vocês estão fazendo aí na casa?"
"Viemos pegar o gato".
Eu havia ligado para a dona da casa e pedido autorização para a invasão especial.
O gato se escondera dentro da pia da cozinha e quando o vizinho abriu a porta assustou-se com  gato e o gato com ele, foi tragicômico.
O gato é resgatado são e salvo, graças a Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, Nosso Senhor do Bonfim e a todo o Povo Lá de Cima. Amém.
Choro de alívio, agradeço aos simpáticos e prestativos vizinhos e por mim podem até tocar MPB, SertanojoTecnobrega o quando quiserem!
Entro em casa e Léo Caramelo toma água e come ração; perdeu peso e ficou desidratado.
Vou ao meu quarto onde estão minhas imagens de meus santos e orixás favoritos e rezo e agradeço. Respeito a todas as pessoas e às suas fés, crenças e religiões, então respeitem a minha. Obrigada.
Agradeci em oração e em pensamento.
Agradeci em lágrimas de alívio e alegria.
Prometi um bolo de chocolate para as crianças e fiz. Não ficou tão bom porque foi feito em cima da hora e de improviso, eu não tinha todos os ingredientes necessários. Mas vou ao supermercado e farei compras e comprarei os ingredientes para fazer um delicioso bolo de chocolate cremoso, molhadinho e fofinho como as crianças gostam.
Meu Deus, perdoa-me em minha loucura, em meu desespero. Eu sei que tem tanta gente carente e em situações tão difíceis, mas perdoa-me mesmo assim...
Porque metade de mim é amor e a outra metade também.

                                              

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