domingo, 19 de agosto de 2012

Doença

                                         

Não estou bem.
Meus ombros pesam, a dor invade.
Revolta. Fúria.
E não estou falando sobre o time da Espanha.
A fúria é minha, só minha, toda minha.
Turbilhão, revolta, rebelião. Que @#$%*! de doença é essa?!
Entendo e aceito essa porcaria de doença besta 99.99% do tempo, mas os 00.01% às vezes transformam-se em cem por cento!
Olhares e comentários. Sempre eles.
Saíamos da Bienal do Livro e nos dirigimos ao restaurante para almoçar, mas antes passei no posto para abastecer. Abasteci e na hora de pagar com o cartão de débito o sistema havia caído. 
Nos Estados Unidos a pessoa para o carro próximo à bomba e de lá vai até o caixa e paga pela quantia desejada; o caixa libera a bomba já programada com o valor desejado. Mais prático e seguro.
Aqui não. Depois que se abastece é que se paga. E se não tiver sistema, como foi o que aconteceu ontem? E se o motorista fugir após ter abastecido o carro e ter recebido a chave do frentista? Prejuízo na certa.
Mas sou cliente desse posto há muito tempo e o jeito foi deixar para eu voltar mais tarde com o dinheiro. Voltei e paguei. Agradeci pela confiança.
Chegamos ao restaurante e fui ao banheiro para lavar as mãos, uma menininha olha para mim e pergunta para a mãe: "É mulher ou homem?"
A mãe tentou disfarçar, mas a menina continuava falando. Crianças não têm freios, falam o que pensam, o que sentem, o que veem. Muitas falam por inocência, sem maldade.
Mas têm umas tagarelas, mal criadas... Mamãe dizia: "Menino (criança) é que nem c... pra fazer vergonha".
A mãe pediu desculpas mas eu disse que tudo bem, que tenho a doença do crescimento e por isso tenho essa aparência andrógena. 
Sou sempre muito educada, quase sempre, 99.99% do tempo. 
Tem gente que abusa, que olha mesmo e que ri. Hoje mesmo fizeram isso. Um grupo de jovens abestados queriam se exibir uns para os outros e riram alto, gargalharam forçadamente. Falaram palavrões para se referir a mim. 
Ignorei. Não vou me rebaixar ao nível de pessoas ignorantes, estúpidas, tacanhas.
Quando a pessoa permite, eu explico porque tenho essa aparência e a pessoa diz, na maioria das vezes, que vai pesquisar mais sobre o assunto e que nunca ouviu falar sobre a doença: Acromegalia.
Tem hora que até acho chique a denominação dessa porcaria de doença besta: doença rara que acomete cerca de cinquenta pessoas por milhão de habitantes.
Bom, se fui acometida pela Acromegalia, estou entre as cinquenta pessoas "sortudas" entre esse um milhão e isso significa, penso eu, que minhas chances de ganhar na Mega Sena são ainda maiores!
Na boa, a vida é feita de escolhas e eu não escolhi ser pobre. Beleza?
Mas eu estava falando sobre revolta, fúria, raiva... Mas eu também procuro fazer graça, procuro evitar que sentimentos ruins dominem totalmente. São fases, as benditas fases de revolta.
Sou humana, demasiado humana, p#@!%¨&*!!!
Não sou celebridade, não gosto de ser olhada como se fosse uma espécie rara, um animal exótico, uma coisa estranha. Não sou coisa, não sou rara, sou apenas humana.
Me sinto tão só.
É isso.

                                  

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